Política

Ekuikui V é destituído por alegada má conduta

O rei do Bailundo Armindo Francisco Kalupeteka, Ekuikui V, foi destituído do trono, nesta sexta-feira, por proposta dos membros da corte e da Associação das Autoridades Tradicionais, que o acusam de conduta não digna de merecer a confiança no reino.

26/03/2021  Última atualização 18H21
Rei do Bailundo Armindo Francisco Kalupeteka, Ekuikui V, foi destituído © Fotografia por: DR

Os membros da corte, que anunciaram rompimento do elo com o  soberano, acusam-no, ainda, de promover a separação das ombalas, afectas à tribo ovimbundu, e usar o poder tradicional para o enriquecimento pessoal. 

 

Na carta de destituição, linda pelo século Afonso Kanhanga, porta-voz da reunião, é evocado que Armindo Kalupeteka, enquanto presidente da ASSAT, desviou um tractor agrícola, uma carrinha de marca Toyota Hilux, atribuída pelo governo de apoio os sobas, e de ter dado destino incerto de as quotas dos sobas e séculos, que, mensalmente, são descontados, de quotização, mil Kwanzas.

 

O rei Ekuikui V é acusado, igualmente, promover, como negócios, casos de feitiçaria, em forma de pactos de "feitiço e magias” de outras regiões, que, descreve a carta de destituição, não condizem com a tradição dos ovimbundu. Os julgamentos tradicionais eram conduzidos com auxílio de um pau chamado "Njinga”, movido por forças ocultas. Os supostos acusados eram agredidos violentamente e submetidos a teste de feitiçaria.

 

O deposto rei, que foi entronizado a 13 de Abril de 2012, é referenciado de concentrar todo o poder à sua volta e "não respeitava mais ninguém”, lê-se a carta, afirmando que " em Angola não tenho limites!  Primeiro está Deus, depois o Presidente da República e em terceiro e último era ele,  o rei", e não queria saber mais de ninguém”, leu Afonso Kanhanga, porta-voz da reunião.

 

Armindo Kalupeteka foi acusado, ainda, que, desde 2017, montou uma estrutura funcional em benefício próprio e fechou a cooperação com as demais autoridades tradicionais do Huambo, para melhor  aproveitar de todos os bens recebidos entidades governamentais e não dividir com ninguém, segundo descrito na carta.

 

O século Afonso Kanhanga apontou, na leitura da carta, que, na campanha eleitoral de 2017, a Ombala beneficiou de meios, como 10 motorizadas, bicicletas, geradores, televisores, geleiras e outros meios agrícolas, oferecidas pelo então candidato do MPLA, João Lourenço, mas que se converteram para negócios pessoal, sem, entanto, partilhar os dividendos com os demais membros do reino.  

 

O rei Ekuikui V é acusado de se auto declarar presidente da ASSAT – Associação das Autoridades Tradicionais, sem convocar uma assembleia de eleição.

 

A subida  dos preços  dos principais produtos agrícolas, no município do Bailundo, são, também, atribuídas ao rei Ekuikui V,  em virtude do mesmo ser produtor de muitos desses produtos,  o que tem causado enormes dificuldades aos munícipes.

 

Reunião nocturna

 

No dia 5 de Março, pelas 23 horas, o soberano do reino do Bailundo, destituído, convocou os sobas da corte e com o objectivo de despromoção o soba grande do Tchilume, propondo a queima a farda de sobado, uma ordem, no entanto, negada pelos presentes.

 

"Ekuikui V foi infeliz ao dizer que se for condenado, o Huambo passaria dois anos sem chuva e deveria cozinhar feijão com o crânio do rei Katchitiopololo, seu antecessor, o que deixou os sobas abalados e encontraram uma falta de patriotismo nas suas palavras”, leu o porta-voz.

 

Armindo Kalupeteka é apontado de não ser da linhagem real de Ekuikui, mas tratar-se de um "intruso” que "ocupava parcelas de terras das populações ilegalmente”, sustenta a ‘carta- acusatória’, salientando que, quando os proprietários reclamassem, ameaçava com feitiçaria ou tala, considerada de mina tradicional.

 

Balanço negativo

 

Os membros da corte consideraram de "balanço negativo” os anos em que Armindo Kalupeteka esteve à frente dos destinos do reinado, assegurando que "não tivemos meias medidas com a aplicação do castigo máximo” por ser a única decisão coerente para o normal funcionamento do reino do Bailundo.

 

"A partir desta data, o senhor Armindo Francisco Kalupeteka está proibido de realizar os julgamentos tradicionais, receber visitas em nome do reino e está proibido de exibir as vestes reais”, declaram, na carta, os membros da corte.

 

João Kawengo Kasanji, de 52 anos, da linhagem do rei Katyavala, que exercia o cargo de soba grande da Ombala de Tchilume, foi indicado para dirigir os destinos do reino do Bailundo. O novo rei opta pelo pseudônimo  de Tchingala Tchangugu  Vangalule. II,

 

 Na primeira intervenção, João Kawengo Kasanji afirmou que no seu reinado, para homenagear o fundador do Bailundo, oriundo da montanha de Lumbanganda, vai apostar na união das outras ombalas do Huambo, uma vez que, disse, o antigo rei do Bailundo, Ekuikui V, promoveu a desunião com as ombalas do Sambo, Tchingolo, Tchiyaka e do Huambo.

 

Armindo Francisco Kalupeteka foi condenado, no dia 2 de Fevereiro, pelo Tribunal Huambo, a seis anos de prisão efectiva, acusado do crime preterintencional, ao orientar, em 14 de Março de 2017, um ritual tradicional, envolvendo agressão física, que causou a morte do cidadão Camutali Epalanga, de 54 anos.

 

 

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