Política

Esperança da Costa defende modelo de desenvolvimento de baixo carbono

Manuela Gomes

Jornalista

A Vice-Presidente da República apelou, ontem, em Luanda, à adopção, urgente, de modelos de desenvolvimento de baixo carbono e à realização de um conjunto de investimentos estruturantes, tendentes ao fortalecimento da resiliência das sociedades e economias em África.

01/09/2023  Última atualização 11H40
Vice-Presidente Esperança da Costa reitera comprometimento do Executivo com as questões ambientais em África e no Mundo © Fotografia por: Edições NovembRo

Esperança da Costa fez esta apreciação referindo-se às ameaças que as alterações climáticas representam para a Humanidade e a manutenção da vida na Terra, durante a abertura da 1ª Conferência Regional da Organização Pan-Africana da Mulher (OPM) sobre alterações climáticas, que tem como objectivo promover uma discussão alargada sobre o contexto actual das alterações climáticas, desafios e implicações nas sociedades, bem como nas oportunidades do agronegócio, no quadro da "recuperação da economia verde da União Africana”.

A Vice-Presidente da República considerou que, para fazer frente às ameaças das alterações climáticas, é, também, necessário que se amplie o acesso à tecnologia, conhecimento e aos recursos financeiros,com vista a travar a poluição, perda da biodiversidade e os problemas que afectam em larga medida a humanidade.

Para Esperança da Costa, mais do que mitigação aos problemas ambientais, é preciso optar pelos mecanismos de adaptação, fortalecendo o lema a "África que queremos”, Agenda 2063, que se traduz num continente capaz de criar condições para a sua segurança alimentar, nutricional, emprego e rendimento familiar, "considerando a Declaração de Malabo que dá a oportunidade de avaliar os aspectos materializados e propor uma revisão mais impactante, no âmbito dos desafios da agricultura e das alterações climáticas”.

"As alterações climáticas evidenciam-se com o aumento da temperatura das águas dos mares, oceanos, perda da biodiversidade, dos eventos extremos da seca e inundações que afectam a vida, os meios de subsistência das comunidades, agravam as condições económicas, sociais e vulnerabilidade das populações, tornando-as propensas aos conflitos e à instabilidade”, disse.

De acordo com Esperança da Costa, Angola, desde a Independência Nacional, sempre considerou prioritárias as questões ambientais. Segundo a dirigente, as questões ambientais e, particularmente, as alterações climáticas, sempre ocuparam um lugar privilegiado na agenda política do Executivo liderado pelo Presidente da República, João Lourenço, e no quadro das organizações internacionais, "onde Angola faz ouvir a sua voz, alinhada aos grandes compromissos globais sobre o Ambiente, como os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), Agenda 2030 e o Acordo de Paris sobre o Clima”.

A nível interno, enfatizou, o país prioriza o equilíbrio ecológico, a exploração e utilização racional de todos os recursos naturais, no quadro de um desenvolvimento sustentável e do respeito pelo direito das gerações futuras.

Esperança da Costa destacou a aprovação, por parte de Angola, da Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas 2021-2035, com vista à promoção, adaptação e à resiliência em todo o território nacional, resultando em programas de mitigação da seca e de outros eventos extremos que têm assolado o Sul do país.

Aposta no feminino

A Vice-Presidente da República considerou que a aposta na educação e capacitação das mulheres deve constituir-se num contributo válido para o desenvolvimento sustentável, "o que passa pela erradicação da pobreza, para a resiliência dos sistemas alimentares e gestão responsável dos recursos naturais, com cada vez mais resultados para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), olhando para as gerações vindouras”.

Esperança da Costa enalteceu a mulher como a gestora, herdeira de gerações que tem por responsabilidade a preservação dos ecossistemas, gestão principal dos recursos naturais, transmissora de valores morais, culturais no seio das famílias e das comunidades.

"Em África, as mulheres e a juventude constituem a maioria dos principais produtores de alimentos, cerca de 70 por cento da força de trabalho e de potencial produtivo, mas que não estão ainda adequadamente envolvidas em actividades de grande valor”, disse.

