Cultura

Eduardo Paim proporciona tarde de nostalgia com temas da saudade

Analtino Santos

Jornalista

Com um repertório que arrancou com “Foi Aqui” e encerrou ao ritmo de “Esse Madié”, Eduardo Paim proporcionou uma viagem musical ao passado e momentos nostálgicos, com a plateia a brindar com os seus principais temas, na tarde de sábado, no Atelier do Peixe.

06/03/2023  Última atualização 10H06
© Fotografia por: Edições Novembro

O "baixinho mais cambuta do mundo”, como é considerado Eduardo Paim, abriu com uma exaltação ao patriotis-mo e teve o retorno do público presente, que com ele  cantou "Aiué Ngola xiami” e "Foi Aqui”. Ainda na mesma senda do amor pela terra onde deixou amigos e tem o Mussulo para descansar, da parceria com Ruca Van-Dúnem, cantou "Som da Banda” e para falar dos problemas "que estamos com eles” recorreu ao "Processos da Banda”, um dueto com Paulo Flores. 

As mulheres estão sempre presentes nas composições de Paim e desta vez não foi diferente. O General Kambuengo fez vibrar a plateia ao recordar a bela mulher sem juízo "Chiquita”, a loucura que sentia em "A minha vizinha” e a destreza na pista de "Rosa Baila”. Não faltaram  músicas a recordar a rejeição da dama que o deixava em parampas em "Essa Mulata”, assim como os momentos de angústia com o seu amor na balada "Perdão” e ainda teve tempo para um cheirinho da sempre emocionante "Mãe”.

Para o momento das passadas com saudades ou para as grandes kizombadas passaram "Rosa Baila”, "Nzambi Za, "Domingo na Ilha” e não deixou "Cherry” de lado, tema do inicio da parceria com Paulo Flores e um marco para o estilo Kizomba. O General levou a folia do Entrudo em "Carnaval”, da bela época do S.O.S, alegria da desbunda em "Nguenda” e para fechar a  torra  à tarde sem ‘kijila’, Eduardo Paim falou do cuidado a ter com o Kota Sebas em "Esse Madié”.

Para proporcionar uma Batida do Kayaya, o General Kambuengo subiu ao palco com jovens instrumentistas liderados por Ageu Santana, guitarrista e corista, Kito Magia (teclados), Samu (baixista), Francisco (percurssão) e Jet Star (bateria).

Em declarações ao Jornal de Angola, o músico disse que "para mim é sempre uma grande satisfação transmitir e, sobretudo, aprender alguma coisa mais com a juventude. É uma prática minha normal há muito tempo, prefiro fazer mistura de gente de uma geração mais actual. Este tipo gera sempre bons resultados e é uma forma de me manter fiel ao meu público. É uma pratica normal da minha pessoa”

Eduardo Paim nasceu a 14 de Abril de 1964, em Brazzaville, Congo, e foi em Cabinda, ainda criança, que aprimora os dotes musicais. Constam na discografia do General Kambuengo os seguintes álbuns: "Luanda, Minha Banda”, "Do Kayaya” , "Kambuengo”, "Kanela”, "Ainda a Tempo”, "Mujimbos” e "Maruvo na Taça”.

O Restaurante Ateliê do Peixe está situado na zona costeira do Futungo de Belas, na Rua 11, estando aberto desde  2018. O local tem recebido vários artistas da praça, agora com um grande concerto mensal e com uma programação cultural de sexta-feira a domingo, com Karaoke e música ao vivo.


Músico preocupado com o estado da Kizomba


Falando dos convites para os festivais de Kizomba em vários pontos do mundo, Eduardo Paim  disse que "a Kizomba é um fenómeno que continua a cativar gostos das mais variadas partes do mundo e é obvio que sendo eu um pioneiro deste movimento, é muito natural a solicitação para actuar. Depois da pandemia, as coisas mudaram bastante e desde o ano passado tenho estado na Europa e a tentar, a todo o custo e com todas as minhas forças, dignificar esta causa.”

Apesar destes convites, Eduardo Paim está preocupado com o estado actual da Kizomba. "Quero alertar que tudo na vida aparece num formato e depois adquire outro, porque o trato é diferente nos lugares e eu penso ser extremamente positivo este recurso à minha pessoa como forma de preservar aquilo que é realmente a origem da Kizomba. Hoje em dia, no mundo por onde eu passei, ja houve situações onde eu recusei a minha entrada porque se tratava de Kizomba, mas não era aquilo que eu estava a ver,  deixando até claro que não teria qualquer problema em aconselhá-los a arranjar um outro nome.”

Paim diz que  "o que acontece é que aproveitam a boleia que o grande Kizomba tem e passa como tal, mas isto é mau, porque desinforma mentes que querem acompanhar aquilo que é a realidade. Às vezes a facilidade ao acesso àquilo que não é bem a verdade atrapalha o curso da história, o que da nossa parte reactiva a nossa intervenção”, disse. "Neste aspecto é um apelo que fica direccionado a todos que estão envolvidos na Kizomba e à própria instituição cultural nacional, que deve ter uma atitude mais activa. Para esta história que em muitos lugares já vai por maus caminhos, obviamente que a minha posição não poderia ser outra e, como diz o velho ditado, a luta continua e  nós vamos vencer”, disse seguro o pioneiro da Kizomba.

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