Economia

Economia angolana entre as que crescem mais rápido

Angola tem uma das economias de crescimento mais rápido na África Subsaariana e testemunhou, nos últimos anos, um aumento meteórico no desenvolvimento socioeconómico alinhado com a expansão da indústria energética.

01/03/2021  Última atualização 16H56
Indústria petrolífera angolana está a ser refinada para melhor contribuir no desenvolvimento © Fotografia por: DR
Esta conclusão foi avançada, recentemente, pela publicação especializada "Africa Oil & Power”. Conforme explica, o PIB de Angola cresceu 1.344 por cento, no período entre 1999 a 2019, tendo atingido o pico de 145 mil milhões de dólares em 2014 como resultado do "boom” do petróleo no mercado internacional.
Na análise que fazem, os especialistas da "Africa Oil & Power”, com sede na África do Sul, avaliaram os contornos da indústria petrolífera na economia angolana. Nisso, explicam que a riqueza per capita teve uma trajectória semelhante nestes 20 anos, ao crescer 619 por cento e ter alcançado 2.791 dólares em 2019. O pico foi de 5.408 dólares em 2014.
Já a produção de petróleo bruto teve um impacto considerável no PIB e na riqueza per capita.

Dinheiro bem aplicado

Com uma abordagem pragmática e favorável aos negócios, já sob a administração do Presidente João Lourenço, o crescimento do sector petrolífero, liderado pelo sector privado, deverá continuar a desempenhar um papel fundamental na sustentação do desenvolvimento nacional a longo prazo.
Os indicadores avançados pela "Africa Oil & Power” dizem que, nos últimos anos, com a ajuda das receitas do petróleo, o Governo abriu cinco novas universidades, 45 escolas de formação profissional e um vasto número de clínicas de saúde.
O estabelecimento de serviços e instalações privadas de saúde pelas Companhias Petrolíferas Internacionais para os seus trabalhadores também tem sido um factor chave na melhoria dos cuidados de saúde, com muitos angolanos a beneficiarem destas instalações.

Os gastos com infra-estruturas também tiveram prioridade, especialmente no que toca à rede eléctrica. Isto levou à expansão da capacidade de geração adicional, como é o caso da barragem de Laúca, uma das maiores de África. Após a sua conclusão, espera-se que forneça energia acessível e fiável a mais de 8 milhões de angolanos e que estimule a criação de indústria pesada e de empregos a ela associados. A capacidade do sector de gerar riqueza para Angola, em si, não é o problema. As preocupações giram em torno do uso das receitas geradas e a sua justa distribuição. Essas preocupações devem ser tratadas de forma adequada pelas autoridades competentes.

No entanto, advogam, os vários segmentos da sociedade angolana como os parceiros internacionais são chamados a apoiar o sector de petróleo e gás do país, de forma a garantir que gere cada vez mais receitas para o desenvolvimento.
"Isso é cada vez mais importante, dada a crescente concorrência global de novas fronteiras de exploração como a Guiana ou o gás de xisto nos EUA, e o discurso de transição energética global que está a afectar negativamente o financiamento de projectos de exploração de petróleo em África”, lê-se.

De acordo com o ministro dos Recursos Minerais e Petróleo, Diamantino Pedro Azevedo, menos de 3,0 por cento das zonas anteriormente designadas como protegidas são susceptíveis de serem afectadas por esta disposição. A Constituição de Angola e os Decretos presidenciais aplicáveis determinam que a exploração de petróleo e gás apenas seja realizada de uma forma que seja amiga do ambiente. Da primeira produção de petróleo no poço Benfica-2 em 1956, à descoberta em águas profundas do campo Girassol no Bloco 17, em 1996, Angola passou a ser o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana, depois da Nigéria. Ao produzir 1,4 milhão de barris por dia antes da Covid-19, com um pico de produção de mais de dois milhões de barris por dia em 2010, o petróleo representava 90 por cento das exportações.
Cerca de um terço do PIB está enraizado na indústria petrolífera, enquanto o petróleo bruto, gás natural e petróleo refinado representam quase todas as exportações nacionais, com o valor das exportações de petróleo bruto a totalizar 35,5 mil milhões de dólares, em 2018.

  Barril de petróleo Brent pode em breve chegar aos 70 dólares

O barril de petróleo Brent, referência às exportações angolanas, pode, em breve, chegar aos 70 dólares, depois de uma semana de alta em que atingiu os 67,35 dólares. Este indicador favorece as previsões de Angola que empreende um caminho de reformas, com olhos mais confiantes no futuro da indústria e no relançamento de outros sectores estratégicos.
Segundo especialistas de diversas agências, todo o ambiente de retoma dos preços estão a ocorrer num período de profundo "orgulho” angolano, que assumiu a presidência rotativa do cartel Opep e segue as reformas estruturais, com o lançamento de novas licitações e previsão de explorações em campos marginais.

Destino de investimentos
Para os "players” da Africa Oil & Power, além dos principais indicadores socioeconómicos, o desenvolvimento de hidrocarbonetos em Angola deu início a uma abordagem reformista para os sectores petrolífero e não petrolífero.
Notavelmente, ao posicionar o sector petrolífero como um destino de investimento atraente para os operadores internacionais, Angola lançou as sementes de uma maior transparência, maior sustentabilidade ambiental e uma maior descentralização em toda a economia, o que também gerou diversificação nas indústrias não energéticas. Como o sector de petróleo e gás continua a atrair actores do sector privado, um ambiente favorável aos investidores abre as portas para que as multinacionais entrem no mercado e estabeleçam também outros negócios de natureza não-energética no portfólio em Angola.

O impacto do boom do petróleo angolano no desenvolvimento nacional não pode ser medido em dólares, nem limitado a indicadores socioeconómicos. O crescimento contínuo da indústria do petróleo serviu para trazer sustentabilidade, transparência e uma melhor governação para o país, no momento em que este assume o legítimo lugar como uma das maiores economias da África Subsaariana. A indústria do petróleo é uma das mais dinâmicas do mundo, em constante mudança devido às inovações e melhorias tecnológicas. Por esta razão, Angola quer tirar o máximo das vantagens para relançar os outros sectores.

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