Cultura

Especial 25 de Maio: figuras africanos

MANU DIBANGO Manu Dibango, Papa Groove, foi um saxofonista e cantor camaronês de world jazz nascido em 12 de Dezembro de 1933 em Douala e falecido no dia 24 de Março de 2020. Em 1949, desembarca em Marselha com 3 quilos de café na bagagem, com que paga os três primeiros meses de estada e de estudos, e interessa-se, ainda muito jovem, pelo jazz, começando a tocar saxofone, rumo ao seu jazz africano, e dirige desta forma em Bruxelas a orquestra Anjos Negros. Encontra Grand Kallé, que o integra na sua orquestra e em 1961 faz uma «tournée» pelo Congo e com a esposa funda a Afro Negro.

25/05/2023  Última atualização 08H36
© Fotografia por: DR

Em 1967, Manu Dibango cria o seu próprio estilo musical e dois anos depois o seu álbum de afro-jazz Saxy Party é um sucesso.

Na década de 1980, criou a Soul Makossa Gang, com o pianista Justin Bowen e a cantora camaronesa Sissy Dipoko. En 1992, grava Wakafrika, convidando Youssou N'Dour, King Sunny Adé, Salif Keïta, Angélique Kidjo, Papa Wemba, Ladysmith Black Mambazo, Geoffrey Oryema, Peter Gabriel, Sinéad O'Connor, Dominic Miller, Tony Allen e Manu Katché. En 2001, colaborou com uma canção num álbum da Cruz Vermelha, Kibwisa Mpimpa, com a cantora Nathalie Makoma. Em 2007, Manu Dibango é o «padrinho» do 20º Festival Panafricain do Cinema e da Televisão de Ouagadougou (Fespaco) e em 2016 é nomeado «grand témoin de la Francophonie» nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro.

 

SALIF KEÏTA

Salif Keita nasceu a 25 de Agosto de 1949, em Djoliba (Mali), Devido ser portador de albinismo, desde cedo conheceu o preconceito.Não conseguiu ser professor devido a insuficiência visual e então escolhe ser cantor, o que lhe causa ainda mais problemas porque a música estava reserada aos griots e não aos príncipes. Ele foi rejeitado pela própria família e viaja para Bamako em 1968, integrando o grupo do saxofonista de Tidiani Koné, le «Rail band de Bamako. Em 1973 ele liga-se a outro grupo, Les Ambassadeurs, e depois instala-se em Abidjan, onde grava o primeiro álbum, Mandjou, no qual rende homenagem ao Presidnte Sekou Touré e ao povo mandinga. Na década de 1980, grava nos EUA e instala-se em França, onde participa em festivais internacionais. Em 1986, grava o álbum Soro, com blues-rock cantados em malinké. O seu terceiro álbum, Ámen, é editado em 1991, e o álbum Folon é dedicado às crianças portadoras de albinismo. Apoia, em Bamako, os jovens músicos malianos. Em 2004, ele é distinguido em Joanesbugo, nos Kora Awards, pela sua carreira. En 2014, participa no festival de música do mundo Esperanzah, como convidado de honra. Salif Keïta foi candidato às eleições legislativas malianas de 2007, nas quais ficou em terceiro lugar, com o Mouvement patriotique pour le renouveau, o Bloc pour la démocratie et l'intégration africaine (BDIA) e o Parti citoyen pour le renouveau (PCR) em Kati, Actualmente, milita no PCR. Em Dezembro de 2020 tornou-se membro do Conselho Nacional de Transição do Mali. Considerado A Voz de Ouro de África, nas suas obras utiliza música islâmica, e instrumentos como balafons, djembês, guitarras, corás, órgãos, saxofones e sintetizadores.

 


MIRIAM MAKEBA

A cantora Miriam Makeba, de nome completo Zenzile Miriam Makeba, nasceu no "township” negro de Prospect, perto de Joanesburgo, a 4 de Março de 1932, e faleceu em Castel Volturno, Itália, em 10 de Novembro de 2008, aos 76 anos. A sua mãe, Christina Makeba, de etnia swazi, era uma curandeira tradicional e empregada doméstica. O seu pai, Caswell Makeba, xhosa, era professor e morreu quando Miriam Makeba tinha seis anos.

 Quando Miriam tinha 18 dias de vida, a sua mãe foi presa e sentenciada a seis meses de prisão por vender um tipo de cerveja caseira feita de malte e fuba. A família não tinha meios para pagar a multa para evitar a pena de prisão, então a bebé Miriam passou os primeiros seis meses da sua vida na cadeia. Após a morte do pai, ela viu-se forçada a encontrar um emprego e passou a fazer serviços domésticos a famílias brancas. A sua mãe tocava vários instrumentos tradicionais e o seu irmão mais velho possuía discos de Duke Ellington e Ella Fitzgerald e ensinava-lhe as canções. O seu pai tocava piano e, assim, a sua aproximação à música foi aceite pela família.

