Discurso de João Lourenço no Fórum Empresarial Itália-Angola, realizado, esta quinta-feira, 25, de Maio, na cidade de Roma.
Excelência Senhor Adolfo Urso, Ministro das Empresas e do Made in Italy;
Excelências senhores membros dos Governos da República Italiana e da República de Angola;
Ilustres empresários;
Caros convidados
Minhas senhoras, meus senhores.
Permitam-me aproveitar esta ocasião para saudar todos os presentes neste evento que junta empresários e governantes de Angola e da Itália, dois países com uma longa história de relações diplomáticas, culturais e de cooperação económica, iniciadas há mais de 47 anos.
Expresso os meus agradecimentos às autoridades italianas pelo facto de terem promovido a realização deste Fórum Económico por ocasião da minha visita de Estado à Itália.
Dedico uma palavra especial de reconhecimento e agradecimento a Sua Excelência Sergio Mattarella, Presidente da República Italiana, por ter realizado em 2019 a primeira visita de um Chefe de Estado italiano a Angola desde a nossa Independência Nacional, facto que ajudou a elevar o nível de relações diplomáticas, trocas comerciais e cooperação económica entre os nossos países, o que tem permitido que os nossos governos se mantenham unidos na busca do bem-estar e da paz entre os povos e nações.
Este momento constitui uma boa oportunidade para aprofundarmos o diálogo e trocarmos pontos de vista sobre as diversas oportunidades de investimentos que existem em Angola e na Itália, num contexto internacional dominado por incertezas e sobretudo pelas consequências nefastas da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Senhor Ministro
Ilustres empresários
Estimados convidados,
Apesar da crise económica, agravada antes pela pandemia da COVID-19 e na actualidade pelo conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, as nossas economias têm-se mostrado resilientes, evidenciando uma trajectória de recuperação do crescimento económico.
Tal como na Itália, as perspectivas de crescimento económico de Angola para o presente ano são positivas, estando na ordem de 3,3%, depois de ter enfrentado anos difíceis de recessão económica.
Neste contexto de recuperação económica, vamos aproveitar a oportunidade que temos de dialogar com os empresários de ambos os países, abordando com franqueza as formas de impulsionarmos com sentido prático todas as iniciativas que visam aumentar a participação dos empresários italianos e angolanos no crescimento económico e na prosperidade de ambos os países.
A Itália é uma das maiores economias do mundo e um dos principais parceiros económicos de Angola, com uma forte presença no sector do petróleo e gás, através da grande empresa petrolífera ENI, que é um dos maiores investidores estrangeiros na indústria do petróleo e do gás no nosso país.
A ENI está nesta altura a diversificar as suas actividades através de projectos de energias renováveis, particularmente os biocombustíveis de base agrícola, em parceria com a Sonangol e com a Agência Nacional de Petróleo e Gás.
Sendo a Itália um importante produtor de alimentos e tendo em conta o interesse do nosso país de aumentar a sua capacidade de produção interna através da materialização dos planos de produção de grãos, pecuária e pescas, devemos incentivar as parcerias entre empresas angolanas e italianas para a produção agrícola e processamento dos alimentos, explorando as oportunidades do mercado angolano.
Isto vai beneficiar Angola na diversificação da sua base de exportações, tendo em conta o conhecimento, a experiência e a ampla aceitação e prestígio que a indústria e empresas italianas têm nos mercados internacionais.
O sector do turismo também deve ser explorado na relação de cooperação entre os dois países.
Existem importantes redes internacionais de turismo de origem italiana que operam em África e que gostaríamos de ver explorar as potencialidades turísticas do nosso país, construindo infra-estruturas hoteleiras nas cidades, na nossa vasta orla marítima ou ainda nos parques do Iona, no Namibe, ou do Luengue-Luiana no quadro do grande projecto turístico transfronteiriço do Okavango Zambeze, mais conhecido por KAZA, que abrange o Cuando Cubango, Bié e Moxico.
