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Exploração de gás sofre atraso de um ano

O projecto de exploração de gás natural da petrolífera francesa Total, no Norte de Moçambique, irá sofrer, “pelo menos, um ano de atraso”, disse quinta-feira, o director financeiro do projecto, numa conversa com analistas financeiros acompanhada pela Lusa.

03/05/2021  Última atualização 12H54
© Fotografia por: DR
O arranque da exploração e exportação de gás natural está agora previsto para nunca antes de 2025, segundo as declarações do responsável.

"Declarámos por força maior e estamos a gerir a situação com os sub-empreiteiros para minimizar as despesas até termos clareza sobre a situação”, acrescentou Jean-Pierre Sbraire, referindo-se à declaração que permite legalmente a suspensão das obras e do contrato de concessão assinado com o Governo de Moçambique.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 714 mil deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque ocorreu em 24 de Março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projecto de gás com início de produção previsto para 2024, avaliado em 20 mil milhões de euros, no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

O total de deslocados provocado pelo ataque armado de rebeldes contra a vila de Palma, em Cabo Delgado, ascendeu, sexta-feira, a 30 mil e nalguns locais são alvo de "abusos”, segundo informação disponibilizada pelas Nações Unidas. "Na vila de Quitunda, em Palma, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) recebeu relatos de graves abusos cometidos contra grupos vulneráveis, incluindo agressões físicas a pessoas que tentavam fugir para áreas mais seguras usando barcos”, lê-se num comunicado.

Um relatório da Organização Internacional das Migrações (OIM) publicado há duas semanas indicava haver pelo menos 11 mil pessoas a precisar de ajuda humanitária urgente, como comida e outros bens essenciais, mas sem haver como a entregar, numa escola de Quitunda, às portas do projecto de gás do Norte de Moçambique.

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