Com a banda Manhattan Brothers, que tocava canções sul-africanas e música negra norte-americana, ela gravou o seu primeiro sucesso em 1953, "Laku Tshoni Ilanga”, e ganhou reputação nacional. Conhecida como "Mamã Africa” já nos anos 1970, foi uma importante activista contra o apartheid sul-africano. Em 1959 participou no documentário "Come Back Africa”, apresentado no Festival de Veneza. A sua canção "Pata Pata” foi um grande êxito mundial. Foi embaixadora da boa vontade da ONU em 1999 e fez campanha por causas humanitárias. Começou a cantar profissionalmente na década de 1950 em conjuntos sul-africanos como os Cuban Brothers, os Manhattan Brothers e um grupo feminino, Skylarks, apresentando uma mistura de jazz, melodias tradicionais africanas e música pop ocidental. Em Londres, conheceu o cantor norte-americano Harry Belafonte e muda-se para Nova Iorque, onde gravou o seu primeiro álbum a solo em 1960 e onde floresceu como cantora.

Com Harry Belafonte, recebeu um prémio Grammy pelo seu álbum "An Evening with Belafonte-Makeba”, em 1965. Logo após o massacre de Sharpeville, em 1960, Miriam Makeba soube que a sua mãe tinha morrido. Quando ela tentou voltar para casa para o funeral, viu que o seu passaporte sul-africano tinha sido bloqueado. Dois membros da sua família tinham morrido no massacre. Com as mortes em Sharpeville, ela sentiu-se com a responsabilidade de participar activamente na luta contra o apartheid. Testemunhou contra o Governo racista sul-africano nas Nações Unidas e envolveu-se no movimento pelos direitos civis nos EUA. O seu primeiro disco incluía a canção "Qongqothwane”, "The Click Song”, em língua xhosa. Em 1962. Miriam Makeba e Harry Belafonte cantaram na festa de aniversário de John F. Kennedy no Madison Square Garden.

Em 1964 ela lançou o seu segundo álbum de estúdio, "The World of Miriam Makeba”. Tornou-se amiga de Nina Simone, cantora e activista, com quem se apresentou no Carnegie Hall. O músico brasileiro Sivuca apoiou Miriam Makeba na sua performance e em 1969 chegou a ser agredido em Estocolmo por motivos raciais, por actuar com uma cantora negra. Miriam Makeba casou-se com Stokely Carmichael, líder do Partido dos Panteras Negras, em Março de 1968, o que lhe valeu a animosidade e boicote de parte da população branca dos EUA e passou a ser vigiada pela CIA e pelo FBI. Proibida de regressar aos EUA, por cancelamento do visto, foi para a Guiné Conacri de Sekou Touré e só regressou aos EUA em 1987. As suas músicas foram proibidas na África do Sul racista. Anos antes, em 1962, ela visitou o Quénia em apoio à independência do país e ofereceu fundos ao líder nacionalista Jomo Kenyatta. Neste ano ela testemunhou perante a Comissão Especial das Nações Unidas para o Apartheid defendendo a adopção de sanções económicas contra o Governo racista da África do Sul e um embargo de armas ao país. A sua música foi mais uma vez proibida na África do Sul racista e a sua cidadania revogada, tornando-se apátrida, mas a Argélia, Bélgica e Ghana concederam-lhe a cidadania. Miriam Makeba chegou a possuir nove passaportes e teve cidadania honorária concedida por dez países.

 


ABDULLAH IBRAHIM

Abdullah Ibrahim, com nome de nascimento Adolph Johannes Brand, e conhecido também como Dollar Brand, nasceu a 9 de Outubro de 1934 na Cidade do Cabo, África do Sul e é um pianista de pazz e compositor. Ligou-se ao movimento anti-apartheid desde muito novo e exilou-se na Europa de 1962 a 1968. Converteu-se ao islamismo e adoptou o nome de Abdullah Ibrahim. No início dos anos 1960, formou o grupo The Jazz Epistles com Hugh Masekela.  Em 1965, Duke Ellington convida-o para o Newport Jazz Festival e depois toca a solo no Carnegie Hall. A sua música está ligada à música negra e à luta contra o apartheid. En 1976, compõe Mannenberg um hino da luta de Soweto contra a repressão racial. Com o fim do apartheid, regressa ao seu país.  Em 2016, no Emperors Palace, em Joanesburgo, Abdulah Ibrahim e Hugh Masekela actuam juntos pela primeira vez em 60 anos, juntando os Jazz Epistles para comemorar o 40.º aniversário nas manifestações juvenis de 16 de Junho de 1976 no Soweto.

