O continente africano é marcado por um passado colonial e lutas pela independência, enfrenta, desde o final do século passado e princípio do século XXI, processos de transições políticas e democráticas, muitas vezes, marcados por instabilidades, golpes de Estado, eleições contestadas, regimes autoritários e corrupção. Este artigo é, em grande parte, extracto de uma subsecção do livro “Os Desafios de África no Século XXI – Um continente que procura se reencontrar, de autoria de Osvaldo Mboco.
A onda de contestação sem precedentes que algumas potências ocidentais enfrentam em África, traduzida em mudanças político-constitucionais, legais, por via de eleições democráticas, como as sucedidas no Senegal, e ilegais, como as ocorridas no Níger e Mali, apenas para mencionar estes países, acompanhadas do despertar da população para colocar fim às relações económicas desiguais, que configuram espécie de neocolonialismo, auguram o fim de um período e o início de outro.
Fragilidades no controlo de remédios, designadamente analgésicos e os utilizados para o paludismo, permitem, entre nós, que criminosos enriqueçam à custa de vidas humanas a maior riqueza de um povo, não esqueçamos.
O tema não é novo. Ainda há poucos anos andou nas "bocas do mundo” tal o descaramento dos componentes da cadeia de negociantes, com elos que incluem importadores e vendedores de toda a espécie, desde proprietários de farmácias legais, daquelas outras apenas de fachada e de rua.
A par, neste último caso, com a mesma cobertura, também ela condenável, das inefáveis kinguilas, de pernas traçadas, unhas pintadas, em círculos restritos a elas próprias, imunes à repressão policial. Por isso mesmo, "nada de misturas” com vendedoras de fruta, jinguba, castanha de caju, paracuca, alimentos dos sem ganhos para restaurantes.
Os negociantes de vidas humanas atingiram o auge no "tempo das vacas gordas”, quando a nossa sociedade foi, de maneira acintosa, dividida em castas: as dos "todo poderosos” e as dos outros. Foi quando o erário passou a ser cofre privado de minorias seleccionadas, responsáveis por aquilo que Angola já devia ser, mas continua sem ser.
A arrogância, própria do novo-riquismo, levou os componentes daquelas seitas de pequeno burgueses impreparados a julgarem-se imunes às leis constitucionalmente consagradas, o que os levou, enquanto estiveram na mó de cima, a servirem-se de todos os meios para "encher os bolsos sem fundo”. Era "a grande farra”, com custos incomensuráveis para a maioria dos angolanos.
O sector da Saúde foi dos mais afectados pela rapina. Descrever o estado em que ficou é escusado. Calamitoso é o mínimo que se pode dizer. As marcas continuam nos corpos e mentes de muitas famílias angolanas. Dores e raivas desta índole são constantes. Jamais apagadas, mesmo que, momentaneamente, as causas sejam secundarizadas por outras tragédias. Como foi, por exemplo, o surgimento da Covd-19 que fustigou o mundo. Angola não fugiu à regra. Para surpresa, inclusive de países mais desenvolvidos do que o nosso, foi dos menos afectados devido a medidas tomadas antes das infecções chegarem a nós.
A pergunta que se impõe é quantas vítimas, incluindo mortais, tinham sido evitadas devido à Covid-19 - e pelo paludismo, que continua a ser a maior causa da morte de angolanos - não fosse o estado do nosso sector da saúde que continua, ainda hoje, sujeito à ganância de uns quantos. Não tão poucos como se possa imaginar.
O alerta deixado, recentemente, pela directora da Agência de Regulação de Medicamentos comprova aquela sede insaciável pela riqueza a qualquer custo, inclusive, da vida humana.
Katiza Mangueira foi clara ao mencionar analgésicos e medicamentos para o paludismo como os mais adulterados devido, sublinhou, "a fragilidades no controlo” e haver "alguns agentes” permissíveis.
Por que o fez agora? Por ter aumentado o número dos que são capazes de tudo por "dinheiro fácil”, mesmo pondo em risco vidas humanas? Por, mantendo-se, entre nós, o perigo de outras doenças mortais, como a Covid-19, embora mais controladas, não nos podemos esquecer que o paludismo continua a ser a doença que mais óbitos causa entre nós? Talvez todas juntas e outras tantas sejam a resposta.
O aviso por quem o devia fazer está feito. Devemos todos - excepção, naturalmente, aos traficantes de vidas humanos cerrar fileiras, não para começarmos a ver fantasmas por todo o lado, mas conscientes de continuarem por cá muitos "lobos vestidos com pele de cordeiro” . Não se lhes facilite a vida, para não termos, outra vez, raposas a guardar capoeiras.
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