Política

Encontro entre João Lourenço e Joe Biden é oportunidade para impulsionar as relações

Edna Dala

Jornalista

O embaixador norte-americano acreditado em Luanda, Tulinabo Mushingi, considera o encontro entre os Presidentes João Lourenço e Joe Biden, marcado para amanhã, na Casa Branca, reflexo do reconhecimento dos resultados positivos da parceria entre Angola e os Estados Unidos da América (EUA) e uma oportunidade para impulsionar, ainda mais, as relações entre os dois povos.

29/11/2023  Última atualização 06H19
Diplomata considera que Administração do Presidente Biden está empenhada em potenciar o desenvolvimento com vantagens mútuas © Fotografia por: DR
No comunicado tornado público ontem, por ocasião do encontro entre os dois Chefes de Estado, o diplomata apontou a visita uma demonstração significativa da parceria que registou, nos últimos 30 anos, um "crescimento drástico”, facto que, no seu entender, reflecte o reconhecimento dos respectivos líderes de que Angola e os Estados Unidos podem obter resultados maiores para os respectivos povos.

Tulinabo Mushingi, que vai participar igualmente no encontro na residência oficial do Presidente dos EUA, fez saber que a Administração Biden está empenhada em criar, com o Executivo angolano, mais oportunidades para potenciar o desenvolvimento com vantagens mútuas.

Durante o encontro, espera-se que os dois Presidentes discutam o crescimento dos investimentos dos EUA em Angola, o aumento do comércio bilateral e o reforço da cooperação nas iniciativas de parceria para as infra-estruturas e investimentos globais, nos domínios do clima, energia e das infra-estruturas transformadoras, como a do Corredor do Lobito.

Tulinabo Mushingi disse acreditar que a visita vai servir para reforçar a liderança de Angola em iniciativas fundamentais de paz e segurança a nível regional e mundial. "Depois do meu regresso a Angola, aguardo com expectativa  a oportunidade de discutir com mais pormenores  o resultado da reunião”, concluiu o embaixador norte-americano.

Angola e os EUA estabeleceram relações diplomáticas formais em 1993. Actualmente, Angola é o terceiro maior parceiro comercial dos EUA na África Subsaariana, devido, sobretudo, à exportação de petróleo. Os dois países cooperam em vários domínios, com realce para o comércio, as finanças, a energia, indústria transformadora, segurança, saúde e justiça. As trocas comerciais entre Angola e os EUA atingiram, até Novembro de 2019, cerca de 1,4 mil milhões de dólares.

 
Nova imagem para Angola

O analista político Joseph dos Santos disse que o encontro entre os dois estadistas, na sala oval da Casa Branca, marca, igualmente, a entrada de Angola num novo campo da política internacional.

Em declarações ao Jornal de Angola, Joseph dos Santos sublinhou que a visita também vai catapultar a imagem do país, tendo em conta que a principal bandeira do Chefe de Estado angolano, em execução desde 2017, vai ao encontro daquilo que sempre foi a bandeira dos americanos em matérias de igualdade, combate à corrupção, nepotismo e a igualdade na distribuição da riqueza, além da liberdade de expressão.

Entre os temas a serem abordados, Joseph dos Santos apontou, igualmente, a segurança regional, por ser das matérias que o Presidente João Lourenço tem levado a cabo, com destaque para a situação na RDC, Rwanda, República Centro-Africana e outras regiões.

Para o analista, a estabilidade de modo geral na África subsariana, bem como a questão do Golfo da Guiné e a sua segurança é uma matéria que também muito interessa o Presidente Joe Biden e, nisto, "penso que pretende ouvir (a opinião) do principal play maker da região e Campeão da Paz”.

"Trata-se de matérias que o Presidente João Lourenço tem advogado muito e hoje Angola se encontra numa posição muito melhor para também discutir esses assuntos e outros com os Estados Unidos da Américá”, ressaltou Joseph dos Santos.

 

Estímulo à balança comercial

Joseph dos Santos acredita que o encontro entre os Presidentes Joe Biden e João Lourenço vai, igualmente, impulsionar a balança comercial. "Basta olharmos para as políticas de atracção de investimentos que o Presidente João Lourenço tem promovido”, sustentou.

Na óptica do analista, hoje temos cidadãos norte-americanos que podem entrar para o país sem muitas burocracias e visto. Esta medida, disse, vai permitir que empresários norte-americanos invistam no país e olhem para esta diversidade de riqueza não explorada.

Em 2021, lembrou, o PIB dos EUA registou 22.9 biliões de dólares, tendo em 2023 aumentado para 26.9 biliões de dólares. "Estamos a falar da maior e mais robusta economia do mundo”, sublinhou.

Esta economia, em termos de bens e serviços, prosseguiu Joseph dos Santos, tem muito para oferecer para Angola, que é um mercado praticamente virgem, comparado com o dos Estados Unidos da América.

Toda esta matriz, quer da abertura do país em termos legais e de um discurso mais flexível, contribui para atracção e captação de investimentos americanos e permitir que tudo aquilo que for produzido localmente seja exportado para os Estados Unidos.

"Infelizmente ainda temos uma balança comercial muito inclinada para o sector dos minerais. O petróleo é que Angola mais exporta para os Estados Unidos, mas penso que, nos próximos tempos e em função desta nova visita, poderá acontecer uma alteração”.

Sobre o Corredor do Lobito, uma das questões da agenda dos dois Chefes de Estado, os americanos investiram mais de 930 milhões de euros neste projecto, que combina três países, nomeadamente Angola, RDC e a República da Zâmbia.


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