Cultura

Especial 25 de Maio: Líderes africanos independentistas

KWAME NKRUMAH Foi o primeiro Presidente do Ghana, de 1 de Julho de 1960 a 24 de Fevereiro de 1966, Primeiro-Ministro entre 6 de Março de 1957 e 1 de Julho de 1960. De 21 de Outubro de 1965 a 24 de Fevereiro de 1966 foi o terceiro presidente da Organização da Unidade Africana – OUA, sucedendo ao egípcio Gamal Abdel Nasser. Kwame Nkrumah nasceu em Nkroful, Costa do Ouro-Ghana, a 21 de Setembro de 1909 e faleceu, em Bucareste-Roménia, a 27 de Abril de 1972, e é considerado um dos fundadores do conceito de Pan-africanismo. Nascido Francis Nwia-Kofi Ngonloma, estudou em escolas católicas no Ghana e em universidades dos EUA.

25/05/2023  Última atualização 07H55
© Fotografia por: DR

Em 1945, foi co-organizador do Sexto Congresso Pan-Africano em Manchester, Inglaterra, e dedica-se à causa da descolonização africana. Quando a independência de Gana ocorreu, em 1957, Nkrumah foi declarado o Osagyefo (líder vitorioso) e foi empossado como Primeiro-Ministro. Em 1962 foi-lhe atribuído o Prémio Lénine da Paz. Em 1964, Nkrumah declarou-se Presidente vitalício do Ghana. Em 1966 sofreu um golpe de Estado enquanto estava em Hanói, Vietname do Norte. Exilado na Guiné, de que chegou a ser co-Presidente por decisão de Sekou Touré. nunca mais regressaria vivo ao seu país de origem. Morreu em 1972 e foi enterrado na terra onde nasceu. Escreveu Africa Must Unite (1963), African Personality (1963), Consciencism (1964), Handbook for Revolutionary Warfare (1968) e Class Struggle in Africa (1970). Fundou o Partido da Convenção do Povo que se tornaria o partido único após a proclamação da Independência.

 


NELSON MANDELA

Nelson Rolihlahla Mandela, nascido em Mvezo a 18 de Julho de 1918 e falecido em Joanesburgo a 5 de Dezembro de 2013, foi Presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder africano, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1993, Madiba é o nome carinhoso pelo qual é tratado pela população sul-africana. Aos 23 anos foi para Joanesburgo estudar Direito e em pouco tempo  era um dos líderes da resistência não violenta da juventude contra o apartheid, acabando por ser réu num julgamento por traição. Posteriormente tornou-se o prisioneiro mais famoso do mundo e, finalmente, responsável pela refundação do seu país como uma sociedade multi-étnica, liderando o Congresso Nacional Africano (ANC). "Um dos Maiores líderes morais e políticos de nosso tempo”, disse dele Ali Abdessalam Treki, presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas. No dia 5 de Dezembro de 2013 é anunciada a sua morte. Na página oficial de Mandela, na rede social Facebook, foi colocada uma mensagem sua, de 1996, em várias línguas, inclusive o português, dizendo: "A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera o seu dever para com seu povo e o seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei para a eternidade”. Como seu epitáfio, Mandela havia um dia declarado que gostaria de ter escrito somente: "Aqui jaz um homem que cumpriu o seu dever na Terra”. O Presidente Barack Obama e o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, estiveram presentes no seu funeral.

 


PATRICE LUMUMBA

Patrice Émery Lumumba, nascido como Élias Okit'Asombo, em Onalua, Congo Belga, a 2 de Julho de 1925, morreu no Katanga a 17 de Janeiro de 1961. De família camponesa católica, fundou o Movimento Nacional Congolês em 1958, defendendo uma descolonização total da Bélgica. A seguir à Independência, em Junho de 1960, foi Primeiro-Ministro durante 3 meses. Foi demitido e preso às ordens do seu antigo adjunto Mobutu e assassinado no Katanga, na presença de soldados da ONU. Alinhou pelos valores anti-imperialistas pan-africanistas, defendendo a solidariedade entre os povos de África, encorajando a luta não-violenta contra o colonialismo. Foi o líder na luta contra a dominação colonial belga no Congo. Ocupou o cargo de Primeiro-Ministro por escassas 12 semanas e o seu governo foi derrubado por um golpe de Estado liderado pelo coronel Joseph Mobutu. Quando tentava fugir para o Leste do país, Lumumba foi capturado e assassinado. Depois de concluir os estudos básicos, aos 18 anos, Lumumba conseguiu um emprego na companhia Symaf (Syndicat Minier Africain), na cidade de Kindu. Admirado pelos seus patrões brancos, o jovem Lumumba ganhou um certificat d'immatriculation, documento que permitia a congoleses poder frequentar círculos europeus e desfrutar de certas regalias.

