Cultura

Especial 25 de Maio: Líderes africanos independentistas

LÉOPOLD SÉDAR SENGHOR Léopold Senghor nasceu em Joal-Fadiout, a 9 de Outubro de 1906, e faleceu em França-Verson, no dia 20 de Dezembro de 2001. Ele foi para Paris com uma bolsa de estudos e foi o primeiro africano a obter o título de “agregé” numa universidade francesa. Esses anos em França são vitais para o surgimento do movimento da Negritude, em especial depois do seu encontro com o martinicano Aimé Césaire e com Léon Gontran Damas, da Guiana Francesa. Em 1936 foi professor em Tours, mais tarde em Paris.

25/05/2023  Última atualização 08H13
© Fotografia por: DR

Durante a II Guerra, foi feito prisioneiro pelos nazis. Na oportunidade, aprendeu alemão e escreveu poemas que depois foram publicados em Hosties Noires (Hóstias Negras) Depois de libertado, fez parte da Resistência. No fim da guerra é eleito Deputado do Senegal na Assembléia Constituinte Francesa. Quando o Senegal se uniu  ao Sudão para formar a Federação do Mali, Senghor foi presidente da Assembléia Federal. Desfeita a federação, Senghor foi eleito o primeiro presidente do Senegal e permaneceu no cargo até 1980, quando se retirou. Senghor impôs um regime autoritário no país dirigido pelo seu partido UPS e contou com a oposição de Mamadou Dia, que foi preso e condenado a 20 anos de cadeia no centro especial de detenção de Kédougou (Sénégal oriental), cumprindo 11 anos de reclusão.

Em 1968 enfrenta poderosos movimentos reivindicativos na Universidade de Dakar. Em 1983 Senghor foi eleito para a Academia Francesa de Letras. O Movimento da Negritude tem visibilidade com a publicação, em 1932, da revista Légitime Défense por um grupo de estudantes antilhanos. Posteriormente é publicada a revista L’étudiant noir (o Estudante Negro). Aimé Césaire foi o primeiro a usar a palavra negritude num poema. Mais tarde surge a Anthologie de la nouvelle poésie africaine et malgache, com prefácio de Jean Paul Sartre, em que o escritor e filósofo francês escreveu: "Que esperáveis, pois, quando retirásseis a mordaça que tapava estas bocas negras? Que elas vos entoassem louvores?” Com o intelectual senegalês Alioune Diop funda a revista Présence Africaine. Para Senghor, Negritude significava "a soma total dos valores africanos”. Wole Soyinka, nigeriano, primeiro negro a receber o Prémio Nobel de Literatura (1986), reagiu assim, com uma frase, ao movimento da negritude: "O tigre não precisa de proclamar a sua tigritude. Ele salta sobre a presa e mata-a”. O Movimento da Negritude precede em quase trinta anos as Independências dos países africanos. Além do Movimento da Negritude, Senghor é considerado fundador do Socialismo Africano.

Obras principais de Senghor:

1944 — Les classes nominales em wolof et substantifs à initiales nasales

1945 —Chants d’ombre (Cantos da Sombra)

1948 — Hosties Noires (Hóstias negras)

— Anthologie de la nouvelle poésie africaine et malgache

1949 — Chants pour Naëtt

1953 — La apport de la poésie nègre

1954 — Esthéthique négro—africaine

1956 — Éthiopiques (poesia)

1959 — African Socialism

1964 — Liberté I: Négritude et humanisme

1993 —Poema Aux Tirailleurs Sénégalais morts pour la France

 


