Economia

Fábrica de calçados aumenta produção em Junho deste ano

Roque Silva

Jornalista

A fábrica de calçados Isandango, a primeira de produção nacional, deve aumentar a sua produção diária de sapatos, a partir do mês de Julho, passando de 400 para 1.200 pares, face aos novos investimentos da sua estrutura accionista, revelou ontem o Jornal de Angola, o director técnico da unidade fabril.

31/03/2023  Última atualização 09H25
© Fotografia por: DR

Henrique Almeida referiu que, para o aumento em 300 por cento dos pares de calçados, foram adquiridas máquinas para a produção de um novo modelo de sapato de lona e sola de borracha solamocassins (de couro e pele cozida).

O responsável pela produção e o desenvolvimento da unidade fabril disse que, para o arranque da nova linha, houve um investimento de 370 mil euros, na ordem dos mais de 200 milhões de kwanzas.

Henrique Almeida fez saber que a exportação dos produtos para os países africanos configura entre principais objectivos da fábrica, um assunto que disse está condicionado devido a capacidade reduzida de peças colocadas diariamente no mercado.

O director técnico acredita que o problema será sanado nos próximos dois anos, um horizonte temporal que acredita que a fábrica estará mais bem estabilizada.

Segundo Henrique Almeida, tratar-se de um investimento que a fábrica se propôs para diversificar a gama de produtos e clientes, e o aumento dos serviços, por formas a garantir o seu crescimento. "O nosso objectivo é aumentar o número de clientes e tornar a fábrica maior”, disse.

Inaugurada em 2015, a fábrica surgiu inicialmente para produzir calçados para os órgãos de defesa e segurança. Tem, actualmente, como principal cliente o Ministério do Interior, e uma vasta gama de produtos para civis, desde botas, sapatos, e sandálias.

Atrasos impedem produção

Os atrasos no pagamento das encomendas feitas por clientes tem sido um dos principais empecilhos da fábrica, facto que contribuiu para criar instabilidade na regularidade da sua produção.

Segundo o director técnico da  fábrica de calçados Isandango, a unidade produz por encomendas, mas encontra dificuldades para responder atempadamente as reservas devido aos atrasos no pagamento.

Disse que, entre as dificuldades integram à demora na produção, da compra e aumento de matéria-prima, um verdadeiro calcanhar de Aquiles para a fábrica.

Com uma produção diária de 400 pares por dia, a fábrica Isandango importa 98 por cento da matéria-prima, como pele, sola, linhas, cordões, fivelas, sendo a grande maioria de Portugal.

Dinamizar o sector

O director técnico considera que a falta de investimento na indústria de calçados contribui para descredibilizar a produção que é feita localmente.

Segundo Henrique Almeida, o sector carece de maior atenção, sendo que pela dimensão do país e o número de habitantes seria expectável no mínimo a abertura de pelo menos 10 fábricas, em várias províncias.

Henrique Almeida, que lamentou a falta de fábricas de calçados no país, é de opinião que com a abertura de mais unidades fabris do ramo no país "se abriria um canal de maior facilidade de aquisição de matéria-prima, ou na produção dos insumos em solo nacional.

Para Henrique Almeida, "a qualidade dos produtos nacionais em nada devem em termos de qualidade ao que é importado”.

"Se tivéssemos outras fábricas, haveria mais concorrência, inclusive com as consideradas grandes marcas, o que ajudaria para que fosse prestada uma maior atenção ao sector”, disse.

Alertou, por outro lado, o mercado a olhar para o que se produz internamente, por segundo o qual haver muita qualidade.

"Deve-se dar mais valor aos produtos nacionais”, referiu.

Novo modelo

O novo modelo de sapatos são universalmente conhecidos como sapatos de convés. Tipicamente lona ou couro com solas de borracha e óleo. Cortado nas solas para fornecer aderência em um local molhado, e a costura é altamente durável. Inventados em 1935, os sapatos são tradicionalmente usados por marinheiros e sem meias, tendo desde a década de 1970 se tornado casuais em áreas costeiras em muitos países, entre eles Holanda, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Austrália, China, França, Itália, Portugal, Espanha, Alemanha e Reino Unido.

A fábrica está instalada no interior da penitenciária do Sumbe, no Kwanza Sul, começou inicialmente a produzir para os órgãos de defesa e segurança, para mais tarde expandir para civis. Tem actualmente mais de 30 postos de trabalho, a maior parte reclusos e ex-condenados, cuja inserção depende de uma formação.

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