 Então ele escreve em jornais locais e mais tarde trabalha em Stanleyville como empregado dos Correios. Autodidacta, aderiu ao Partido Liberal Belga e em Outubro de 1958, juntamente com outros dirigentes congoleses, funda o Movimento Nacional Congolês (Mouvement National Congolais, MNC), o primeiro partido político congolês, e participa em Dezembro na primeira Conferência Pan-africana dos Povos, em Accra. No início de 1959, uma onda de protestos em Léopoldville fez o governo colonial anunciar eleições locais e um plano de cinco anos para transição para a independência, o que o MNC não aceitou. Lumumba liderou novas manifestações de desobediência civil e pela independência imediata do Congo. Em 30 de Outubro de 1959, foi preso após um acto político em Stanleyville. Com Lumumba preso, o MNC mudou de táctica e entrou nas eleições locais, com uma vitória arrasadora em Stanleyville (90% dos votos). Em Janeiro de 1960, o governo belga convocou uma conferência em Bruxelas com todos os partidos congoleses para discutir a transição política, mas o MNC se recusou a participar sem Lumumba. O governo belga teve de tirá-lo da cadeia directamente para o avião. Na fase final das negociações, já com a presença de Lumumba, foram assinados os protocolos que detalhavam a transição do poder para um governo congolês, com as eleições nacionais em Maio e a data para a independência em 30 de Junho. Apesar de ter saído vencedor no pleito, o MNC não conseguiu formar uma coligação no parlamento. Houve manobras para impedir a sua assunção de autoridade, mas ele acabou convidado a formar o primeiro governo, o que fez em 23 de Junho de 1960. 

Como resultado, Lumumba e seu rival político, Joseph Kasavubu, dividiram o poder, com o primeiro no cargo de Primeiro-Ministro e o segundo como Presidente do país recém-libertado. Pouco tempo depois, o Katanga reivindica a independência, sob a liderança de Moise Tshombé. Kasavubu dissolveu o governo e o coronel Joseph Mobutu liderou um golpe de Estado, em Setembro de 1960. Em prisão domiciliar e sob vigilância de tropas das Nações Unidas, Lumumba tentou fugir da residência em direcção a Stanleyville. Em 17 de Janeiro de 1961, Lumumba foi transferido à força para a cidade de Lubumbashi, no Katanga, onde foi morto por um pelotão de fuzilamento. No início dos anos 2000, após a publicação do livro "O assassinato de Lumumba”, a Bélgica criou uma comissão parlamentar que concluiu que o governo belga teve uma parte da responsabilidade moral na  morte de Lumumba. O governo belga pediu desculpas à família de Lumumba e ao povo da República Democrática do Congo.

 


THOMAS SANKARA

Nasceu em Yako em 1949 no antigo Alto Volta, depois Burkina Faso (o país dos homens íntegros), e faleceu em 1987. Foi Primeiro-Ministro em 1983 desencadeando uma luta contra a corrupção, mudando o nome, a bandeira e o hino do país. Nacionalizou todas as terras e substituiu os veículos dos dirigentes por Renault 5. Aboliu os impostos rurais e lançou o Programa de Desenvolvimento Popular. Foi demitido por um golpe de Estado e supostamente mandado assassinar pelo seu amigo e adjunto Blaise Campaoré, em Outubro de 1987.

 


