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Discurso na íntegra do Presidente João Lourenço na Expo-Indústria

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O Presidente da República, João Lourenço, discursou, na última quarta-feira, na abertura da 5.ª Edição Expo-Indústria, que decorre na Zona Económica Luanda-Bengo.

30/03/2023  Última atualização 20H30
© Fotografia por: DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Discurso na íntegra do Presidente da República, João Lourenço:

Senhor Ministro de Estado da Coordenação Económica,
Senhor Ministro da Indústria e Comércio,
Senhor Governador da Província de Luanda,
Minhas Senhoras, Meus Senhores,
Caros Empresários Industriais,
Caros Convidados,

Acedi ao convite que me foi formulado pelo Ministério da Indústria e Comércio, não apenas pela importância de que se reveste este evento tendo em conta as experiências anteriores, mas especialmente pelo carácter sugestivo do lema desta 5ª Edição da Expo-Indústria: «É Possível Caminharmos Juntos».

De facto, as nossas acções, os nossos programas, os nossos planos, só podem lograr êxitos se caminharmos efectivamente juntos.

O contexto actual da indústria transformadora nacional oferece-nos hoje bastantes desafios, oportunidades mas também constrangimentos, que caracterizam o contexto global e específico da indústria nacional, num momento em que Angola continua a marcar passos bastante precisos no seu processo de abertura ao exterior, procurando caminhos para diversificar a economia através da substituição das importações, do fomento das exportações e da diminuição da dependência do país da economia petrolífera.

O Executivo angolano continua a envidar esforços para assegurar a defesa dos direitos e garantias dos cidadãos e agentes económicos, combatendo efectivamente a corrupção e a impunidade, assegurando assim a defesa dos direitos e garantias de todos os cidadãos e dos agentes económicos.

Para atingirmos os objectivos de crescimento e diversificação da economia, melhoria dos níveis de emprego e, consequentemente, o progresso e o bem-estar social dos cidadãos, é fundamental o desenvolvimento sustentável da indústria nacional.

Minhas Senhoras, Meus Senhores,
Apesar dos constrangimentos causados pela pandemia da Covid-19 a nível mundial, a indústria transformadora nacional tem-se mostrado bastante resiliente.

O Instituto Nacional de Estatística de Angola destaca a variação positiva da produção no ramo alimentar, particularmente na moagem de cereais e fabricação de amidos e féculas, produção de bebidas e processamento de tabaco.

De 2018 a 2022, a taxa de crescimento do PIB real para a indústria transformadora registou um acumulado de 7,7%, com maior destaque para o ano de 2022 que teve um crescimento na ordem de 6%, superando a projecção prevista no OGE para aquele ano.

Neste mesmo período, no âmbito do investimento privado foram aprovados e implementados mais de duzentos novos empreendimentos de grande impacto no domínio da indústria transformadora, distribuídos pelas diferentes províncias nos mais variados sub-sectores de actividade, contribuindo com mais de dez mil postos de trabalho, com maior destaque para o sector da alimentação, uma aposta do Executivo no aumento da produção industrial com vista a garantir a autossuficiência em bens essenciais de consumo.


Precisamos de continuar a estimular e a impulsionar o aumento da produção nacional para reduzir os preços, reduzir as importações, aumentar as exportações e fazer face à competitividade decorrente da adesão do país aos protocolos da Zona Livre da SADC, à Zona de Comércio Livre Continental Africana e à Zona de Comércio Livre Tripartida.

Assim, devemos todos continuar a fazer um esforço organizado, sistemático e persistente para atrair o investimento privado nacional e estrangeiro, para estarmos na rota certa e atingirmos o nível de industrialização estabelecido pela SADC, fixando o nosso olhar sobretudo para a Zona de Comércio Livre Continental.


Esta tarefa não é fácil, na medida em que a concorrência entre países para atrair investimento directo estrangeiro é bastante forte.

É notório o esforço que o país vem realizando nos últimos anos no aumento e melhoria das infra-estruturas de apoio às indústrias e à economia no seu todo.

Aumentou consideravelmente a oferta de energia eléctrica de fontes de produção hidroeléctrica e fotovoltaica, reduzindo consequentemente a produção a partir de fontes térmicas que são não só poluentes como sabemos, mas que encarecem o preço da energia vendida ao consumidor quer doméstico quer empresarial.

