Cultura

Encenador defende inclusão da dramaturgia no ensino em Angola

A inexistência de projectos de continuidade no teatro infantil tem sido um dos principais entraves ao desenvolvimento das artes cénicas feita por menores, para o encenador do grupo Enigma, Tony Frampênio.

27/03/2023  Última atualização 13H48
Encenador defende inclusão da dramaturgia no ensino em Angola © Fotografia por: DR



Em entrevista ao Jornal de Angola, por ocasião do Dia Mundial do Teatro, assinalado hoje, o encenador criticou o estado ao qual tem sido relegada às artes cénicas infantis. "É desolador ver, com frequência, o surgimento de alguns grupos infantis e passado uns anos a saber que estes desapareceram, por falta de apoio”.

Actualmente, apontou, existem poucos grupos de teatro infantil. "Alguns grupos, com base nos investimentos feitos, ainda conseguem manter vivo os projectos de continuidade nas artes cénicas infantis”, disse.

O Horizonte Njinga Mbande Infantil, o Sol Teatro, o grupo Bucos, as Estrelas do 1º de Maio e As Fabulosas têm sido, destacou, exemplos de perseverança neste domínio. "A verdade é que não existem muitos grupos infantis. Geralmente, eles são criados quando aproxima-se uma efeméride relacionada às crianças. Depois, desaparecem com o final da actividade”, lamentou.

Entre as causas para a não afirmação dos grupos, destacou, estão a falta de apoios financeiros, de leis para incentivo da prática nas escolas, especialistas em dramaturgia infantil e salas de exibição adequadas. "Não existem oportunidades para as crianças”.

 

Dificuldades

A maioria dos grupos de teatro, quer seja de adulto ou infantil, têm dificuldades na aquisição dos adereços e outros acessórios para os espectáculos infantis. "Geralmente são encontrados nos fardos, nos mercados informais e em algumas lojas. Porém, ainda são em número muito reduzido e caros. Quem tem apoio financeiro consegue comprar, mas quem não tem prefere pedir a alguém para confeccionar”, descreveu Tony Frampêncio.

O encenador adiantou ainda que a montagem do cenário e a aquisição do figurino são muito caros. "Por isso, o teatro infantil não consegue evoluir. É necessário que a Lei do Mecenato dê mais oportunidades e incentivo a quem investe nas artes. Os produtores têm de fazer sacrifício para conseguirem montar os espectáculos”.

Para Tony Frampêncio, é preciso que haja um conjunto de políticas para melhorar a situação do teatro infantil em Angola. "O teatro é a escola da vida. Um teatro sensível e bem elaborado pode construir uma sociedade humanizada”, disse.

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