 


WOLE SOYINKA

Wole Soyinka, nascido em Abeocutá a 13 de Julho de 1934, de família yoruba, é um dramaturgo, romancista, poeta e ensaísta nigeriano que recebeu o Prêmio Nobel da Literatura de 1986, por "numa ampla perspectiva cultural e com tons poéticos que moldam o drama da existência". Ele desempenhou um papel activo na política da Nigéria rumo à independência do domínio colonial britânico. Em 1967, durante a Guerra Civil Nigeriana, foi preso pelo governo federal do General Yakubu Gowon e colocado em prisão solitária durante dois anos, por se ter voluntariado como  mediador.  Na prisão ele escreveu poemas que viriam a ser publicados com o título Poems from Prison. Ele contou a sua experiência na prisão no livro The Man Died: Prison Notes. Soyinka foi desde sempre um crítico dos governos nigerianos. Muitos dos seus escritos tratam do que ele chama "the oppressive boot and the irrelevance of the colour of the foot that wears it", Durante o governo de Sani Abacha (1993–1998, ele exilou-se nos EUA, onde leccionou a cadeira de Creative Writing na  Universidade de Nevada, na cidade de Las Vegas. Soyinka, hoje octogenário, continua a ser defensor das causas dos direitos humanos no mundo. Ele foi o primeiro escritor africano a receber o Nobel, em 1986. O seu livro Os Intérpretes, dee 1965, é um clássico.

 


CHINUA ACHEBE

Chinua Achebe (Ogidi, 16 de Novembro de 1930 – Boston, 21 de Março de 2013) foi um romancista, poeta, crítico literário e um dos autores africanos mais conhecidos do século XX. Achebe escreveu cerca de 30 livros, alguns dos quais retrataram a depreciação que o Ocidente faz sobre a cultura e a civilização africanas, bem como os efeitos da colonização do continente pelos europeus, mas também escreveu obras abertamente críticas à política nigeriana.Quando chegou à Universidade, ele renegou o seu nome britânico, Albert, para assumir o seu nome ibo Chinualumogu (Chinua é abreviação). A sua obra mais conhecida é O Mundo se Despedaça (Things Fall Apart), publicada em 1958, quando ele tinha 28 anos, traduzida para mais de cinquenta línguas. O romance trata dos conflitos entre o governo colonial britânico e a cultura ibo. A paz dura pouco, A flecha de Deus e A educação de uma criança sob o protectorado britânico também são célebres. Em 1990 passou a viver nos EUA. Mesmo com problemas motores devido a um acidente de viação, ele leccionava na Universidade de Brown. Achebe criticava frequentemente os dirigentes nigerianos, pela corrupção e má administração do país, tendo recusado por duas vezes ser condecorado pelas autoridades nigerianas. Em 2007, foi galardoado com o Prémio Internacional Man Booker. Em 2012, ele lançou o livro There was a Country: a Personal History of Biafra, onde lembra as suas vivências na época do conflito no Biafra..Achebe desempenhou funções diplomáticas e fez parte do Ministério de Informação do Biafra até ao fim da guerra. Achebe morreu em Boston, aos 82 anos, em 22 de Março de 2013.

 


GEORGE WEAH

O antigo futebolista George Tawlon Manneh Oppong Ousman Weah é o   25.º Presidente da Libéria. Nascido no dia 1 de Outubro de 1966, está filiado no Partido          Congresso para a Mudança Democrática. Como futebolista atingiu o auge pelo AC Milan, entre 1995 e 2000. Em 1995, foi eleito o primeiro futebolista não europeu a receber o prêmio Melhor Jogador do Mundo pela FIFA e a Bola de Ouro da France Football. Em 1992, jogou no Paris Saint-Germain e onquistou a Ligue 1 e mais duas Taças de França, e em 1995 foi para o AC Milan. Em 2001, assumiu a condição de treinador da seleção liberiana, ao mesmo tempo em que continuou como atacante do Olympique Marseille. Em 2018, Weah, já como presidente da Libéria, voltou a defender a Libéria em jogo amistoso com a Nigéria, jogando 78 minutos. Além da Libéria, Weah também jogou na Seleção da FIFA por 4 vezes, entre 1991 e 1998. Com a sua Fundação George Weah, ajudou as vítimas da Primeira e Segunda Guerras Civis da Libéria. Em 2005, concorreu à presidência do seu país, sendo derrotado pela candidata Ellen Johnson-Sirleaf. Em 2014 foi eleito senador de Montserrado com 78% dos votos. Concorreu novamente nas eleições de 2017, sendo eleito presidente da Libéria.

 


CHEIKH ANTA DIOP

 Cheikh Anta Diop nasceu em 7 de Fevereiro de 1986 em Dakar. Foi um historiador e antropólogo senegalês. Nos seus estudos, ele sublinhou a contribuição de África e, em particular, da África Negra, para a cultura e a civilização mundiais.  Aos 23 anos foi para Paris estudar física e química, mas interessou-se  pela História vista especificamente pelos africanos.  

Obras de Cheikh Anta Diop:-Nations nègres et culture : de l’antiquité nègre égyptienne aux problèmes culturels de l’Afrique noire d’aujourd’hui (1954)

-L’unité culturelle de l’Afrique noire  (1959)

 -L’Afrique noire précoloniale. Étude comparée des systèmes politiques et sociaux de l’Europe et de l’Afrique noire de l’antiquité à la formation des États modernes 1960)

-Les fondements culturels techniques et industriels d’un futur État fédéral d’Afrique noire

-Antériorité des civilisations nègres, mythe ou vérité historique ? (1967)

-Parenté génétique de l’égyptien pharaonique et des langues négro-africaines (1977)

-Civilisation ou barbárie  (1981)

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