Estamos a apostar na construção das linhas de transporte da energia produzida na bacia do baixo Kwanza, em Capanda, no Laúca, em Cambambe e no Ciclo Combinado do Soyo, todas elas já interligadas através da rede nacional de transporte para levar essa capacidade disponível para o leste, sudeste e sul do país, com vista a termos as províncias da Lunda Sul, da Lunda Norte, do Moxico, do Cuando Cubango, da Huíla, do Cunene e do Namibe ligadas à rede nacional.

Investimentos importantes estão programados também no sector das águas um pouco por todo o país. Para Luanda, principal centro industrial do país, estamos esperançados que os projectos Bita e Quilonga venham desafogar a situação da cidade, que tem um grande déficit na produção e distribuição do precioso líquido para cerca de dez milhões de habitantes e inúmeras indústrias já instaladas e para as perspectivadas.


Minhas Senhoras e Meus Senhores,

A resiliência demonstrada pelos nossos industriais mesmo durante o período mais difícil da pandemia revelou-se fundamental para que agora possamos verificar um crescimento acentuado da nossa produção industrial.

O sector dos têxteis, o da produção alimentar, o da indústria extrativa e transformadora das rochas graníticas e ornamentais, o da refinação do sal e também o da metalomecânica, são exemplos acabados do desenvolvimento das cadeias de valor produtivas nacionais, desde a matéria-prima até ao produto transformado.


Com o arranque das três fábricas têxteis, cuja produção tende a crescer nos próximos anos à medida que aumenta também a produção interna da principal matéria prima - o algodão -, prevemos e encorajamos o crescimento da indústria de confecções e da moda para satisfazer as necessidades básicas em vestuário para a grande maioria da nossa população.


A produção agrícola tem vindo a crescer ano após ano e traz consigo a necessidade premente do nascer da agroindústria para a transformação dos produtos do campo, seu processamento, embalagem e criação de centros logísticos de distribuição às grandes superfícies, à rede hoteleira e outros.


O país precisa de mais moageiras para transformar os cereais que serão produzidos no âmbito do PANAGRÃO, precisa de matadouros para o abate do gado cuja oferta vai crescer com o programa de fomento da pecuária, mas precisa ainda de uma indústria de curtumes para o aproveitamento das peles, hoje desperdiçadas mas que podem abrir a oportunidade do surgimento da indústria do calçado e de uma vasta gama de artigos feitos à base do couro e das peles.

O país precisa de estaleiros para a construção das embarcações de pesca de todos os tamanhos, precisamos de indústrias das artes de pesca para que as redes, os anzóis, já não sejam importados se queremos ver o peixe e outros produtos do mar chegarem a preços módicos à mesa do consumidor.

Para acompanhar e complementar os grandes investimentos que vêm sendo feitos em infra-estruturas e no capital humano do sector da saúde, precisamos de atrair as multinacionais da indústria farmacêutica a implantar fábricas em Angola para produzir os medicamentos e as vacinas que consumimos e exportar o excedente.

Pelas oportunidades de emprego que dá, interessa-nos também atrair para Angola a indústria de montagem de automóveis ligeiros e pesados, de tractores e alfaias agrícolas.

Com a perspectiva que temos da retomada da exploração do minério de ferro e sua transformação em aço, são bem-vindos todos aqueles investidores privados que queiram apostar na indústria naval com estaleiros para a construção e reparação de embarcações para a indústria petrolífera, pesqueira, para a marinha mercante, para a marinha de guerra ou ainda para fins de recreio.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Vamos continuar com as reformas estruturais da sociedade angolana em todos os seus aspectos desde as áreas económica, financeira, cambial e social, até à segurança, à justiça, à educação e qualificação das pessoas, passando pela organização do Estado e do território e em todos os aspectos que façam de Angola um país cada vez mais atractivo para o investimento.

Com o investimento público ou público-privado, vamos continuar a aumentar e melhorar a rede de estradas, vamos continuar a aumentar a oferta de água e de energia eléctrica, vamos electrificar o país, mas como acreditamos que é possível e necessário caminharmos juntos, com o investimento privado vamos industrializar o país.

Com estas palavras declaro aberta a Expo-Indústria, edição 2023, 5º Salão da Indústria Angolana.

Muito obrigado.

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