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Embaló garante que quem vencer o pleito vai governar

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse domingo, após votar em Gabu, Leste da Guiné-Bissau, que não vai admitir desordem após as eleições legislativas e que “quem vencer é quem vai governar”. Citado pela Lusa em declarações aos jornalistas depois de ter votado em Gabu, a cerca de 250 quilómetros de Bissau, o Chefe de Estado deixou recados à oposição, mas sem nunca se referir a nenhum partido específico.

07/06/2023  Última atualização 06H10
Presidente guineense afasta a possibilidade de nomear Simões Pereira como Primeiro-Ministro © Fotografia por: DR
"Nós conhecemos pessoas que não aceitam os resultados eleitorais, mas isso já acabou. Comigo não acontecerá. O povo irá escolher em consciência e quem for escolhido é quem vai governar. Podem ficar descansados”, disse, acrescentando que "aceitar resultados ou negar resultados é teatro”. O Chefe de Estado reiterou, durante a campanha eleitoral, que não vai nomear como Primeiro-Ministro o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, que lidera a coligação Plaforma Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka, que foi seu adversário na segunda volta das presidenciais e que contestou a sua vitória junto do Supremo Tribunal de Justiça.

Sissoco Embaló justificou esta decisão com o facto de Domingos Simões Pereira ter de "responder perante a justiça”, sem especificar, tal como o vice-presidente do PAIGC, Geraldo Martins. Domingo, Embaló referiu que "ninguém está acima da justiça”, acrescentando que todos os deputados que forem eleitos, "a começar pelo presidente do Parlamento, até ao último deputado”, deverão "responder à justiça” caso sejam indiciados de algum crime.

"Ninguém se pode  esconder atrás da imunidade”, acrescentou, referindo-se ao pedido de levantamento de imunidade parlamentar de Domingos Simões Pereira na anterior legislatura e que foi recusada pela Assembleia Nacional Popular. Sobre a possibilidade de haver manifestações e violência nas ruas depois das eleições, Umaro Sissoco Embaló referiu-se ao conflito no vizinho Senegal, onde já morreram pelo menos 15 pessoas em confrontos entre apoiantes do opositor Ousmane Sonko e as forças de segurança, defendendo que aquele país "sempre teve a cultura da democracia”. Neste sentido, prometeu uma resposta caso haja desordem na Guiné-Bissau.

 

CNE apela à calma

Ontem, a CNE apelou à população para se manter "calma, serena e vigilante” até à divulgação dos resultados das eleições legislativas de domingo e pediu "sentido de responsabilidade” aos partidos. Num comunicado de balanço lido pelo secretário-executivo adjunto Idrissa Djaló, a CNE apelou à "tolerância, serenidade e sentido de responsabilidade” de todos os actores envolvidos no processo eleitoral, nomeadamente partidos e coligações e comunicação social, e a que mantenham "uma conduta cívica exemplar” neste "momento crucial e delicado que o país vive”.

A CNE considerou que as eleições decorreram "num clima de muita cordialidade, cooperação e solidariedade” e de forma "ordeira e pacífica”. Idrissa Djaló afirmou que os resultados provisórios das eleições serão divulgados "a partir de quarta-feira”.

O chefe da missão de observadores da CEDEAO, Jorge Carlos Fonseca, considerou domingo à noite que as eleições decorreram num ambiente de "tranquilidade e civismo” e destacou a "participação notável” acima de 70%.

"O país onde haja tradição de golpes de Estado, de golpes de força e, portanto, espero que as coisas sejam resolvidas institucionalmente através do diálogo”, concluiu.

Por sua vez, as organizações da sociedade civil guineenses consideram a votação de domingo para as eleições legislativas como um processo globalmente com êxito e sem grandes incidentes. Reunidas na célula de monitorização eleitoral, as organizações da sociedade civil felicitaram ontem a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Ministério do Interior, os observadores internacionais e os parceiros de desenvolvimento do país pelo apoio e colaboração no trabalho de uma espécie de fiscalização interna do acto eleitoral.

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