Política

Exercício militar mostra estado de prontidão combativa das Forças Armadas Angolanas

César Esteves e Carlos Paulino|Menongue

Jornalistas

O exercício militar realizado, terça-fera, no Polígono Central de Adestramento das Forças Armadas Angolanas (FAA), situado na localidade de Soba Matias, a 60 quilómetros da cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, mostrou o estado de prontidão operativa e combativa dos três ramos militares, nomeadamente o Exército, Força Aérea Nacional e Marinha de Guerra Angolana.

10/05/2023  Última atualização 06H58
Presidente da República e comandante-em-chefe das FAA prestigia manobras no Cuando Cubango © Fotografia por: Santos Pedro| Edições Novembro
O evento, prestigiado pelo Presidente da República e Comandante-em-Chefe das FAA, João Lourenço, desde o princípio ao fim, consistiu na realização de uma manobra táctica de brigada, que se consubstanciou na condução de uma operação defensiva, com a realização de contra-ataque e restabelecimento da situação ao longo de uma fronteira estatal.

O exercício remete para um cenário real de guerra, dadas as explosões provocadas pelo uso de munições verdadeiras, por vários meios de guerra, como tanques, canhões, metralhadoras, morteiros e caças.

A realização da manobra táctica, com tiros reais de peças de infantaria do Exército e aviação de caça, resulta da necessidade de se manter altos os níveis de operacionalidade dos sistemas de forças, reforçando a unidade e coesão, com vista à manutenção da prontidão combativa das Forças Armadas Angolanas, partindo do princípio que é durante o tempo de paz que se preparam os exércitos para eventuais conflitos.

Apesar do exercício demonstrar uma defesa de contra-ataque a uma invasão às nossas fronteiras, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general de aviação Altino dos Santos, assegurou que o mesmo não pressupõe que o país esteja na iminência de ver as suas fronteiras violadas.

"Os nossos vizinhos não constituem perigo. Somos parceiros, amigos e estamos em blocos regionais”, destacou o chefe do Estado-Maior General das FAA, assegurando que o país tem meios suficientes para garantir a defesa do território e a sua soberania. "Estamos seguros em termos de fronteiras”, aclarou.

O general de aviação esclareceu que o exercício faz parte do cumprimento de um programa de instrução de preparação combativa das FAA, cujo fim foi assinalado ontem com a realização das manobras militares. Altino dos Santos fez saber que estes programas duram dez meses de instrução e terminam, sempre, com a realização de um exercício que culminam  com manobras militares.

O Chefe do Estado-Maior General das FAA admitiu a possibilidade de, no futuro, virem a realizar-se manobras militares de maior dimensão do ponto de vista do corpo de exército da Força Aérea Nacional.

Fases da manobra

Com duração de 45 minutos de combates intensos simulados, a manobra táctica de brigada teve três fases de actuação, nomeadamente o levantamento por alarme de combate, organização e preparação da defesa, assim como a realização de contra-ataque.

A realização desta manobra com tiro real de peças de infantaria do Exército e aviação de caça decorre da necessidade de manter os altos níveis de operacionalidade dos sistemas de forças, reforçando a sua unidade e coesão, para a manutenção da prontidão combativa das Forças Armadas Angolanas.

No exercício militar, a FAN teve como missão apoiar as tropas terrestres numa operação de contra-ofensiva a um inimigo simulado que transpôs a fronteira nacional, violando a integridade e ameaçando a soberania de Angola.

A modalidade de combate foi uma contra-ofensiva com o objectivo de aniquilar a invasão inimiga no território nacional, com vista ao restabelecimento da estabilidade ao longo da fronteira e o apoio com desembarque de tropas especiais na linha da frente.

Para o êxito desta manobra, foram usados quatro aviões de caça Su-30 e K-8W, dois helicópteros MI-171 SH, três Uragan, 10 tanques T55 AM-2 e igual número de BMP-2 e MTLB, três canhões anti-aéreos ZU de 23 milímetros paquito e um outro também  de 23 milímetros, dois botes motorizados, 268 armas do tipo AKM, 27 PKM, 12 GP-25, cinco RPG-7, nove morteiros de 60 milímetros e cinco BM-21.

