Política

Empresa americana AdvantHealth quer implementar cirurgia robótica no país

César Esteves

Jornalista

A empresa norte-americana AdventHealth está interessada em contribuir no processo de melhoria do Sistema Nacional de Saúde (SNS), a começar pela implementação da cirurgia robótica no país.

23/05/2024  Última atualização 11H10
Presidente Joao Lourenço recebeu, no Palácio Presidencial ,a delegação de especialistas de técnicas avançadas © Fotografia por: CONTREIRAS PIPA | Edições Novembro

A intenção foi manifestada, ontem, em Luanda, pelo especialista na área Kenneth Palmer, no final da audiência com o Presidente da República, João Lourenço, no Palácio Presidencial.

Em declarações à impren- sa, no termo da audiência, Kenneth Palmer, que encabeça uma equipa de avaliação constituída por especialistas em cirurgia robótica, assegurou que o país dispõe de condições para implementar este serviço médico.

"Nos últimos três dias, nós visitamos vários hospitais, nomeadamente o de Viana, de Caxito, de Cabinda e o Complexo Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, e creditamos que, de acordo com aquilo que nós vimos, Angola tem capacidade para implementar um programa de cirurgia robótica”, assegurou Kenneth Palmer, informando que efectuam a deslocação ao país a convite do Presidente da República, no sentido de ajudar a melhorar o Sistema Nacional de Saúde.

A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, também presente na audiência, fez saber que a implementação deste serviço médico no país está para breve. Ao intervir no seminário sobre cirurgia cardíaca, ministrado por esta equipa americana, terça-feira, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, considerou a aposta uma mais-valia para o Sistema Nacional de Saúde. A cirurgia robótica proporciona uma resposta mais moderna aos pacientes de Urologia, Ginecologia, Cirurgia Geral, Tórax e Cirurgia Cardíaca.

A cirurgia robótica ou cirurgia robô-assistida é um tipo de cirurgia onde o médico manipula um robot, que faz as incisões e ressecções, através de um console joystick.  Este tipo de cirurgia foi desenvolvido tanto para melhorar a capacidade dos cirurgiões, realizando cirurgias abertas, quanto para minimizar o impacto em cirurgias minimamente invasivas. Os Estados Unidos possuem, actualmente, mais de 2.800 robôs cirúrgicos em actividade.

Executivo pretende desenvolver a técnica nos hospitais do país

O Governo angolano pretende, nos próximos tempos, implementar, dentro do Sistema Nacional de Saúde (SNS), a técnica da cirurgia robótica em várias unidades sanitárias do país. A informação foi avançada ontem, em Luanda, pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

Para o alcance deste desiderato está em Angola, desde domingo, uma equipa de especialistas em cirurgia robótica do Global Robotics Institute – AdventHealth de Orlando, Estados Unidos da América (EUA), para estudo, análise, avaliação e treinamento dos técnicos angolanos.

O grupo de especialistas dos EUA, acompanhado de equipas do Ministério da Saúde, já visitaram algumas unidades nas províncias de Cabinda, Bengo e Luanda, nomeadamente o Hospital de Viana e o Complexo Hospitalar de Doenças Cardiopulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, onde, possivelmente, será implementado o Programa Angolano de Cirurgia Robótica e servirá como centro de treinamento.

Em declarações à imprensa, Sílvia Lutucuta disse que, fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Global Robotics Institute – AdventHealth, essa pretensão do Governo angolano marca mais um passo importante naquilo que é a inovação do Sistema Nacional de Saúde.

A ministra considerou importante apostar, cada vez mais, na tecnologia e treinamento no sector da Saúde. "Queremos fazer um melhor investimento na cirurgia minimamente invasiva. Já conseguimos realizar a cirurgia de laparoscopia, onde temos profissionais competentes que também têm estado a realizar, sobretudo, nas cirurgias gerais, a cirurgia ginecológica e urológica”. Para a ministra, a implementação da técnica de cirurgia robótica é uma mais-valia, porque tem maior precisão, menos tempo de internamento e os resultados são eficazes, particularmente nas cirurgias urológicas.

"Temos já no país possibilidades de fazer cirurgia ao cancro da próstata, embora ainda no modo convencional, realizamos minimamente a invasiva por via laparoscópica, mas a robótica comporta menos complicações a médio e longo prazo, particularmente na disfunção eréctil, que é um grande problema, assim como a incontinência urinária”.

Sílvia Lutucuta considera necessário que se olhe, também, para este tipo de tecnologias (cirurgia robótica) numa abordagem económica das pessoas operadas "e, como sabemos, no nosso seio dos indivíduos do sexo masculino a primeira causa e a mais frequente é o cancro da próstata”.

Sublinhou que muitas pessoas são economicamente activas e se submetidas a cirurgia robótica podem, em pouco tempo de internamento, no mesmo dia ou no seguinte, ter alta médica, voltar para casa e retornarem às suas actividades diárias.

Sílvia Lutucuta disse que se tem trabalhado no subdiagnóstico dos casos. Acrescentou ser indispensável que se continue a trabalhar na prevenção, educar as pessoas sobre os sintomas e o quanto é importante a realização regular do exame da próstata para que não cheguem ao hospital em estado tardio.

"Queremos a implementação da cirurgia robótica em curto prazo. E para isso temos uma grande vantagem que equipa dos EUA apreciou em muitas das nossas unidades hospitalares, as nossas infraestruturas, muitas delas já preparadas carecendo, apenas, da instalação de outros equipamentos”, disse a ministra. A par disso, acrescentou, há, também, uma equipa muito jovem que trabalha em muitas dessas unidadades, cirurgiões com larga experiência em outros tipos de cirurgias.

Segundo a ministra prevê-se em cinco anos ter no país o Programa Angolano de Cirurgias Robótica e, "nesta altura, acreditamos que já teremos muita gente com competências nesta área e que sá lavarmos, também, essa técnica para restantes províncias do país”.

Sem avançar valor de investimentos para a implementação do Programa, a ministra da Saúde disse que as negociações com a equipa dos EUA ainda continuam, assim como com os representantes dos fabricantes de robôs.

Por sua vez, Kenneth Palmer, urologista do Global Robotics Institute de Orlando e chefe da delegação dos EUA, disse que com a instalação desta técnica em Angola o país saíra a ganhar.

"Estamos muito satisfeitos em poder ajudar Angola na criação, treinamento e implementação da cirurgia robótica no seu sistema de saúde. Há inúmeras vantagens é menos dolorosa e o paciente pode recuperar mais rápido se comparado com o método que a convencional”, explicou.

Para o especialista este desígnio de Angola, representa uma grande vontade do seu governo em querer, cada vez mais, melhor o sistema de tratamento do câncer no país. "Vamos ajudar Angola com treinamentos e a ter a melhor tecnologia robótica a nível de África”





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