O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, voltou, sexta-feira (20), a ameaçar vetar a entrada da Suécia e Finlândia da OTAN caso os membros da Aliança prossigam o apoio às milícias curdas sírias, que considera “terroristas”, e a outras organizações.
"Não podemos aceitar que a OTAN, uma organização de segurança, acolha organizações terroristas”, declarou o Presidente turco numa referência à presença de militantes curdos, na maioria exilados, em diversos países europeus.
O líder turco lamentou que a União Europeia (UE) considere o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, a guerrilha curda da Turquia), uma "organização terrorista”, mas não abranja nesta classificação as milícias curdas Unidades de Protecção Popular (YPG), que actuam no Norte da Síria.
As YPG estão integradas nas Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelos curdos), e desde o início do conflito nesta região do Norte da Séria foram apoiadas por Washington e europeus no combate aos 'jihadistas' do Estado Islâmico, apesar de Ancara as definir como a extensão síria do PKK.
A ameaça de criação da designada Administração Autónoma do Norte e Leste da Síria (Rojava) junto às suas fronteiras, foi aliás o motivo essencial que implicou a intervenção militar turca no Norte do país vizinho, desencadeada em 2016.
Erdogan assinalou que já explicou por diversas vezes durante encontros com dirigentes europeus, e apoiado por documentos, que as YPG são uma "organização terrorista, proveniente do PKK”.
"Em todas as regiões da Alemanha, Suécia, Finlândia ou França, as organizações terroristas fazem manifestações, realizam desfiles, sobretudo na Alemanha. Aos seus dirigentes fornecem segurança. Não os entregam a nós”, observou.
O Presidente turco, em declarações à saída da oração de sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, indicou ainda que contactou com o Primeiro-Ministro holandês, Mark Rutte, e que responsáveis britânicos e finlandeses solicitaram um contacto, previsto para hoje. "Depois, também falaremos com o secretário-geral da OTAN, Stoltenberg”, declarou.
"Prosseguiremos a diplomacia do telefone”, acrescentou o Chefe de Estado turco, reiterando a sua hostilidade aos países que "acolhem terroristas”.
Na quinta-feira, Stoltenberg assegurou que a OTAN pretendia responder às inquietações da Turquia com o objectivo de encontrar "um acordo para seguir em frente”, e o Presidente finlandês, Sauli Niinisto, manifestou disponibilidade "para discutir”, aproveitando para "condenar o terrorismo sob todas as suas formas”.
Grécia denuncia violação do seu espaço aéreo
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Grécia denunciou, ontem, a "violação sem precedentes” do espaço aéreo do país por caças turcos, e assinalou que esta acção "compromete a coesão da OTAN” num período de "crítica conjuntura”.
Segundo o comunicado, os caças turcos entraram no espaço aéreo grego e chegaram a voar "a apenas 2,5 milhas náuticas” da cidade portuária de Alexandrópolis, no Norte do país.
Esta nova incursão constitui "uma escalada muito óbvia da provocação turca” e "uma ameaça para a União Europeia numa crítica conjuntura, pelo facto de o porto de Alexandrópolis constituir um eixo central de transporte de forças para fortalecer os nossos aliados”, segundo o comunicado.
Apesar de ocorrerem com frequência voos de aviões militares turcos no espaço aéreo grego - no final de Abril registaram-se 126 incursões por caças e drones turcos no espaço de 24 horas -, na maioria das vezes limitam-se a sobrevoar ilhéus fronteiriços.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Nikos Dendias, enviou um protesto formal ao embaixador da Turquia na Grécia, e foram ainda "emitidas instruções para informar os nossos aliados e parceiros, assim como a UE, a OTAN e a ONU”, prosseguiu o Ministério.
Nos últimos anos a Grécia denunciou repetidamente a Turquia por violações do seu espaço aéreos sobre as ilhas do mar Egeu, que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, qualifica de "zonas cinzentas”.
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