Diz a Constituição que Angola é uma “república baseada na dignidade da pessoa humana”, um pressuposto importante que, entre muitas leituras, indica que nos pretendemos assumir como um país que deve garantir, em todas as circunstâncias, as condições básicas de vida digna a todos.
A importância da expertise na diplomacia africana não pode ser subestimada. O recente escrutínio público em torno do indicado no Quénia para cônsul-geral em Goma, na República Democrática do Congo (RDC), desencadeou um debate crucial sobre o processo de selecção de diplomatas.
O mais recente relatório do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, acresce a possibilidade de o futuro califado do Estado Islâmico – também conhecido por Daesh, sigla em árabe ou ainda Isis, sigla em inglês – vir a ser fundado no continente africano, reforçando as declarações feitas em Outubro de 2022 por Martin Ewi, especialista no Conselho de Segurança da ONU que já foi responsável pelo Programa de Combate ao Terrorismo da União Africana.
Martin Ewi avançou detalhes ao mencionar a Bacia do Lago Chade – que faz fronteira com Chade, Nigéria, Níger e Camarões – como a maior área de operação do grupo Estado Islâmico.
Impõe-se lembrar que o Daesh mantém-se no topo do que se considera exemplo prático de jihadismo, termo decorrente de "jihad” que significa "esforço no caminho de Deus”, contudo mal interpretado por algumas correntes Islâmicas. Ele é um grupo islâmico, predominantemente sunita, criado no Iraque e na Síria, em 2013, por um dissidente da Al- Qaeda de nacionalidade iraquiana chamado Abu Bakr al-Baghadadi, um religioso enigmático igualmente denominado como "o xeque invisível”. Ao chegar à liderança da Al-Qaeda de seu país, em virtude da morte dos líderes anteriores, implementou uma forma de governo na área sob sua autoridade baseado no alcorão (a Bíblia Sagrada do Islão), transformando-a em califado, e rompeu o vínculo que mantinha com o comando geral da Al-Qaeda.
A expansão territorial do Daesh constituiu uma enorme surpresa para o mundo por ter conquistado vastas áreas dos territórios da Síria e do Iraque em pouco tempo. Em 2014, chegou a tomar a segunda maior cidade iraquiana, Mossul, devido, em parte, a forma atractiva com que recrutava os seus combatentes, muitos deles oriundos de países desenvolvidos, bem como aos recursos valiosos dos quais se apossavam nas localidades que capitulavam. Nestes lugares, imperava a atmosfera de terror alimentada diariamente por assassínios (decapitações), crucificações e mutilações em hasta pública.
Além da pretensão em ocupar extensas faixas de terra, o Daesh diferencia(va)-se dos demais grupos jihadistas pelo elevado nível de violência que implementava à realização dos seus objectivos; por olhar como inimigos todos quanto negavam a santidade do alcorão ou de Maomé e, inclusive, por hostilizar os islâmicos de outras correntes, como da xihita. Em Fevereiro de 2014, o comando geral da Al-Qaeda condenou o Isis num comunicado. De acordo com uma pesquisa feita pela rede CNN, citada pela BBC News Brasil, o "Isis/EL havia realizado ou inspirado 143 atentados em 29 países, deixando 2.043 mortos (de 2014 a 2018), assumindo o lugar da Al-Qaeda como a maior patrocinadora de ataques terroristas pelo mundo”.
Em Março de 2019, o Estado Islâmico foi desmantelado quando perdeu, após tantas batalhas, a sua última base, a cidade de Baghuz, situada no extremo oriental da Síria, ao lado da fronteira com o Iraque, para uma coligação de forças em que participaram militares de vários países, nomeadamente da França, EUA, Reino Unido, Rússia, Iraque, Síria, Arábia Saudita, Canadá e Qatar, auxiliados por certos grupos jihadistas e pelo exército curdo, peshmerga. Muitos combatentes do Estado Islâmico que sobreviveram foram esforçados a fugir para outras latitudes, sobretudo a África.
Em Fevereiro de 2023, Noura Hamladji, directora adjunta do PNUD para a África, afirmou, numa entrevista concedida à RFI, Rádio França Internacional, que a "África subsahariana está a emergir como o novo epicentro do extremismo violento”, justificando que quase a metade de todas as mortes relacionadas com o terrorismo a nível mundial ocorreram no continente africano. A diplomata argelina concluiu ao referir que "então temos África subsahariana que se substitui ao Médio-Oriente, como o novo epicentro do extremismo violento a nível global”, tendo se baseado no relatório acima referido, cujas pesquisas foram realizadas em oito países africanos: Burkina Faso, Mali, Níger, Somália, Nigéria, Chade, Camarões e Sudão. Os quatro primeiros são os países mais afectados pelo terrorismo, representando 34% das mortes em todo mundo. Com excepção à Somália, todos esses localizam-se no Sahel.
No mesmo relatório, intitulado "Jornada ao Extremismo na África: Caminhos para Recrutamento e Retirada”, em que foram entrevistadas um conjunto de 2.200 pessoas, composto maioritariamente por ex-recrutados pelos grupos jihadistas radicais, trouxe também informações sobre a trajectória de combatentes dos grupos extremistas. Neste capítulo, ficou patente que as questões económicas, associadas à busca de emprego, melhores condições de vida e etc, são razões principais que levam a que indivíduos adiram às fileiras dos grupos extremistas. Porém, ainda o mesmo relatório (cujos indícios apontam para um período referente aos últimos cinco anos) revela um índice elevado de adesão motivada pela actuação menos adequada ou desproporcional dos órgãos de defesa e de segurança perante a população. Ao todo, 71% dos entrevistados viram as soluções das suas vidas nos igualmente designados grupos terroristas, enquanto assistiam às execuções de familiares/amigos, à constante ineficiência os órgãos de justiça, bem como à corrupção ao mais alto nível. Ou melhor, acredita-se que a não observância dos direitos humanos, pelas instituições dos Estados, incentiva inúmeros africanos a enveredarem para as organizações terroristas.
Edson Kassanga
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