A entrada das tropas no palco das operações foi antecedida de planos estratégicos devidamente elaborados, onde os órgãos de concepção procuraram estudar com a requerida minúcia as condições reais do terreno, tomando em consideração importantes informações geográficas, tais como as características do relevo, clima e indicadores meteorológicos, da fauna e da vegetação, com a medida de preservação da biodiversidade em alinhamento aos esforços da protecção do ambiente, sendo aspectos necessariamente indispensáveis na planificação de manobras desta índole.

O principal objectivo foi elevar os hábitos e habilidades na preparação e realização do combate defensivo, aperfeiçoar a coesão dos órgãos de direcção na organização das acções combativas, melhorar os procedimentos de actuação das unidades e subunidades de forma conjunta e independente durante o combate directo com o inimigo.

A manobra serviu, também, para treinar os efectivos das FAA, com vista a elevar os níveis psico-morais, estabilidade psíquica, resistência e experiência de vida em condições de campanha e comprovação da disposição combativa alcançada pelas unidades e subunidades de armas.

Presença do Presidente da República reforçou a confiança das tropas

O ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos "Liberdade”, afirmou que a presença do Presidente da República, nas manobras militares, revestiu-se de grande valor para as tropas e reforçou a confiança das mesmas.

"Aproveitamos esta ocasião para reiterar o nosso sentimento de gratidão pela visita do Presidente da República e Comandante-em-Chefe das FAA ao Polígono de Adestramento das FAA, prestigiando com a sua presença este magno evento militar, gesto que continuará a marcar positivamente o rumo da história desta importante instituição de valores castrenses”, realçou.

Liberdade, que fazia o resumo das manobras militares, reafirmou o compromisso do Executivo angolano em continuar a prestar uma maior atenção às FAA, conferindo-lhes enormes capacidades no cumprimento da "nobre missão superiormente confiada”.

O ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria lembrou que as Forças Armadas Angolanas emanam da vontade do povo, são pelo povo, servem o povo, defendendo, com abnegação, determinação e firmeza o solo pátrio angolano.

Destacou que esta missão, cujo principal objectivo passa pela defesa militar da pátria, manutenção da paz e preservação das instituições democráticas do Estado, envolve uma preparação combativa contínua das FAA, para o seu adestramento de adequação aos diferentes contextos de conflitos de guerra, que ainda continuam a caracterizar "a nossa região em particular e o mundo”.

 João Ernesto dos Santos Liberdade, que se dirigia aos efectivos que participaram nas manobras militares, enalteceu a coragem, determinação, espírito de corpo e de missão demonstrados por cada um deles no teatro das operações, augurando que esta capacidade de grande profissionalismo inspire acções no presente e no futuro, "onde temos a responsabilidade incontornável de garantir a defesa dos superiores interesses da Nação, quer no plano interno, quer no externo”, realçou.

Exercício de alto nível

O bispo da Diocese de Menongue, Dom Leopoldo Ndakalako, afirmou que o exercício militar foi de alto nível e demonstrou, mais uma vez, que as Forças Armadas Angolanas estão bem preparadas para a defesa da soberania nacional e integridade territorial.

Segundo Dom Leopoldo Ndakalako, os três ramos das FAA envolvidos nesta manobra táctica de brigada superaram as expectativas de todos os convidados nacionais e estrangeiros que acompanharam, de perto, o desenrolar das operações terrestres, aéreas e aquáticas.

Disse que é durante o tempo de paz que o país deve preparar, permanentemente, os efectivos dos órgãos de defesa e segurança, para que estejam à altura de travar um possível conflito ou invasão de inimigos internos ou externos.

O bispo da Diocese de Menongue disse que é por este facto que o exercício anual das manobras militares é muito importante para manter o nível de prontidão combativa das tropas do Exército, Força Aérea Nacional e da Marinha de Guerra Angolana.

Chefe de Estado termina visita de trabalho hoje

O Presidente da República termina hoje a visita de trabalho de dois dias à província do Cuando Cubango, com a realização de uma reunião com altas patentes das Forças Armadas Angolanas, que vai abordar a situação geral das Forças Armadas, nas suas múltiplas vertentes.

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