Cultura

Farristas rendem homenagem ao “Rei” Elias dya Kimuezo

Aos 87anos, o “Rei” da música angolana, Elias dya Kimuezo, mereceu uma homenagem durante o projecto musical "Um Semba em Cada Canto", realizado, no sábado, na Galeria do Semba, localizado no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, em Luanda.

13/03/2023  Última atualização 09H20
Rei da música angolana (ao centro) brindou os convivas com dois temas do seu reportório, sábado, no espectáculo “Farra de Rua” © Fotografia por: DR

De forma espontânea, o público colocou-se em pé e em uníssono aplaudiu durante minutos o "Rei Elias”, que mesmo com pouca mobilidade física se sentiu envolvido no conceito do espectáculo "Farra de Rua”, para interpretar dois temas.

Colegas, familiares, amigos, diante de um painel de convidados do programa radiofónico "Viagem ao Passado”, conduzido pelo jornalista Afonso Quintas e tendo como co-piloto Man Garras, todas as atenções recaíram para Elias dya Kimuezo.

Nascido a 2 de Janeiro de 1936, numa pequena casa junto da antiga Praça do Xamavo, no Bairro Sambizanga, em Luanda, Elias dya Kimuezo começou a carreira musical em 1950, no grupo "Ginásio”, como compositor.

Se a derrota do Petro de Luanda por 0-2 diante da equipa marroquina do Wydad de Casablanca, em pleno Estádio 11 de Novembro, caiu como um balde de água fria para os adeptos tricolores, o mesmo não aconteceu com a Banda Duia, que levantou os ânimos dos "farristas” que assistiam ao jogo. "Uma viagem ao passado” pelo semba, especialmente foi o que se constatou. Embutidos no espírito do projecto cultural da Galeria do Semba, "Há um semba em cada canto”, a Banda Duia transportou o espectáculo do último fim-de-semana num palco de recordações. A banda mostrou criatividade, versatilidade e habilidades únicas, ao fazer uma rapsódia de sembas e boleros. As músicas brasileiras e latinas também tiveram o seu enquadramento no alinhamento do espectáculo.

A família Duia tem apostado em dar continuidade ao legado artístico do pai, com actuações regulares no projecto "Galeria do Semba”, que regressou depois de um interregno de dois meses para balanço.

A banda revisou canções do conjunto "Os Gingas”, com destaque para os temas "Lamento” e "Nga José” ou "Ngazuze” do malogrado solista Eduardo Adolfo "Duia”, falecido em 2016.

Durante a actuação da banda formada pelos Irmãos Duias: Pirica (guitarra), Bebé (bateria), Jandaia (viola baixo) e Mara (cavaquinho), o público teve a felicidade de poder recordar o que de melhor se fez no antigamente em termos de produção musical angolana.

O palco tem sido montado mesmo na rua, defronte à entrada da Galeria do Semba, para criar proximidade com o público.

"O pai da guitarra”

De acordo com o solista Dikambu, foi com mérito que a Banda Duia reproduziu, de forma brilhante, o que se fazia no passado. Dikambu, que interpretou o tema "Kibela”, uma canção de repúdio ao colono português, considerou o falecido Duia como "O Pai das guitarras”, que na década de 1960 já tinha uma forma peculiar de tocar, fruto das influências da escola congolesa e latino- americana.

Para o "Rei Elias”, o mo-mento foi de partilhar co-nhecimento com as novas gerações e deixar um legado. O músico e percussionista Raul Tulingas ressaltou o facto de o projecto poder agregar elementos novos na forma de fazer espectáculos. Pode ser o princípio do regresso aos "Kutonokas”.

Para Cirineu Bastos, o momento serviu não apenas para mostrar que o legado está a ser passado, mas para a valorização do próprio semba.

Bebé Duia e Lolito, este último filho de Lulas da Paixão, defenderam uma maior aposta nos estilos nacionais e que o intercâmbio entre gerações é salutar para a valorização da cultura nacional.

Dj Mania, promotor do projecto "Há um semba em cada canto”, disse que este ano o objectivo é continuar criar conceitos de espectáculos ao ar livre a custo zero para promover a interacção com um público com poucos  recursos financeiros.

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