Entre os presentes, era visível o semblante de dor pela partida, considerada prematura, do jornalista falecido na última quinta-feira, no Hospital Américo Boavida, vítima de doença. No vasto quintal do velório alguns familiares, colegas e amigos recordavam os momentos que partilharam com José Meireles, que completaria 53 anos, no dia 30 do próximo mês. Esse quadro, que envolvia muitas histórias lindas e outras incómodas, provocou ainda mais choros entre alguns presentes. Os mais inconsolados encontravam, às vezes, ali por perto, um ombro acalentador. Era um gesto quase que inevitável, apesar das recomendações do distanciamento físico, uma das medidas para evitar a propagação da Covid-19. Depois da celebração religiosa e da leitura dos elogios fúnebres, com destaque para os da Edições Novembro, Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Comissão da Carteira e Ética (CCE) e de familiares, seguiu-se o funeral, antes previsto para o Sant’Ana, ao Cemitério do Benfica. 
Horas antes, no elogio fúnebre, a administração da Edições Novembro reconheceu o empenho e a dedicação de José Meireles nas missões que lhe tinham sido incumbidas, com realce nos cargos de subeditor, editor, subchefe e chefe de reportagem.A empresa editora do Jornal de Angola salientou que esse mérito foi, igualmente, notório no pouco tempo que desempenhou as funções de adido de imprensa da Embaixada de Angola na República da Nigéria. "Enquanto trabalhador, José Meireles foi zeloso, dedicado, diligente, humilde, educado, proactivo e com fortes convicções na defesa dos interesses superiores da Edições Novembro-EP”, salientou a mensagem de condolências da empresa, onde tinha sido admitido aos 18 de Agosto de 1994. 
O SJA recordou o jornalista do Jornal de Angola e do "O País” como um profissional disciplinador. Além disso, José Meireles foi lembrado pelo Sindicato como um jornalista metódico, o que explica, em parte, a sua nomeação para chefe de reportagem no primeiro diário e subchefe de redacção do "O País”. Aliás, refere o elogio, as suas páginas ou secções eram das mais arrumadas. Um dos fundadores do "Dossier”, uma rubrica dominical do Jornal de Angola das mais premiadas da história desse diário nacional. "Não permitia sequer que os paginadores desvirtuassem o projecto gráfico. Com ele, a disciplina era levada muito a sério”. Na sua mensagem, o SJA referiu que Zeca Meireles, como era também tratado, foi um homem de causas, preferindo quase sempre o lado dos colegas. Era um jornalista disponível para ajudar qualquer um que chegasse à redacção do Jornal de Angola. Por isso, a direcção do Sindicato reconheceu, ainda, que o jornalista fez muitos discípulos, o que se reflecte na quantidade de homenagens espalhadas nas redes sociais. "A classe jornalística perde não apenas um jornalista experimentado, mas, também, um tutor para os mais novos jornalistas do Jornal de Angola”. 
A CCE  elogiou a postura de José Meireles em todo o processo de modernização que culminou na mudança do modo de produção mecânica para o informático, nomeadamente a saída das máquinas de dactilografia e entrada dos computadores. Na mensagem de condolências, a CCE reconheceu o crescimento profissional do jornalista, o que levou José Meireles a "fugir” da sua zona de conforto e abraçar o desafio de dar corpo ao surgimento do jornal "O País”, ao que se seguiu a experiência na diplomacia. Nascido no Rangel, em Luanda, José Meireles Patrocínio, que deixa viúva, quatro filhos e dois netos, concluiu a parte curricular do curso de Comunicação Social, na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.