O director do festival, Jorge António, afirmou, recentemente, em Luanda que o cinema, em países como Angola, representa algo de muito importante no que diz respeito à preservação da memória de todo um povo.
À semelhança da segunda edição, este ano o DocLuanda vai ter uma edição extensiva ao interior, a cidade do Lubango, prevista para o mês de Agosto, durante as Festas de Nossa Senhora do Monte, a padroeira da cidade conhecida também por "Terras da Chela”.
Em Abril do ano passado, o Cine-Teatro Óscar Gil albergou a primeira experiência do festival fora de Luanda, com a colaboração do Núcleo Provincial da Associação Angolana de Profissionais de Cinema e Audiovisual (APROCIMA).
Em declarações ao Jornal de Angola, a propósito da data da terceira edição do Festival Internacional de Documentário de Luanda (DocLuanda), que este ano acontece de 16 a 22 de Maio, o cineasta considerou que a sétima arte, além de perpetuar a cultura, constituiu ao mesmo tempo "a imagem de uma identidade e de desenvolvimento que se pode mostrar ao resto do mundo”.
Além disso, referiu que o DocLuanda permite uma reflexão sobre outras formas de pensar, olhar e comunicar, contribuindo para um maior desenvolvimento cultural não só de Angola, mas da comunidade lusófona.
Em relação às novidades da presente edição, adiantou que este ano o DocLuanda vai surgir com algumas surpresas a nível de apoios, prémios, troféus e novas parcerias "vão ser anunciadas brevemente”.
Jorge António recordou que o festival é exclusivo para filmes documentários, e que possui um fundo pedagógico que visa incentivar o intercâmbio cultural, estabelecer uma visão contemporânea do mundo e do país, através do cinema e da sua história, contribuindo desta forma, também, para o futuro do panorama da sétima arte angolana.
As sessões de cinema continuam gratuitas e são compostas pelas seguintes secções competitivas: Competição Internacional, em que são divulgados autores e filmes recentes da produção mundial. A Competição Nacional, em que passam filmes mais recentes de realizadores angolanos nos formatos de curta e longa-metragem.
As sessões são temáticas e não competitivas. A intenção é mostrar filmes pouco vistos e importantes para a cultura e história de Angola, bem como focar autores e filmografias da cinematografia mundial.
No campo das homenagens, tal como na primeira e segunda edição, foram distinguidos Gita Cerveira (engenheiro de som) e Óscar Gil (realizador), respectivamente. A organização do festival atribui particular importância a esta secção, por isso vai ser uma surpresa a figura para ser homenageada este ano.
"É uma forma de homenagear uma figura (realizador, actor, técnico) do cinema angolano, cujo trabalho foi ou é importante no desenvolvimento do sector”, adiantou o director do DocLuanda.
Aulas magnas e concertos
Conversas e encontros com o público à volta de temáticas de interesse geral no universo mundial da sétima arte e importantes para o desenvolvimento do cinema angolano vão fazer parte, também, do programa desta edição.
A intenção, de acordo com o director, é que para estes encontros ou "masterclasses” sejam convidados profissionais de reconhecido mérito e competência nas suas especialidades.
Em relação aos concertos e artes performativas (dança, música e teatro), o DocLuanda aposta em organizar concertos ou espectáculos com artistas consagrados no panorama angolano, desde a música, dança e teatro.
"A ideia de incluir esta secção tem o intuito de criar e diversificar uma visão mais abrangente de outras artes”.
Feira do Livro e DVD
A Feira do Livro e DVD tem sido uma actividade paralela que ajuda a comunidade (profissionais e amadores do cinema), estudantes e ao público, em geral, incluindo cinéfilos na obtenção de material didáctico e histórico. "Numa cidade em que a oferta de produtos culturais é escassa, a feira coloca à disposição de todos inúmeros títulos editoriais e edições de filmes em formato ‘home movie’ a preços reduzidos”.
Tem havido, também, exposições temáticas que promovem conhecimento e permite ajudar a divulgação da História do Cinema.
Imanni da Silva pinta o "DocLuanda”
O artista plástico Mário Tendinha concebeu o cartaz da primeira edição, enquanto Célio Pombo foi o autor do cartaz da segunda edição, que ilustrava uma mulher mumuíla.
Este ano, a artista plástica Imanni da Silva, natural de Luanda, foi convidada pela organização do festival para assumir a elaboração do cartaz da terceira edição do DocLuanda. O cartaz vai ser divulgado esta semana, pela direcção do festival, a nível da imprensa e das redes sociais.
Imanni da Silva é uma das pintoras cujo nome e obras são reconhecidos a nível da arte contemporânea angolana. Aos 16 anos, estudou no Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural (INFAC), e mais tarde, aos 21 anos, frequentou o Instituto de Moda e Belas Artes, Central Saint Martins de Londres, onde adquiriu novos conhecimentos em design têxtil e de acessórios.
Com forte influência pelo surrealismo e figurativo, os seus trabalhos combinam várias técnicas, desde acrílico, óleo com materiais, colagens e acabamentos diversos como o bordado, folha de ouro e cristais. Tem como fontes de inspiração a mulher e a natureza.
Ao longo da carreira, já com doze anos, tem participado em exposições colectivas quer no país quer no exterior. A primeira exposição individual, intitulada "Vermelho sou, vermelho somos”, foi em 2018 no espaço Camões, em Luanda. Muito criativa, Imanni tem intervenções noutros campos das artes, como moda, design e pintura mural, e tem promovido acções de carácter filantrópico.
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