Os Estados Unidos da América aguardam pelo resultado da investigação das circunstâncias do ataque das forças israelitas que resultou na morte de sete colaboradores da ONG norte-americana World Central Kitchen (WCK), na Faixa de Gaza.
O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu que o Exército israelita matou "sem querer" sete trabalhadores humanitários da organização WCK e anunciou que o incidente seria alvo de uma investigação exaustiva.
No entanto, o porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, frisou que a morte dos sete trabalhadores humanitários "é resultado inevitável da forma como esta guerra está a ser conduzida". Stéphane Dujarric avançou, a propósito, que pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos desde Outubro nos territórios palestinianos ocupados, neste que considerou "um dos locais de trabalho mais perigosos e difíceis do mundo".
Já o Presidente israelita, Isaac Herzog, apresentou as desculpas pelas mortes e estendeu as condolências "às famílias e entes queridos" dos trabalhadores humanitários. A instituição, criada pelo 'chef' José Andrés, é uma das duas ONG activamente envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por via marítima a partir do Chipre.
"Este incidente foi um erro grave", referiu o chefe do Estado-Maior israelita, o general Herzi Halevi, numa mensagem de vídeo em reforço a uma outra divulgada terça-feira. "Foi uma situação que teve lugar por um erro de identificação durante a noite, em condições muito complexas. Isto não deveria ter acontecido", acrescentou.
Halevi sublinhou, ainda, que as IDF partilham "do fundo do seu coração" o "luto das famílias [das vítimas] e de toda a organização WCK". "Um órgão independente investigará o acontecimento em profundidade e comunicará as suas conclusões nos próximos dias", anunciou ainda. A WCK descreveu que um dos seus veículos foi atacado pelo exército israelita ao passar por Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, depois de sair de um armazém onde tinham descarregado 100 toneladas de alimentos, num movimento coordenado com as autoridades israelitas.
O ataque contra os trabalhadores humanitários já foi condenado pela União Europeia e por vários países, incluindo Reino Unido, Espanha e Bélgica, que exigiram explicações a Israel pela morte de sete trabalhadores da organização humanitária.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 183.º dia e continua a ameaçar alastrar-se por a toda a região do Médio Oriente, fez, até agora, na Faixa de Gaza, pelo menos 32.916 mortos, mais de 74.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
Palestina retoma processo para designação do Estado
A Palestina retomou oficialmente, na terça-feira, o procedimento para se tornar um Estado-membro de pleno direito da ONU, apesar da guerra entre Israel e o movimento islamita- palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Numa carta dirigida ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, o embaixador palestiniano junto da organização, Riyad Mansur, pediu ao Conselho de Segurança que analisasse, ainda este mês, o pedido de adesão apresentado em 2011.
Mansur disse que a ofensiva israelita torna a inclusão como um Estado-membro de pleno direito da ONU uma das prioridades da Palestina, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), que citou o documento.
"Foi a comunidade internacional que decidiu criar dois Estados na Palestina em 1947. É dever da comunidade internacional, juntamente com o povo palestiniano, completar este processo admitindo a Palestina como Estado- membro", declarou o diplomata.
"Estamos a mobilizar o maior número possível de países para nos apoiar neste esforço e esperamos que o Conselho de Segurança actue em Abril", insistiu Mansur, referindo-se a uma reunião do órgão sobre a situação em Gaza, marcada para 18 de Abril. "A carta foi recebida e realizaremos consultas bilaterais para decidir o caminho a seguir", disse à AFP a presidência do Conselho de Segurança, exercida atualmente por Malta.
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