Os têxteis, vestuário e calçados italianos são reconhecidos internacionalmente pela sua elevada qualidade. O renascimento da indústria têxtil e o interesse na indústria de curtumes em Angola podem ser apoiados e incentivados através de parcerias estratégicas com indústrias italianas do sector têxtil, das confecções e de curtumes.
Contamos com o investimento privado italiano para desenvolvermos a crescente indústria de rochas ornamentais como os granitos e mármores de Angola, que são de boa qualidade e reconhecidos internacionalmente.
Angola está coberta de uma vasta faixa de florestas tropicais onde encontramos espécies nobres de muito alta qualidade. Pretendemos valorizar esta riqueza, fomentando a indústria de transformação da madeira e seus sub-produtos, acrescentando-lhes valor para diversificar a economia, aumentar a oferta de emprego e a gama de produtos de exportação.
Os empresários italianos deste ramo de negócios são bem-vindos para investir nesta indústria da madeira que tem um grande potencial de crescimento.
Nos últimos anos, o Executivo angolano tem vindo a fazer um forte investimento na construção ou reabilitação de infra-estruturas hospitalares em todo o país.
Vêm sendo construídos um grande número de hospitais de todos os níveis, bem equipados de acordo com a categoria de cada um. Aumentámos consideravelmente o número de camas hospitalares, de equipamentos de diagnóstico, de blocos operatórios, de unidades de tratamento intensivo UTI, de unidades e cadeiras de hemodiálise.
O país é um grande consumidor e importador de fármacos para todos os fins, sendo o Estado, através do Ministério da Saúde, o maior comprador.
Para inverter esta situação de dependência, temos interesse particular em atrair investimento privado italiano na indústria farmacêutica de produção de medicamentos, vacinas e material gastável de consumo hospitalar corrente para um mercado de mais de trinta e três milhões de consumidores e a possibilidade de exportar para mais de cem milhões de consumidores dos países limítrofes de Angola.
Minhas senhoras, meus senhores
Os domínios que acabei de referir são apenas uma ilustração das várias áreas em que poderão assentar as relações de cooperação económica e empresarial entre Angola e a Itália.
Angola está aberta ao investimento italiano em praticamente todos os domínios, sobretudo nas áreas ligadas ao sector não petrolífero.
Acreditamos que podemos criar, em parceria com o Governo italiano, um clima de oportunidades dirigidas às pequenas e médias empresas italianas, sobretudo por meio da criação de mecanismos de crédito à exportação e à internacionalização da sua actuação no mercado de Angola.
Pedimos aos senhores empresários italianos que olhem para Angola como uma grande oportunidade de negócios, pois nos últimos anos o Governo de Angola tem feito importantes reformas estruturantes que têm tornado o nosso país mais atractivo ao investimento privado local e estrangeiro.
O Governo angolano vai se manter empenhado na criação deste ambiente favorável ao crescimento das oportunidades dos investidores e empresários que actuam em Angola em diversos sectores, com destaque para aqueles sectores que ajudem a diversificar a nossa economia, a diminuir a nossa grande dependência do petróleo e a criar maior número de postos de trabalho para os angolanos.
Excelências
Ilustres empresários
Minhas senhoras, meus senhores
Estimados convidados,
O Governo de Angola pretende que o sector privado seja o motor para o crescimento económico do país. Por esta razão, iniciámos em 2019 um vasto programa de privatizações de activos da esfera patrimonial do Estado.
Já foram privatizados 92 activos e vamos estender este Programa até ao ano de 2026 com a privatização de mais 73 activos. Trata-se de activos e empresas que são muito rentáveis quando nas mãos do sector privado e uma fonte segura para os investidores italianos terem uma oportunidade de investir em Angola, em parceria ou não com investidores angolanos.
No decurso deste Fórum vai ser feita uma apresentação detalhada das empresas e activos a serem privatizados nos próximos anos.
Auguramos que este encontro produza os resultados esperados, que o diálogo entre os empresários e os membros do Governo aqui presentes se constitua em mais um passo firme para tornar ampla e diversificada a cooperação económica e as trocas comerciais entre Angola e a Itália.
Muito obrigado pela vossa atenção.
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