JOMO KENNYATA

Mzee Kennyata nasceu em Ngenda em 1894, e faleceu em 1978 em Mombassa, com 83 anos. Jomo Kenyatta teve uma longa carreira política. Foi Primeiro-Ministro na antiga África Oriental Britânica (actual Quénia) em 1963 e tornou-se o primeiro Presidente da história do Quénia. Em 1946 fundou a Federação Pan-Africana, com Kwame Nkrumah. Em 1947 fundou a União Africana do Quénia (KAU). Foi alegadamente envolvido, sem provas, com a rebelião nacionalista Mau Mau e foi preso em Outubro de 1952. Kenyatta foi sentenciado, em 1953, a 7 anos de trabalhos forçados e permanente vigilância. Em seguida, foi mandado para o exílio em Lodwar, uma parte remota do Quénia, até 1959. Em 1961, os dois partidos que sucederam à KAU, a União Nacional Africana do Quénia (KANU) e a União Democrática Africana do Quénia (KADU) exigiram que Kenyatta fosse libertado. Kenyatta, preso, foi eleito presidente do KANU. Foi solto em 21 de Agosto de 1961 e a sua tentativa de reagrupar a KAU fracassou. A KANU ganhou 83 dos 124 lugares nas eleições de Maio de 1963. Kenyatta tornou-se Primeiro-Ministro do governo autónomo do Quénia, pedindo aos colonos que não deixassem o país. Manteve o cargo de Primeiro-Ministro após a independência, declarada a 12 de Dezembro de 1963. Um ano mais tarde, o Quénia tornava-se uma República, tendo Kenyatta como Presidente. Kenyatta estabeleceu um regime de partido único baseado na doutrina Haraambee ("Agindo Juntos" em Swahili) e reprimiu os Mau Mau. Em 1964, a KADU juntou-se à KANU, formando um único partido. Ele prosseguiu uma política externa pró-ocidente e anticomunista. Kenyatta foi reeleito em 1966 e no ano seguinte mudou a constituição para ganhar mais poderes. Diversos opositores aparecem mortos, como Tom Mboya e Josiah Mwangi Kariuki. Foi reeleito em 1974, em eleições às quais concorreu sozinho.

 


JULIUS NYERERE

Julius Kambarage Nyerere nasceu em Butiama em 1922 e faleceu em Londres em 1999. Foi Presidente do Tanganyika, desde a independência, em 1962, e, posteriormente, da Tanzânia, até se retirar da política em 1985. Em 1985-86 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Filho de um chefe Zanaki, ficou conhecido por Mwalimu (professor, em Kiswahili), da sua anterior profissão antes de se tornar activo na política, mas também pela sua forma de dirigir. Estudou história e economia política na Universidade de Edimburgo. Foi o primeiro tanzaniano a estudar numa universidade britânica e o segundo a completar um grau universitário fora de África. Em 1954 foi co-fundador do partido Tanganica African National Union (TANU), que levou o país à independência da Grã-Bretanha em 1962. Nyerere foi nomeado, em 1959, Primeiro-Ministro do território semi-independente do Tanganyika e, com a independência, tornou-se o seu primeiro Presidente. Nyerere conduziu a união política entre o Tanganica e o Zanzibar, que levou à constituição da República Unida da Tanzânia em 1964. Em 1977, lidera a fusão do seu partido com o Partido Afro-Shirazi de Zanzibar para formar o Chama cha Mapinduzi (CCM) ou "Partido da Revolução”, em Kiswahili. Governou até 1985 quando decidiu deixar a presidência. Conduziu o país segundo o "Socialismo Africano”, "Ujamaa”, "unidade” ou "família”, em Kiswahili. Depois de deixar a presidência da Tanzânia, Nyerere continuou activo na política internacional, principalmente como presidente do Intergovernmental South Centre e teve um papel central como mediador no conflito no Burundi, em 1996.

 


RUBEN UM NYOBÈ «MPODOL»

Fundador da UNIÃO DAS POPULAÇÕES DOS CAMARÕES-UPC, em 1948, pai do nacionalismo camaronês, primeira personalidade política a reivindicar a independência do seu país, os Camarões, do jugo colonial. Foi morto em 1958 pelo exército colonial francês, contra o qual lutou de armas na mão lançando um movimento guerrilheiro nacionalista na floresta de Sanaga Maritime, depois de os colonialistas terem proibido o seu partido. Teve por companheiros Félix-Roland Moumié e Ernest Ouandié. Ele fez várias intervenções na ONU em 1952-54 e preconizou um «programa-escola» de dez anos com a formação de quadros camaroneses supervisonado pela ONU para atingir a independência nacional. Até 1991, qualquer evocação do seu nome era proibida nos Camarões. Foi preciso a lei da reabilitação de Dezembro de 1991 para o seu nome poder ser pronunciado sem ser crime.

 


MODIBO KEITA

Modibo Keïta foi um político maliano nascido em 1915 em Bamako e foi o primeiro Presidente da República do Mali entre 1960 e 1968 com o seu partido, a Union Soudanaise - Rassemblement Démocratique Africain (US-RDA), que se tornou partido único. Em 1966 sofreu um golpe de Estado liderado pelo tenente Moussa Traoré. Ele defendia o "socialismo africano”. Foi preso e faleceu num campo de detenção em Bamako em 1977.

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