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Angola participou, na quarta-feira, no Rio de Janeiro, Brasil, no acto de formalização e pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no âmbito da Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, cuja delegação angolana é chefiada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.
Os mares de Angola estão a registar, nos últimos tempos, uma certa escassez de determinados tipos de peixes, por estes verem-se forçados a abandonar o habitat normal, devido ao aquecimento das águas.
O facto resulta das alterações climáticas e verifica-se um pouco por quase toda a costa, segundo a ministra das Pescas e Recursos Marinhos.
Carmem do Sacramento Neto disse, ontem, no Dubai, à margem da Conferência das Partes - COP28 das Nações Unidas, que esse factor obriga a que os pescadores gastem mais recursos e percorram maiores distâncias a procura do pescado.
"O aquecimento das águas oceânicas está a afectar, significativamente, o ciclo de reprodução contínua de várias especies marinhas, com realce aos peixes de uso comum, crustáceos e moluscos”, precisou.
Carmem Neto explicou à imprensa angolana, na COP28 que as altas temperaturas nos mares aumentam a acidez oceânica e isso faz com que os moluscos e crustáceos tenham as carapaças e conchas mais moles. E, isso altera, negativamente, as qualidades naturais dos mesmos. Já em relação aos peixes, por serem mais móveis, estes deslocam-se para cada vez mais longe. Com os intervalos longos de temperaturas fixas, as diferentes espécies de peixe vão-se alterando na procura de águas com temperaturas mais frias.
"Daí registarmos, cada vez menos, peixe de consumo comum nos mares e vão surgindo também outras espécies que antes não consumíamos, mudando assim o padrão alimentar das populações”, explicou.
Para a ministra da Pescas e Recursos Marinhos, Angola precisa olhar agora para a capacidade interna de segurança alimentar, o que pode passar inclusive por promover outras espécies para o consumo.
De acordo com Carmem Neto, o objectivo da participação de Angola na COP28 é, também, fazer entender aos líderes mundiais que os oceanos estão a chegar aos limites, porquanto eles servem como esponja das alterações climáticas, por absorverem as altas temperaturas. Todavia, acrescentou, este fenómeno representa para Angola um retrocesso da biodiversidade, pois causa a diminuição da mesma face ao aquecimento das águas.
"Em consequências disso, umas espécies marinha deslocam-se para longe e outras perdem as características”, alertou.
Mudanças
nos mares
Os mares de Angola já sofrem com os impactos das altas temperaturas. E prova disso, são as diferenças de temperaturas clássicas.
"Porque o Sul tinha águas muito mais frias e o Norte recebia ainda algumas águas frias da corrente de Benguela. Hoje, vê-se que a corrente do golfe da Guiné que traz as águas quentes, está, cada vez mais, a fazer maior incursão”, lamentou.
A titular da pasta das Pescas e Recursos Marinhos realçou que as altas temperaturas absorvidas pelos oceanos causam, igualmente, o amento dos níveis das águas, sendo que, todas as costas dos continentes registam cada vez menos espaços.
"E Angola, com a grande costa que tem, cerca de 1.650 quilómetros, está muito preocupada com este fenómeno do aquecimento dos oceanos.
Por esta razão, disse, o Estado traçou a estratégia visando a sustentabilidade dos oceanos, aliada á sua conservação, porque é urgente que o país garanta a preservação destes grandes mares.
Plásticos
de uso Comum
Em relação às quantidades de plásticos de uso comum que têm sido deitadas aos mares, a ministra das Pescas diz existir já um plano conjunto com o Ministério do Ambiente, que visa o banimento destes plásticos, diminuindo assim a sua afluência nas águas marítimas.
Com isso, os oceanos acabam por ser o balde do lixo das sociedades e, futuramente, o mundo vai pagar muito caro, na visão da também bióloga Carmem Neto.
Disse que o Estado angolano quer que que cada cidadão pense na sua capacidade do uso de plásticos e quando os comprar tenha em atenção como vai manuseá-los.
A ministra afirmou ainda que o país está a trabalhar em programas de uso correcto de todo tipo de plásticos, porque quando estes vão parar aos oceanos, acabam por fragmentar-se ao longo dos anos, criam lixos sólidos e os peixes alimentam-se deles.
"Isso é um forte indicador de que nós já nos alimentamos de micro plásticos. Daí ser urgente traçarem-se políticas públicas, para permitir que todos tenhamos consciência das nossas acções em relação ao uso dos plásticos”, finalizou.
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