Esperança da Costa disse ser necessário que se amplie, cada vez mais, a resiliência da mulher africana, no processamento, agronegócio, comercialização, exportação e noutras actividades de agregação de valor aos produtos agrícolas, "num momento em que continua a ser, na larga maioria dos países africanos, a mais afectada pelo impacto das alterações climáticas, frequentemente a causa de grandes e forçados deslocamentos populacionais e da pobreza”.

A Vice-Presidente da República defende, por isso, o acesso à posse da terra, melhoria da inclusão financeira de mulheres e jovens mulheres, acesso aos principais mercados agrícolas, mais formação, acesso às novas tecnologias e ao mundo digital.

"A mulher desempenha e pode continuar a desempenhar um papel importante no processo de mitigação e adaptação às alterações climáticas, pois continua a levantar a sua voz em prol do ambiente, ao mesmo tempo que se posiciona como férrea defensora”, disse Esperança da Costa.

Ainda sobre o papel da mulher em África, a Vice-Presidente da República citou exemplos e iniciativas sobre sustentabilidade liderados por mulheres no país e no mundo.

"A nível de África, podemos enfatizar exemplos de mulheres inspiradoras, como o caso da bióloga e activista queniana Wangari Maathai, fundadora de uma organização focada na conservação do ambiente e nos direitos das mulheres, que se dedicou à plantação de mais de 50 milhões de árvores e realizou um notável trabalho a nível do empoderamento da mulher, tendo sido reconhecida com o Prémio Nobel da Paz em 2014.

OPM garante participação da mulher no desenvolvimento sócio-económico

Esperança da Costa enalteceu a Organização Pan-Africana das Mulher, criada há 61 anos, como uma estrutura com o propósito de garantir a participação efectiva e responsável da mulher no desenvolvimento socioeconómico e cultural de África, criar todas as condições para que participe e tenha espaço nos mais distintos sectores.

A Vice-Presidente da República destacou o facto de a OPM, por via do seu secretariado regional para África Austral, cuja sede se encontra em Angola, ter decidido realizar a conferência regional sob o lema "A Resiliência da Mulher Africana: O Contributo ao Sector da Agricultura para a Adaptação às Alterações Climáticas”, o que traduz a força e o vincado querer da mulher nos variados contextos, espaços, na zona rural, cidade, indústria ou na agricultura.

"Neste quadro apoiamos, globalmente, os esforços da OPM e convido os parceiros de desenvolvimento a associarem-se aos esforços de Angola e de África que juntos pretendemos transformar a segurança alimentar e nutricional, no desafio justo de contribuirmos para um mundo de maior justiça climática, mais equidade e igualdade da mulher, gerações sustentáveis com paz e progresso”, considerou.

Estratégias ambientais

No âmbito do combate à seca severa no Sul do país, Esperança da Costa salientou a construção, por parte do Governo angolano, do Canal do Cafu, para a transferência de água do rio Cunene para a região das chanas da província, visando criar condições para o desenvolvimento da agricultura, pecuária e benefícios para mais de 230 mil habitantes.

"Não obstante os tratados e convenções internacionais sobre o Ambiente, Angola tem objectivos específicos, metas sobre as questões climáticas e desenvolvimento sustentável, tendo, também, definido a sua contribuição para a redução do carbono na produção de energia eléctrica até 2025, e traçou acções complementares no plano da gestão sustentável das florestas, transportes e agricultura”, referiu.

A Vice-Presidente da República apelou aos participantes no evento, entre angolanos e estrangeiros  a viver em Angola, entidades públicas e privadas que de forma individual ou através de associações ligadas à mulher e ao ambiente, a contribuirem de forma incansável para a conservação do meio ambiente para as próximas gerações. "Precisamos de continuar a trabalhar na nossa capacidade para influenciar, gerir e passar a mensagem sobre a necessidade de um mundo melhor”, sublinhou.

Ao finalizar, realçou o recente "ganho” de Angola em assumir a presidência da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Declaração de Luanda que realça a segurança alimentar, nutricional, industrialização da sub-região, como o mais importante programa de apoio às aspirações regionais para alavancar a cooperação Sul-Sul.

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