Cultura

Falta de salas de espectáculos atrasa o crescimento do teatro

Mário Cohen

Jornalista

A falta de salas de espectáculos e políticas dirigidas para o teatro são os principais problemas que atrasam o desenvolvimento das artes cénicas no país, defenderam, quinta-feira, na ex-Liga Africana, em Luanda, alguns produtores e especialistas em teatro.

18/03/2023  Última atualização 08H50
© Fotografia por: DR

Esse posicionamento foi defendido por Valdano Lukizaia, actor do Horizonte Njinga Mbande, Celina Coiluna Lemba, mentora do projecto Kids Talent Awards e fundadora do grupo Ekuiki e Sofia Alberto Buco, directora da escolinha de Teatro Buco, no lançamento do novo projecto de teatro da companhia de Artes Sol, denominado "Pirâmide D’Arte”, que analisaram o tema "A Produção Teatral e os Desafios da Nova Era”.

Para Valdano Lukizaia, o teatro no país ainda não tem uma saúde saudável, porque  "ainda estamos estáticos por não temos industrias e não há política para desenvolver o teatro como arte”, disse.

O actor disse que a primeira edição do projecto "Pirâmide D’Arte - um espaço de conversa e debate sobre conceitos e prática de arte e cultura” analisou o estado actual do teatro. "Eu sou actor do grupo Njinga Mbande, que tem uma sala própria. Vão um dia assistir um espectáculo no Horizonte e verão que estamos em crise porque o número de espectadores deixa muito a desejar”.

Para o actor, isto tem muito a ver com a inexistência de salas de espectáculos no país e a falta de interesse das pessoas de direito em dar vida ao teatro, bem como também não dão valor às artes cénicas, à semelhança da importância que dão as outras artes.

Muitos grupos de teatro no país, disse, vão realizando os seus espectáculos como podem, em salas improvisadas e sem condições para a encenação, acrescentando que outros colectivos de arte investem muito e não vejam o retorno do investimento feito, o que tornam frustrante para muitos grupos.

Já Celina Coluna Lemba, outra convidada ao debate, afirmou que nos anos 1980 a produção de teatro era muito limitada, devido o contexto do conflito armando, que o país vivia, e os poucos recursos financeiros e a falta de conteúdos para produzir-se peças de teatro com qualidade.

Hoje, afirmou, há um cuidado dos encenadores, produtores, elenco artístico e equipa técnica em trabalharem arduamente para produzirem bons espectáculos de teatro.

Para a fundadora do grupo Ekuiki, a pré-produção a nível dos grupos é a parte mais difícil por se tratar de um trabalhar onde deve ser feito as correcções, antes da estreia da peça.

A actriz, técnica de actuações e apresentadora de TV, Sofia Alberto Buco, apesar de reconhecer os problemas que afligem os fazedores de teatro no país, disse que já se vê um franco progresso nas produções de espectáculos cénicas, o que quer dizer que mesmo com muitas dificuldades, os grupos trabalham na busca da qualidade dos espectáculos.

Para Sofia Alberto Buco, antes no país havia uma quantidade de grupos e pouca qualidade nos espectáculos, fazendo com que muitas agremiações  se extinguissem por falta de criatividade artística.

 

Mentora do projecto

Sofia Solange, mentora do projecto "Pirâmide D’Arte - um espaço de conversa e debate sobre conceitos e prática de arte e cultura”, lamentou a morte prematura do actor Avelino Viegas, também conhecido por  "Kamba Mbiji”, do grupo Etu Lene, falecido na quarta-feira, no hospital Militar, em Luanda.

Solange Feijó disse que Avelino Viegas, que se notabilizou no teatro no programa "Em Cena” da Televisão Pública de Angola, no personagem Velho Saraiva, na peça "O Feiticeiro e o Inteligente”, foi uma excelente inspiração de muitos jovens actores que hoje impulsionam  o teatro.

Revelou que a iniciativa da Artes Sol tem como intenção apresentar o novo projecto cultura, onde os fazedores das artes cénicas no país, em particular os de Luanda, possam trocar experiências em torno de conceitos e práticas das artes.

O projecto, explica, congrega  a classe artística, principalmente as figuras do teatro na capital, com o objectivo de ajudar na dinamização das artes cénicas em Luanda.

A ideia do projecto surge no sentido de dar resposta a certos debates que a companhia Arte Sol tem acompanhado nas redes sociais, dai a necessidade de desenvolver actividades onde o teatro seja o foco central.

"A intenção da companhia Artes Sol é de contribuir no processo evolutivo das artes, levando para a conversa pessoas idóneas que dominam as várias vertentes das artes para que possamos adquirir mais experiências e transmitirmos também os nossos conhecimentos”, disse.

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