Em declarações, ontem ao Jornal de Angola, o artista explicou que a colecção abrange um conjunto de pinturas de acrílico sobre tela e desenhos.

A exposição "Mutação”, refere, traz como temas centrais os dilemas na conquista da beleza na antiguidade e na contemporaneidade, mais concretamente a questão da despigmentação e maquilhagem, inspirando-se no termo polémico "escuro not”, que foi motivo de debate controverso em diferentes pontos do continente africano.

"Espero que a cidade de Nice receba bem esta minha obra, que está a ser um prazer desenvolver. Pelo que tenho visto nos museus e pelo que tenho conhecido através de alguns artistas a desenvolver trabalhos localmente, tudo aqui gira em torno da criatividade, e isso alimenta-me. Sinto-me confortável no meio de todos estes criadores independentes de alma artística e filosófica”, sublinhou.

A aparição do artista angolano em solo francês resulta de uma residência artística iniciada no passado dia 8 Junho e que se prolonga até final de Agosto, no espaço da Associação Artística de Arte Contemporânea de Nice, a convite do crítico de arte Eric Sejor, que conheceu através do galerista parisiense Christophe Persone.

Cristiano Mangovo considera a concretização da residência artística um passo importante na sua carreira profissional, marcada por significativos sucessos na arena internacional do circuito de artes plásticas.

"A troca de impressões e ideias entre coleccionador e artista por si só é algo precioso, e mais ainda quando vivido nesta cidade da França, banhada por uma imensa luz, onde viveram e trabalharam artistas de renome da história da arte”, reconheceu o pintor.

Desde 2017 que o artista desenvolve a série "Mutação”, inicialmente apresentada por meio da performance e que agora regressa para explorar as múltiplas dimensões através da pintura.

Cristiano Mangovo é um artista plástico de formação, nascido em 1982, em Cabinda. Actualmente vive e trabalha entre Portugal e Angola. Cristiano Mangovo representa uma geração de artistas socialmente focados em contribuir para uma visão melhor do continente africano.

A sua obra é multifacetada, cruzando correntes como o expressionismo, impressionismo e surrealismo, passando pela instalação e performance, na qual demonstra uma grande habilidade e total confiança. Em qualquer destas correntes ou tendências, possui já um traço próprio e inconfundível, que distingue o seu estilo no contexto da pintura contemporânea angolana e mundial.