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Espanha expulsa 4 mil marroquinos de Ceuta

Cerca de quatro mil migrantes foram devolvidos a Marrocos por Espanha, depois de quase 8 mil terem chegado ao enclave de Ceuta, nos dois últimos dias, de acordo com dados actualizados divulgados, ontem, pelo Ministério do Interior espanhol e referidos pela Efe.

20/05/2021  Última atualização 11H02
© Fotografia por: DR
 O ministério anunciou, também, o envio de novos reforços da Polícia local para fazer frente ao fluxo maciço e repentino de milhares de migrantes no enclave espanhol, a partir do vizinho Marrocos.
Para além dos 200 já enviados na terça-feira, foram destacados, ontem, mais 50 agentes, enquanto outros 150 estão em stand by, ainda no contexto desta crise migratória, num clima de tensões diplomáticas entre Madrid e Rabat. Desde segunda-feira, quase oito mil migrantes entraram no enclave espanhol de Ceuta a nado ou a pé, uma onda migratória sem precedentes. Ao mesmo tempo, na terça-feira, 86 migrantes, de um total de mais de 300, entraram no enclave de Melilla, localizado a 400 quilómetros a leste.

Depois de a ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Arancha González Laya, ter chamado a embaixadora marroquina em Espanha, Karima Benyaich, para expressar o desagrado pela situação, a diplomata foi também convocada por Rabat.

O Primeiro-Ministro espanhol, Pedro Sánchez, esteve em Ceuta, prometendo "restaurar a ordem” no enclave e descreveu os acontecimentos como "uma grave crise para Espanha e também para a Europa”.
Por sua vez, o ministro dos Direitos do Homem marroquino considera que Espanha sabia "que o preço de subestimar” Marrocos "era muito caro”, após decidir acolher o secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, um "inimigo” do seu povo.Numa nota publicada na rede social Facebook, o ex-ministro da Justiça marroquino Mustafa Ramid disse que Espanha optou pela "relação com a Frente Polisário” e com a Argélia, país que protege esse movimento, "às custas da sua relação com Marrocos”.
O político magrebino indicou que Marrocos "sacrificou muito pela boa vizinhança” e "deve ser objecto da atenção” da nação vizinha e da sua grande preocupação no que se refere à Frente Polisário.
O ministro dos Direitos do Homem marroquino considera que Espanha sabia "que o preço de subestimar” Marrocos "era muito caro”, após decidir acolher o secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, um "inimigo” do seu povo.
Espanha e Marrocos estão a passar por uma crise diplomática sem precedentes depois de Madrid ter concordado em receber o líder da Frente Polisário por motivos humanitários e mantê-lo hospitalizado num centro de saúde na região de La Rioja.
 
Medida de retaliação

Marrocos respondeu, permitindo que milhares de migrantes sem documentos entrassem em Espanha nas últimas horas através da fronteira com a cidade espanhola de Ceuta, no Norte da África.
O Governo espanhol teve de mobilizar o exército e avisou Marrocos que defenderá a integridade territorial das suas fronteiras "com todos os meios”, e o Primeiro-Ministro, Pedro Sánchez, foi a Ceuta manifestar solidariedade para com a cidade neste momento único na sua história.

"A aceitação do Estado da Espanha em receber o presidente do grupo armado Polisário, em hospedá-lo num dos seus hospitais com falsa identidade, sem levar em conta a boa vizinhança que exige coordenação e consulta, ou pelo menos, notícias nestes casos, é irresponsável”, assegurou Mustafa Ramid.
Ceuta e Melilla, as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com África, são regularmente palco de tentativas de entrada de migrantes, mas esta maré humana não tem precedentes.

Embora Rabat seja um aliado fundamental de Madrid na luta contra a imigração ilegal, as relações diplomáticas entre os dois países deterioraram-se desde que Espanha recebeu, no final de Abril, o líder dos separatistas saharauís da Frente Polisário, Brahim Gali, para ser tratado devido à Covid-19, uma decisão que despertou a ira de Rabat.

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