ALIOUNE DIOP

Alioune Diop nasceu em 10 de Janeiro de 1910 em Saint-Louis, no Senegal, e morreu em 2 de Maio de 1980 em Paris. Foi um intelectual senegalês que fundou a revista Présence Africaine.  Em 1933, foi para Argel estudar na Faculdade de Letras Clássicas, trabalhando para pagar os estudos. Em 1945,  foi nomeado Chefe de Gabinete do Governador Geral da África Ocidental Francesa e senador da IV  República Francesa entre  1946 e 1948, sendo activo na SFIO (Secção Francesa da Internacional Socialista). Foi adversário político de Mamadou Dia e do seu do BDS (Bloco Democrático Senegalês). Em 1947, fundou a revista Présence Africaine, cujo título propôs. O logotipo da Présence Africaine foi inspirado numa máscara  Dogon. A revista foi patrocinada por Paul Rivet, Jean-Paul Sartre, Albert Camus, André Gide, Théodore Monod, Richard Wright, RP Maydieu, Merleau-Ponty, Aimé Césaire. Um dos números desta revista, dedicado às Antilhas e Guiana, será apreendido em 1962 pelo Ministério Público do Sena por "pôr em perigo a segurança do Estado”. Em 1953 , a revista  patrocinou  o documentário Les statues meurent aussi, cujo tema é a arte negra, dirigido pelos cineastas franceses Chris Marker e Alain Resnais. Em 1956 , organizou na Sorbonne o Congresso de Escritores e Artistas Negros que reuniu intelectuais negros. Em 1956, criou a Sociedade Africana de Cultura que organizou o Segundo Congresso de Escritores e Artistas Negros em Roma, em 1959, com o tema  "Unidade das culturas negro-africanas", o primeiro Festival Mundial de Artes Negras em Dakar em 1966, a primeira comemoração da memória da escravidão. Léopold Sédar Senghor chamou-lhe " Sócrates negro”. Um Prémio de Publicação Africano Alioune-Diop foi criado em 1995 pela Organização Internacional da Francofonia.  Em 2011 a jovem universidade de Bambey designa-se   "Alioune Diop University of Bambey.”

 


MONGO BETI

Alexandre Biyidi Awala (Mongo Beti ou Eza Boto), escritor camaronês, nasceu na pequena aldeia de Akometam nos Camarões franceses a 30 de Junho de 1932 e  morreu em  Douala no dia 7 de Outubro de 2011. Beti é o nome do grupo étnico a que pertencia o escritor.

Estudou na escola missionária de Mbalmayo  e vai para a França para prosseguir os seus estudos superiores. Em 1966 é professor agregado em Estudos Clássicos. Sans haine et sans amour é a sua primeira obra, publicada na revista Présence Africaine, dirigée par Alioune Diop, em 1953. O seu primeiro romance é Ville Cruelle, que assina com o pseudónimo Eza Boto. Em 1956 publica o romance  Le Pauvre Christ de Bomba, que provocou escândalo por descrever de forma satírica o mundo missionário e colonial. Depois escreve Mission terminée, em 1957, e  Le Roi miraculé, em 1958.  Em 1974, já professor certificado, publica Perpétue et Remember Ruben. Em 1972, ele publica na François Maspero depois da recusa das edições  du Seuil, o livro Main basse sur le Cameroun, «a autópsia de uma  descolonização», censurado pelas autoridades francesas. Mas a Maspero vence a causa e o livro é publicado em 1976. Em 1978, ele lança, com a esposa Odile Tobner, a revista Peuples Noirs, Peuples africains, até 1991, focada no neocolonialismo. Ele escreve La Ruine presque cocasse d’un polichinelle (1979), Les Deux Mères de Guillaume Ismaël Dzewatama futur camionneur (1983), La Revanche de Guillaume Ismaël Dzewatama (1984), également une Lettre ouverte aux Camerounais ou la deuxième mort de Ruben Um Nyobe (1986) et le Dictionnaire de la négritude (1989, avec Odile Tobner). Em 1991, Mongo Beti regressa aos Camarões, depois de 32 anos de exílio. Em 1993 publica La France contre l’Afrique, retour au Cameroun. Em 1994, cria em Yaoundé la Biblioteca des Peuples Noirs. Ele cria associações de defesa dos cidadãos e publica os romances  L’Histoire du fou, em 1994, Trop de soleil tue l’amour (1999) e Branle-bas en noir et blanc (2000). Em 2001 é hospitalizado em Douala e morre no dia 7 de Outubro.

 


SEMBENE OUSMANE

Sembene Ousmane nasceu em 1923 em Ziguinchor, Casamance, Sénégal) e integrou os atiradores senegaleses mobilizados pelo exército colonial francês durante a Segunda Guera Mundial. Consegue chegar a Marselha, em 1946, e aí trabalha como carregador e estivador, ao mesmo tempo que milita na CGT e descobre o cinema e a literatura. Relatou a sua experiência de imigrado em Le Docker noir, o seu primeiro romamce, em 1956. Então descobre o cinema, que estuda em Moscovo, e em 1963 assina a sua primeira curta-metragem, Borom Sarret, que descreve o dia a dia de um carregador de Dakar e parte para as longa-metragens com La Noire de..., a história de uma empregada doméstica maltratada pelos patrões brancos, a primeira longa-metragem produzida e realizada na África Negra, que recebe o Prémio Jean-Vigo, 

Sembene Ousmane trata com humor as relações sociais na África contemporânea, em Le Mandat, de 1968, mas vai tratar igualmente as páginas mais sombrias da História do Continente, em  Dieu du tonnerre en 1971. e depois Le Camp de Thiaroye, Grande Prémio do Júri de Veneza em 1988 que mostra o massacre dos atiradores senegaleses pelos guardas franceses em 1945. Depois produz a trilogia "L'Héroïsme au quotidien", sobre a condição das mulheres em África, e faz a denúncia da excisão feminina  em Moolaadé em 2004. Faleceu no dia 10 de Junho de 2007 em Dakar.

