A maioria republicana na Câmara de Representantes (câmara baixa) converteu-se, sob influência do ex-Presidente dos EUA Donald Trump, em força de bloqueio em matérias sensíveis como os fundos federais para funcionamento do Governo ou os pacotes de ajuda militar à Ucrânia, considerou, no sábado, um especialista ouvido pela agência Lusa.
Para Nuno Gouveia, nos últimos dias, o Senado - de maioria democrata - conseguiu aprovar um pacote de ajuda de cerca de 80 mil milhões de euros destinados à Ucrânia e a Israel, mas bastou uma palavra crítica de Trump sobre essa medida para que a maioria republicana na câmara baixa do Congresso ameaçasse novo impasse sobre a matéria.
Sobre a política de imigração - onde o Presidente Joe Biden reconheceu a necessidade de introduzir modificações, perante uma escalada de entrada de imigrantes ilegais pela fronteira com o México - Trump tem dado instruções para que os republicanos não facilitem a vida à Casa Branca, criticando a forma como o líder da maioria na Câmara de Representantes tentou misturar esse tema com a ajuda à Ucrânia e, de novo, bloqueando ambos os temas.
"A verdade é que Trump é hoje o dono e senhor do Partido Republicano, como se viu, recentemente, no fracassado pacote de ajuda externa (a países como a Ucrânia) que continha leis e medidas mais duras contra a imigração ilegal”, explicou à Lusa Nuno Gouveia, especialista em política norte-americana.
Este analista recorda que o bloqueio foi meramente táctico, para impedir que Joe Biden ganhasse pontos para a sua campanha de recandidatura às eleições presidenciais de Novembro, sobretudo numa matéria que tem sido uma das bandeiras políticas dos republicanos.
A capacidade de controlo dos republicanos por parte de Trump explica-se com o seu forte enraizamento na base eleitoral do partido, o que lhe tem permitido anular qualquer adversário interno à sua própria recandidatura à Casa Branca.
"Todos têm receio de enfrentar algum oponente nas primárias que seja apoiado por Donald Trump ou de perder acesso à corte de Trump. Os custos de enfrentar Trump podem ser elevados, como viram Elizabeth Cheney ou vários outros que perderam os seus lugares”, explica Nuno Gouveia.
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