Reportagem

Expedição agrícola por Angola adentro

Leonel Kassana

Jornalista

Jornalistas de diversos órgãos de comunicação social vão percorrer o interior de Angola em trinta dias para reportar os projectos de desenvolvimento agrícola de feição empresarial e familiar, assim como estradas, mercados rurais, unidades hoteleiras e de índole turística e institutos de formação agrária

28/02/2021  Última atualização 08H05
© Fotografia por: DR
Amanhã, às 6h00, começa a expedição que vai levar vários jornalistas a oito províncias para radiografar o estado dos projectos de desenvolvimento agrícola. A viagem enquadra-se no projecto "Grande Reportagem - Andar o País - Pelos caminhos da Agricultura”, iniciativa da Rádio Luanda Antena Comercial (LAC).
Durante trinta dias, os jornalistas vão percorrer as províncias do Uíge, Malanje,  Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Bié, Huambo, Huíla e Benguela, para visitar unidades agrícolas de feição empresarial e de produção do tipo familiar, como associações e cooperativas de camponeses. 

Iniciativa inédita, a expedição de cerca de cinco mil quilómetros, segundo cálculos da organização, tem o mérito de ser um espaço privilegiado para conferir à agricultura a visibilidade necessária, numa altura de séria aposta na diversificação da economia.
"Os jornalistas vão poder apurar "in situ” os grandes desafios colocados à agricultura”, disse José Rodrigues, coordenador do projecto.

José Rodrigues considera importante a produção de uma informação de proximidade com a realidade rural. Permite a exploração de diversos ângulos de um mesmo assunto, tendo em conta as especificidades de cada órgão na forma de tratamento da informação.

A severa seca que afecta significativas regiões do Sul e Centro de Angola e a pressagiar uma crise alimentar de dimensões incalculáveis, deverá merecer, seguramente, destaque nesta expedição. São áreas em que se situam os principais celeiros de Angola, como, por exemplo, o chamado "triângulo do milho”, que na província da Huíla abarca os municípios de Caluquembe, Caconda, Chipindo e Chicomba, Quipungo e Matala ou áreas situadas ao longo do Caminho-de-Ferro de Benguela.

Há, também, nesta expedição a oportunidade ímpar de os jornalistas constatarem o estado das estradas e as empreitadas em curso para manter a sua transitabilidade, como garantia para o escoamento seguro e regular dos produtos para os centros industriais e de consumo das cidades.
O "olho clínico” dos jornalistas deverá ir, igualmente, para os inúmeros mercados rurais situados ao longo das estradas de ligação entre as várias províncias.

"Andando por estrada, não haverá como fugir, digamos, desses dois aspectos fundamentais, como o estado das vias e os mercados ao longo das vias”, afirmou José Rodrigues, que prognostica, também, outras razões para alimentar o "Projecto Jornalístico - Grande Reportagem”, tais como os ligados à indústria do turismo e hotelaria, hoje a braços com o impacto brutal da pandemia da Covid-19, que inibiu um significativo número de agentes do sector.

Ver e reportar em trinta dias o potencial agrícola e agro-industrial e a produção das organizações familiares afigura-se como uma empreitada notadamente desafiadora para os profissionais que embarcam amanhã nesta verdadeira "descoberta” do campo, como declararam ao Jornal de Angola alguns jornalistas.


Roteiro Jornalístico

Quando deixarem Luanda, os jornalistas seguirão pela rota Úcua-Piri-Kibaxi-Rio Dange-Vista Alegre–Quitexe. A primeira paragem será em Quitexe, para visitar a Fazenda Marcela, uma cooperativa de agricultura familiar. Segue-se a Fazenda Kinvovoto, dedicada à produção de café, e a Vila Mawete.
Na província do Uíge, os jornalistas permanecerão mais tempo (quatro dias), desdobrando-se em reportagens em fazendas e cooperativas nas áreas do Negage, Sanza Pombo e Cangola. Na do Cuanza-Norte, serão visitadas as unidades agrícolas do planalto de Camabatela, seguindo, depois para Malanje, onde estão em execução grandes projectos agrícolas.

Na província do Cuanza- Sul, serão visitadas as zonas de implantação de grandes unidades de produção de milho e hortícolas, na Quibala e Waku Kungo. Na primeira área  está a ser desenvolvido, pela Fazenda Vissolela, de Énio Miranda, um projecto de produção de café virado para a exportação, sendo que já foram feitos os ensaios comprovando a sua qualidade, antes da entrada para mercados exigentes.

Quando virar para o Bié, a equipa  vai radiografar, entre outros empreendimentos agrícolas, a Fazenda Vinevala, líder da produção da batata rena no Planalto Central.
No Huambo, além de fazendas, está confirmada a passagem pelos pólos de formação no domínio das ciências agrárias. Antes, o grupo  deve deter-se no chamado "Corredor do Milho”, com uma estadia de dois dias no Hotel Caluquembe.
Na província da Huíla, estão garantidas reportagens a projectos agrícolas na Humpata e Escola Agrícola do Tchivinguiro. O Vale do Dombe Grande, zona de elevada concentração de fazendas, será a escala que segue, no início da subida para Luanda, com passagem rápida por Quilengues, conhecido pelo seu potencial agro-pecuário, hoje abalado por seca severa.  
A generalidade dos jornalistas diz que "Andar o País” é uma oportunidade ímpar para se aferir, com algum detalhe, o actual estado da agricultura em Angola. O sentimento geral é de um grande desafio ao encontro com os produtores agrícolas. São declarações que passamos em próximas edições desta inédita expedição da LAC.




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