Cultura

Especialistas destacam ganhos da cultura com a conquista da paz

Gil Vieira

Jornalista

O secretário-geral da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC-SA), Eliseu Major, destacou, em Luanda, no Palácio de Ferro, os ganhos da cultura, sobretudo no domínio artístico, com a conquista da paz, a 4 de Abril de 2002.

07/04/2024  Última atualização 10H25
A mesa-redonda contou com a presença de especialistas das mais variadas disciplinas artísticas e decorreu no Palácio de Ferro © Fotografia por: Luis Damião | Edições Novembro

Eliseu Major, que falava, sexta-feira, à volta do debate "Reflexão Sócio-Histórica sobre a Conquista da Paz como Factor de Desenvolvimento e Massificação das Artes em Angola”, promovido em alusão às comemorações do Dia da Paz, disse que a atribuição da Carteira Profissional do Artista, a elevação dos Sona como Património Cultural Imaterial da Humanidade inscrito por Angola na UNESCO e a elevação do Semba a Património Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura, são feitos que não podem ser ignorados, por terem sido possíveis com a conquista da paz.

Eliseu Major sublinhou, também, de modo particular, algumas disciplinas artísticas, com destaque para a música, dança, cinema e teatro. No domínio da música, explicou o interlocutor, o país teve e continua a ter bons momentos.

Outro detalhe do calar das armas, observou, foi a realização do Festival Nacional de Cultura (FENACULT), Festival da Região Leste, FestiSumbe, Feskizomba, Top dos Mais Queridos, Unitel Estrelas ao Palco, Trienais do Palácio de Ferro, Prémio Nacional de Cultura e Artes, acções que reflectem a estabilidade que a paz trouxe a todo o país.

Quanto à dança, segundo Eliseu Major, destacam-se o Festival da Dança do Vale, Festival de Kizomba, BAI Dança com Ritmo, Bounce e participação de grupos de dança em exposições internacionais.

Eliseu Major afirmou que o estilo Kizomba, embora não seja valorizado no sentido da institucionalização como género musical, tem dado oportunidades sobretudo na vertente da dança, onde vários jovens promovem concursos e dão oficinas de dança um pouco por todo o mundo.

Por outro lado, no teatro, apontou como referência o Circuito Internacional de Teatro (CIT), Festival Internacional de Teatro do Cazenga (Festeca), Festival de Teatro Infantil, Festival Teatro de Duplas, Festival Teatro 40 anos, como outros ganhos da paz.

Por último, no cinema, Eliseu Major mencionou o Festival Internacional de Curta Metragem (Fest Kianda) e o surgimento de grandes filmes produzidos com o financiamento do Estado, como por exemplo o "Comboio da Canhoca”, de Orlando Fortunato, e "Na Cidade Vazia”, de Maria João Ganga.

Em relação à construção de infra-estruturas, é nesta área que Eliseu Major defende mais investimentos.  Destaca a construção do Centro Cultural do Zango, Centro Cultural de Cacuaco, Centro Cultural Dr. António Agostinho Neto e Centro de Formação Chá de Caxinde como bons resultados da conquista da paz.

Segundo Eliseu Major, o movimento cultural, sobretudo o artístico, sempre desempenhou um papel importante na conscientização das pessoas. Considera ser uma área muito importante da sociedade, que ainda precisa de muito investimento. "A paz é um estado de tranquilidade, que pode ser vivenciada na vida pessoal, profissional e em família. O conceito de paz não é só o calar das armas, mas também o viver em tranquilidade com o próximo, por isso devemos preservar a paz que tanto lutámos para conquistar”, defendeu a finalizar.

O presidente da Comissão da Carteira Profissional do Artista, Maneco Vieira Dias, apesar das inúmeras críticas que fez ao estado actual da cultura nacional, também mencionou alguns ganhos do sector cultural resultantes da conquista da paz, com destaque para a Carteira Profissional dos Artistas.

O responsável afirmou que com a conquista da paz, passou a existir um maior reconhecimento da classe artística nacional, o que lhe garante maior dignidade e um futuro melhor. "Tivemos vários ganhos, mas devemos continuar a pressionar, porque o estado actual da cultura nacional ainda não nos orgulha o suficiente. A cultura deve deixar de estar em terceiro plano e ser uma das prioridades do Executivo”, defendeu.

O debate contou, igualmente, com a presença do director da Mayamba Editora, Arlindo Isabel, e do presidente da Associação Angolana de Teatro (AAT) Tony Frampênio. A moderação da mesa-redonda foi da responsabilidade do director do Palácio de Ferro, João Vigário.

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