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Exército confirma morte de 14 militares em atentados

O Estado-Maior General das Forças Armadas do Mali anunciou sexta-feira, em comunicado citado pela AFP, que 14 militares foram mortos em dois atentados na terça-feira no Centro do país, já reivindicados pelas al-Qaeda. O Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GAIM), afiliado da al-Qaeda no Sahel, além de assumir a responsabilidade pelos ataques ao Exército do Mali ocorridos na terça-feira, assegura que, entre os 14 mortos, há cinco elementos do grupo russo Wagner.

14/01/2023  Última atualização 06H00
Objectivos militares são os principais alvos do terroirsmo em várias regiões do Estado maliano © Fotografia por: DR
Num comunicado distribuído pelo seu braço de propaganda Az-Zallaqa, , o grupo terrorista afirma que uma viatura militar pisou um dispositivo que explodiu entre as localidades de Kumara e Macina, no Centro do país, que provocou a morte a vários militares e feriu outros. Então, os terroristas fizeram uma emboscada e explodiram mais três dispositivos. Após os confrontos, o grupo al-Qaeda dá conta de apenas 12 militares mortos, dos quais afirma que cinco eram brancos e pertenciam ao grupo russo de mercenários Wagner, que opera naquele país africano. Os terroristas afirmam ter incendiado dez viaturas militares e terem-se apropriado de duas delas, além de espingardas, munições e uma arma pesada, num ataque em que também registaram a morte de cinco elementos seus.

As Forças Armadas do Mali divulgaram ontem que nos dois ataques morreram 14 militares e que 31 alegados terroristas foram mortos. Dos 31 agressores mortos, 17 morreram durante os confrontos conflitos outros 14 , através de drones, que a três quilómetros de onde ocorreram os conflitos  havia alegados terroristas a enterrar os corpos.

O Mali, com a presença de grupos terroristas leais ao Estado Islâmico e à al-Qaeda, é palco de grande insegurança, principalmente no Centro e Norte do seu território com inúmeros ataques terroristas. O país é governado por uma Junta Militar depois de dois golpes de Estado liderados pelo coronel Assimi Goita, que se recusou a convocar eleições em Fevereiro passado, como prometido, adiando a realização das mesmas para Fevereiro de 2024.

Desde Fevereiro do ano passado, as tensões entre Mali e a França - ex-colonizador e que liderou várias missões antiterroristas - e com a União Europeia, aumentaram de tal forma que o Governo francês decidiu retirar as suas tropas. A principal razão para isso é a aproximação da Junta Militar do Mali à Rússia, país do qual depende para adquirir equipamentos militares. No Mali também actuam mercenários do Grupo Wagner ligados ao Kremlin, supostamente para treinar o seu Exército e proteger membros da Junta Militar, mas que também estão envolvidos em operações de combate.

União Europeia renova mandato da missão civil

O Conselho da União Europeia (UE) decidiu ontem prorrogar o mandato da missão civil EUCAP Sahel Mali até 31 de Janeiro de 2025, com um orçamento superior a 73 milhões de euros. Segundo um comunicado do Conselho, citado pela AFP, o orçamento é atribuído para o período entre 01 de Fevereiro deste ano e 31 de Janeiro de 2025. Considerando a "situação volátil" no Mali, a UE decidiu também ajustar o mandato da missão a fim de "ter em consideração a situação política e de segurança" no país.

A missão de capacitação da UE (EUCAP Sahel Mali) deverá ser capaz de facilitar o destacamento das forças de segurança interna, nomeadamente policiais, para o Sul do país e a reafectação destas para o Centro do país. A missão civil da UE, com sede em Bamako, foi lançada em 15 de Janeiro de 2015, na sequência do convite oficial do Governo maliano para ajudar as forças de segurança interna a reafirmar a autoridade do Governo em todo o país na sequência da "crise do Norte do Mali", que deixou vastas partes do país sob o controlo de várias facções.

A EUCAP Sahel Mali presta assistência e aconselhamento às forças malianas na execução da reforma da segurança, em estreita coordenação com outros parceiros internacionais, incluindo a delegação da União Europeia e a Missão das Nações Unidas de Estabilização Multidimensional Integrada no Mali (Minusma). O Mali foi palco de dois golpes militares, um em Agosto de 2020 e outro em Maio de 2021. O Governo adoptou um cronograma de transição para permitir que os civis retornem ao poder em Março de 2024.

A crise política anda de mãos dadas com uma grave crise de segurança em curso desde a eclosão, em 2012, da independência e das insurgências terroristas no Norte. A antiga rebelião da independência tinha parado de lutar com o acordo de paz de 2015. Os terroristas continuam a lutar contra o Exército do Mali e a sua violência espalhou-se para o Centro do país, bem como para o Burkina Faso e o vizinho Níger. Os grupos rebeldes presentes no país têm vindo a intensificar os ataques contra a população civil, assim como contra o exército maliano, forças estrangeiras e forças das Nações Unidas.

A junta no poder enfrenta um isolamento internacional crescente. O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou, em Novembro, o fim da operação Barkhane no Sahel, no meio da retirada das tropas internacionais devido às tensões com Bamako sobre o adiamento das eleições para se manter no poder e o destacamento de mercenários do grupo paramilitar russo Wagner.

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