Economia

Fazenda do Longa quer ser a maior fornecedora de arroz no país

Carlos Paulino | Longa

Jornalista

A empresa ALCAAL-Angola já investiu mais de um milhão de dólares desde 2021 que assumiu a gestão da Fazenda Agro-industrial do Longa, no quadro do Programa de Privatizações (PROPRIV) e considera positivo os resultados alcançados até agora são animadores, para tornar o empreendimento num dos maiores fornecedores de arroz no país.

22/09/2023  Última atualização 07H30
Empresa Alcaal-Angola no Cuando Cubango © Fotografia por: Carlos Paulino | Edições Novembro
O único activo do Estado privatizado na província do Cuando Cubango, está localizado na comuna do Longa, município do Cuito Cuanavale, a 87 quilómetros da cidade de Menongue e esteve paralisado há mais de três anos.

O responsável da Fazenda Longa, Tomás Barroso explicou que os valores até agora investidos foram utilizados principalmente para compra de peças de reposição de máquinas agrícolas, produtos agroquímicos para correcção dos solos, sementes e fertilizantes.

Acrescentou que os mais de um milhão de dólares serviu também para pagamentos de salários dos 22 funcionários, dos quais 19 angolanos e três argentinos, assim como de 200 funcionários eventuais e para a compra de combustível, alimentação, entre outros gastos.

Tomás Barroso disse que a empresa ALCAAL-Angola recebeu a Fazenda Agro-industrial do Longa com maior parte dos equipamentos avariados ou em mau estado de conservação, com realce para tractores e respectivas alfaias agrícolas, máquinas semeadoras e colhedoras, pivôs de irrigação e camiões basculantes.

Fez saber que os três anos que a fazenda ficou paralisada boa parte dos equipamentos foram vandalizados e outros estragaram devido o tempo que ficaram sem serem usados. Destacou que a fábrica de processamento de arroz, com um forno de secagem, máquinas de descasque e embalagem, bem como os três silos com capacidade para armazenar nove toneladas foram os únicos equipamentos que desde a inauguração em 2014 funcionam com normalidade.

Passados dois anos desde que ALCAAL-Angola assumiu a gestão da Fazenda Agro-industrial do Longa muita coisa mudou, tendo em vista que foi recuperado muitos equipamentos outrora avariados e que, actualmente, estão a permitir desbravar a terra, semear, regar e colher o arroz. O imponente empreendimento que custou aos cofres do Estado cerca de 76 milhões de dólares, voltou a produzir arroz em grande escala e na campanha agrícola 2022/2023 a empresa ALCAAL-Angola teve a primeira colheita de mais de 1.100 toneladas deste cereal limpo que foram embalados em sacos de 25 quilos.

A reportagem do Jornal de Angola apurou que com esta produção experimental de arroz, a empresa ALCAAL-Angola conseguiu arrecadar mais de 300 milhões de kwanzas com a venda de sacos de arroz de 25 quilogramas a 9 mil kwanzas aos empresários das províncias do Cuando Cubango, Luanda e Huíla.

Nos principais estabelecimentos comerciais da comuna do Longa e da cidade de Menongue, o saco de arroz de 25 quilogramas foi comercializado a 11 mil kwanzas e devido à procura o produto no mercado local esgotou em menos de três meses. 

A primeira safra de mais 1.100 toneladas permitiu ainda prestar uma doação de 60 toneladas ao governo da província para apoiar as famílias que foram afectadas pela estiagem nos nove municípios que compõem o Cuando Cubango.

Tomás Barroso afirmou que o balanço é 100 por cento positivo desde que assumiram o empreendimento, uma vez que foram alcançados os objectivos definidos de plantação, colheita, processamento e comercialização do arroz.



Maior fábrica de processamento de arroz

O engenheiro agrónomo Tomás Barroso assegurou que ALCAAL-Angola está convencida de que o investimento feito na Fazenda Agro-industrial do Longa dará frutos significativos, visto que o empreendimento possui a maior fábrica de processamento de arroz do país.

Implantada numa área de 10 mil hectares, a Fazenda do Longa conta uma unidade fabril para o processamento de 150 toneladas de arroz por dia, ou seja, desde a secagem, descasque e embalagem, assim como três silos com capacidade de armazenar cada três mil toneladas deste cereal.

Garantiu que o grande potencial da Fazenda Agro-industrial do Longa vai permitir que no futuro a sua instituição seja seguramente um dos principais fornecedores de arroz em Angola.

"Hoje, podemos dizer que a Fazenda Longa tem uma produção em grande escala, pois cultivámos na campanha passada uma área de 600 hectares, que já são valores representativos e para esta época agrícola a produção prevê aumentar numa área de 800 hectares”, disse.

Apontou que um dos principais ganhos até ao momento foi a identificação das duas variedades de arroz do Brasil e da China que têm melhor desempenho na área de produção na comuna do Longa, assim como formar e capacitar pessoal local para atender as diversas tarefas do empreendimento.

Sublinhou que as principais preocupações prendem-se com investimentos em máquinas, para tornar mais eficiente as tarefas que a cultura de arroz exige, com destaque para a aquisição de tractores, semeadoras e pulverizadores.

Principal aposta

A principal aposta da ALCAAL-Angola é conseguir produzir 100 por cento dos 1.500 hectares que abrangem o projecto, bem como a recuperação dos equipamentos de irrigação para atingir o máximo potencial de rendimento com o arroz.

"Neste momento, não conseguimos trabalhar os 1.500 hectares de área de produção que contemplam a Fazenda Agro-industrial do Longa, por questões operacionais, mas todos os esforços estão a ser envidados para que nos próximos anos possamos cultivar o arroz em toda a zona do projecto”, disse.

Para a presente época agrícola 2023/2024 está previsto o cultivo de uma área de 800 hectares, contra os 600 hectares da campanha passada, caso as condições de trabalho permitam, tendo em vista que muitos equipamentos para desbravar a terra se encontram avariados.

Explicou que neste momento estão a preparar todo o terreno para iniciar no próximo mês com o plantio do arroz, uma vez que já foi finalizada a aplicação de calcário para correcção da acidez dos solos. Anunciou que para a campanha agrícola 2023/2024, cujas sementeiras estão previstas a partir do dia 1 de Setembro, 80 por cento das sementes de arroz serão da variedade Esmeralda do Brasil, por se adaptar bem ao clima e terreno da comuna do Longa.

Tomás Barroso recordou que na campanha agrícola 2022/2023 foi feito um investimento de cerca de 600 mil dólares com um número total de colaboradores permanentes de 22, sendo 19 angolanos e três argentinos. Bem como, foram contratados por dois meses 100 trabalhadores temporários das diferentes aldeias ao redor da fazenda, para capinar a área de produção.

Financiamento do Planagrão

Tomás Barroso disse que neste momento estão bem avançados os processos para que a Fazenda Agro-industrial do Longa possa beneficiar do financiamento do Executivo angolano, no quadro do Planagrão.

O engenheiro agrónomo fez saber que com o referido financiamento a empresa ALCAAL-Angola pretende investir exclusivamente na aquisição de máquinas, mais especificamente a tractores, semeadoras e pulverizadores.

Segundo Tomás Barroso, a sua empresa pretende ainda implementar outros projectos de fomento de produção de hortícolas que actualmente estão em fase experimental e também de criação de porcos, cabritos e galinhas. Anunciou que a ALCAAL-Angola está a trabalhar numa etapa de diagnóstico com uma equipa do Programa Alimentação Mundial (PAM), para a implementação de um projecto de agricultura familiar que terá a duração de dois anos e que vai abranger diversas áreas do Longa.

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