Economia

Empresas nacionais ganham cultura de auditoria corporativa

Hélder Jeremias

Jornalista

As reformas económicas e administrativas implementadas pelo Governo, bem como a nova legislação estão a contribuir para que as empresas angolanas ganhem cada vez mais a cultura de ter as contas auditadas, processo que resulta em vantagens para os negócios.

20/05/2024  Última atualização 10H09
Nova legislação condiciona homologação das contas ao parecer de uma auditoria externa © Fotografia por: DR

A revelação foi feita ao Jornal de Angola pelo presidente da mesa da assembleia-geral da Associação de Auditores Internos de Angola (IIA Angola).

Ladislau Ventura falou sobre os preparativos da Conferência Anual de Auditores, que a Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas, em Luanda, acolhe já na quarta-feira.

O responsável enalteceu o trabalho do Executivo angolano na busca de gestão cada vez mais transparente nas instituições do Estado.

Sublinhou que "é impossível falar de ética e ser profissional sem aferir a qualidade e o crédito pessoal, o que pressupõe a criação de condições para contribuir na melhoria da  situação económica do país, que passa pela qualidade do serviço prestado nas áreas de Contabilidade, Auditoria Interna, e dos técnicos em geral".

Ladislau Ventura disse que o facto de se tratar de uma actividade relativamente nova no mercado, existe ainda alguma relutância na busca de serviços de auditoria externa. Todavia, não se pode perder de vista as limitações do auditor interno pelo facto deste ser um funcionário da organização, enquanto o auditor externo tem maior liberdade em apresentar o quadro da instituição sem sonegar informação.

Os serviços de auditoria externa financeira e forense em Angola são prestados pelas chamadas 'Big four (quatro maiores, em inglês), responsáveis por 66,7% das maiores companhias americanas: EY, com 860 empresas na carteira de clientes, a Deloitte (642), a Pricewaterhouse Coopers (PwC), que conta com 577 e a KPMG, que presta serviços a 516 organizações, de acordo com dados.

"A auditoria  externa é necessária por lei, porque para homologar as contas  das instituições tem que existir as contas homologadas pelo parecer do auditor externo, uma vez que o auditor interno tem o interesse que as contas sejam homologadas e poderia sonegar algumas realidades, que depois passem despercebidas, muito embora o código de ética diga que se não deve", disse.


Luanda acolhe Conferência Anual de Auditores Internos

"O Papel da Auditoria Interna na Elevação do Comportamento Ético: Benefícios e Oportunidades para as Organizações Angolanas" é o tema da Conferência Anual de Auditoria Interna, a ter lugar quarta-feira, no auditório da Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas (ENAPP), em Luanda.

Promovido pala Associação dos Auditores Internos de Angola (IIA Angola), o certame vai juntar a nata de especialistas para fazer uma ampla abordagem de assuntos ligados à profissionalização, com meta na troca de experiências  e contribuir para a melhoria do ambiente ético das organizações, na perspectiva do programa do Executivo em promover um melhor ambiente de negócios por meio da transparência.

O presidente da mesa da assembleia-geral da IIA Angola, Ladislau Ventura, disse, em declarações ao Jornal de Angola, que o evento será prestigiado pela presença de figuras de proa internacional, tais como o  presidente do Conselho de Ética da Presidência da República Federativa do Brasil,  Manuel Ferreira e a presidente do IIA no Mali, Hawaly Kone, na qualidade de investigadora chefe da Agência de Luta contra a Corrupção da República do Mali.

Na agenda da conferência inclui ainda as apresentações do académico especialista em Avaliação de Qualidade em Auditoria Interna, Luís Lee, o especialista em Gestão de Risco, António Brasileiro, além de intervenções de outros técnicos nacionais e estrangeiros de elevada experiência nos domínios da Contabilidade, Auditoria Forense, Gestão de Risco, Compliance, entre outros.

Constituída em 2012, a IIA Angola realizou a primeira Conferência Anual  de Auditoria Interna em 2014, , mas factores imprevisíveis de conjuntura internacional têm viabilizado a regularidade pretendida, tal como o surgimento da pandemia da Covid- 19, cujo impacto resultou na paralisação de vários segmentos da economia mundial.

"Em 2014, fizemos a nossa primeira Conferência Internacional, na qual convidámos   prelectores, como sempre,  e por razões económicas houve um interregno até 2017. Outro interregno foi por ocasião do surgimento da pandemia, em que todos ficámos limitados", disse.

O responsável justificou a preferência do formato presencial porque, no entender dos membros da IIA Angola, o evento não se cinge apenas em observações, na medida em que o objectivo é fazer abordagem exaustiva dos temas ou demonstrações de ética profissional, fundamentos científicos.

"Este tipo de conferência permite um contacto de proximidade, isto é, que os especialistas de várias geografias possam se conhecer pessoalmente  e trocar impressões, uma vez que a auditoria interna é realizada em ambientes diversificados. O trabalho realizado no sector da Aviação é diferente daquele que é feito num hospital, tal como existe diferença entre a Auditoria Interna na Função Pública e no sector empresarial privado e estatal", sustentou.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Economia