Os fundamentos da cooperação entre os diferentes países e regiões que usam a língua portuguesa como idioma oficial vão muito além deste último. Tais países e comunidades são chamadas “lusófonas”, o que é um equívoco, desde logo, porque em todos eles (incluindo Portugal) são faladas igualmente outras línguas.
O Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve dois cidadãos estrangeiros que se dedicavam à adulteração das datas de validade de sacos de arroz, no município de Viana, em Luanda, uma realidade que, no fundo, já não traz nada de novo.
Caminhava como habitualmente, lutando por manter a saúde apesar da exposição à multidimensional insalubridade a que a sua caminhada o expunha diariamente.
Estacou! O gesto do jovem que, de forma corajosa, confrontava os agentes de cassetete a reprimir as vendedoras de rua, tocou-o, pelo que tinha de inglório, e simultaneamente heróico. Aquela coragem contagiou-o. Acercou-se também do agente que tentava impor a noção de ordem que lhe teriam inculcado...– «O senhor não vê que estas senhoras estão apenas a lutar para levar de comer para os filhos que ficaram em casa?».
– «Pode ser… mas é proibido vender aqui! Elas devem ir vender na praça, lá no bairro. Aqui, nestas zonas dos chefes fica feio e o comandante já disse que não posso lhes permitir»– defendeu-se o agente.
As senhoras, ágeis e pragmáticas, já tinham ido para longe vender noutro local, de onde certamente haveriam de ser corridas mais tarde.
– «Fazes sempre isso, ó jovem?»–Nando apresentou-se a Ngola e seguiram caminhando.
– «Li que há países onde deitam fora produtos, para manter os preços, e outros onde fazem combates de rua com tomate… tanto desperdício! Nós desperdiçamos as pessoas…»– comentou Ngola, justificando a sua intervenção– «Numa zona onde abunda a riqueza de uns, dói a abundância de pobreza…»– dizia enquanto olhava para os prédios brilhantes que se reflectiam no mar, e para os carrões reluzentes que passavam a alta velocidade.
– «Não se iluda, muita dessa abundância é apenas aparente… nesses carros e nessas casas há muito assalariado, ainda que sendo ‘técnico superior’, até ganha bem!Comparado com aquelas senhoras que estavam a ser empurradas...Mas só com ´muita ginástica’ consegue pagar as despesas fixas mensais».
Nando acrescentou:– «E o problema não é só nosso, meu jovem. Ainda há duas semanas li um relatório da OXFAM que afirmava que no mundo os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres numa luta, cada vez mais dura, para sobreviverem…e que a CoViD ainda agravou a situação».
– «O Kota me desculpe mas esses dramas mundiais, embora também me preocupem… os nossos é que me tiram o sono. Estamos a imitar o resto do mundo? Não devíamos!».
– «Não é bem assim. Em muitos países não há tanta desigualdade como entre nós. E com economias mais saudáveis que a nossa»– moderou Nando.
– «Economiassaudáveis quer dizer o quê? Que funcionam para servir as pessoas? Se 'economia'já implica pura competição, um campo de batalha para ver quem sai a ganhar?–disse Ngola, ainda meio confuso– «Para mim economia só é saudável onde todos estão a trabalhar, a progredir e com planos para melhorar a sua vida e a da sua família».
– «Digo 'mais saudáveis' no sentido em que possuem muitas empresas nacionais, de vários tamanhos e interligadas. Aquilo a que se chama de micro, pequenas e médias empresas, algumas até de base familiar. Mas também têm grandes. E as cooperativas! Quando essas se complementam, produzem, geram rendimentos e pagam os seus impostos, o Estado presta os serviços necessários».
Ngola pensou naquilo que vê hoje, a repressão de trabalhadores em Caculo Cabaça, no 1º de Maio onde houvemédicos e professores universitários em greve mas nem lhes deixaram falar nos jornais ou na televisão, as discussões sobre o salário mínimo, o que acabara de ver de como se tratam os vendedores de rua… e perguntou:
– «Será que algum dia teremos isso que está a descrever, Kota? E agora com as eleições estaremos também a escolher o modelo económico que vamos seguir?».
– «Esse debate não existe, infelizmente…»–diz Nando, nostálgico – «de defender modelos diferentes. Defender ideias! De qualquer maneira neste contexto não me interessa o tal modelo que dizem defender! Quero é que se proteja o que é nacional: os consumidores, os produtores, os investidores, mesmo os do informal.E que sejam honestos!».
– «Sabe, Kota, sonho com ver a nossa economia a desenvolver-se como os artesãos que constroem aqueles tapetes e esteiras que vemos à beira da estrada”.
– «Gostei do que dizes, mas é sonho …!?»–surpreendeu-se Nando.
– «Não! refiro-me à capacidade para aproveitar o que se tem, pegar num monte de pequenas fibras e entrelaçá-las tornando o todo algo forte e bonito de se ver».
– «Ideia bonita, ó miúdo, afinal tens veia poética… Desde que consigam ir inovando também nos padrões, no material que usam e até no que fazem… não fazerem só as mesmas esteiras… mas também chapéus, abajours, forros para assento,...»–aprofundando o paralelo entre economia e tecelagem.
Levado pela conversa, Nando já se tinha afastado bastante do seu trajecto habitual, e decidiu voltar. Despediram-se, mas ligados pelo sonho comum de uma economia saudável com cooperativas, micro, pequenas e médias empresas, tecnologia apropriada, produtividade, sem esquecer o bem-estar rural.
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LoginA aposta no crescimento económico,Crescimento da população Biodiversidade e Cultura são dimensões que revelam a grandeza de uma nação e reflectem as principais orientações de política no que concerne ao desenvolvimento sustentável dos países, em que a noção de convergência e equilíbrio está patente nos objectivos e metas definidas até 2030.
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