 


MBILIA BEL

Marie Claire Mboyo Moseka, Mbilia Bel, nasceu a 10 de Janeiro de 1964 no Congo e ainda muito jovem juntou-se a Abeti Masikini e Sam Mangwana, e mais tarde torna-se uma grande cantora congolesa, com a    Afrisa International de Tabu Ley Rochereau. A sua primeira música com Afrisa data de 1982, Mpeve Ya Longo (Espírito Santo en kikongo), uma canção emocionante sobre a violência conjugal. Eswi Yo Wapi, de 1983, marca o início de uma carreira de grande sucesso e ela acompanha  Lisanga ya Bambanda de Tabu Ley, Faux pas et Quelle méchanceté de Dino Vangu. Nos anos 1980, Mbilia Bel desposou 1980, Tabu Ley, Mobali na ngai wana, canção composta por Tabu Ley e Roger Izeidi, é uma  adaptação de uma música em língua kikongo. Em 1987, Tabu Ley convida Faya Tess para acompanhar Mbilia Bel e rumam para o Quénia,   Tanzânia e Rwanda. Em 1987, Mbilia Bel deixa Afrisa e parte para Paris.  Seguem-se os álbuns "Bellissimo","The queen", "Panthéon" "Mobali ya bato", com o concurso de Lutumba Simaro.

Posteriormente, criou em  Kinshasa uma escola de formação profissional para raparigas dos 18 aos 22 anos,

Discografia:;

1983 : Eswi Yo Wapi et Faux Pas

1984 : Loyenghe et Boya Ye

1985 : Keyna et Ba Gerants Ya Mabala/Paka Wewe

1986 : Beyanga

1987 : Contre ma Volonté

1988 : Phénomène (disc d'or)

1991 : Bameli Soy et Désolé

1993 : Ironie (avec Rigo star)

1997 : Nalembi'Marakas d' or, Yalowa et Exploration

1999 : 8/10/Benedicta/8/10

2001 : Welcome (Kora 2002)

2003 : Boyaye

2004 : Belissimo

2010 : Nadina

2011 : The Queen

2013 : Panthéon

2014 : Royaume

2017 : Signature

2018 : Don de Dieu feat. Tshala Muana



HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA

Editor: UNESCO. Páginas: 7277 - 8 volumes

Início: 1964.Os trabalhos foram realizados por 350 especialistas entre historiadores, antropólogos, filósofos e políticos, entre os quais Joseph Ki-Zerbo, Cheikh Anta Diop,Theophile Obenga, Ali Mazrui, Gamal Mokhtar, Bethwell A. Ogot. A obra foi publicada originalmente em inglês e francês, a partir da década de 1980. O objectivo do projecto é a re-interpretação adequada e escrita de histórias africanas e demonstrar a contribuição das culturas africanas passadas e presentes para a história da humanidade em geral. Os especialistas esorçaram-se por resgatar os dados históricos que melhor permitissem acompanhar a evolução dos diferentes povos africanos nos seus contextos socioculturais específicos.

Na obra são realçadas as relações de África com o sul da Ásia através do Oceano Índico, assim como as contribuições africanas a outras civilizações por um processo de trocas mútuas.

 


UBUNTU

Ubuntu é um conceito integral de vida na filosofia da África Subsaariana, cujo significado se refere à humanidade com os outros. Trata-se de um conceito sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade. Ubuntu é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à do "amor ao próximo”.

Ubuntu significa generosidade, solidariedade, compaixão com os necessitados, e o desejo sincero de felicidade e harmonia entre os seres humanos. Ubuntu é usado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão. Ubuntu inspirou Nelson Mandela na promoção de uma política de reconciliação nacional.

"Humanidade para com os outros, fraternidade, compaixão, respeito, cortesia, generosidade, confiança, desprendimento: isto é o espírito de Ubuntu, que orientou a Comissão Verdade e Reconciliação e está presente na lei fundamental de 1995, sobre a Promoção da Unidade Nacional e da Reconciliação. "Sou o que sou graças ao que somos todos nós" ou "Eu Sou Porque Nós Somos”.

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