Opinião

Cartas dos Leitores

Urinóis públicos A Baixa de Luanda, para onde afluem, todos os dias, mais de um milhão de pessoas, entre as que lá trabalham e as que por lá passam, está desprovida de estruturas para que os transeuntes façam necessidades menores. Em tempos, decidiu-se pela instalação de urinóis de Design arredondado, na Baixa de Luanda, mas que acabaram por ser vandalizados e completamente destruídos. Dizia-se, na altura, que o Estado tinha gasto milhões de dólares com as referidas construções, que não vingaram.

21/07/2021  Última atualização 09H45
Julgo que nem soubemos aprender com o que se passou, na medida em que foi uma experiência vã, a simples instalação dos urinóis sem uma campanha de sensibilização e de educação das pessoas. Sempre que se pretende proporcionar bens e serviços às populações que careçam de preservação e segurança, o ideal passa sempre por processos de sensibilização e educação quanto ao uso.

Não podemos perder de vista que, ainda que residual, há uma franja significativa da população de Luanda que não usa retrete normal nos seus aposentos, razão pela qual o uso dos espaços públicos para fazer necessidade menor não inibe a muitos. Nem discretos sabem proceder, ao urinar na via pública nas circunstâncias da vida que levamos hoje sem espaços para a realização desta necessidade humana.


A iniciativa para voltar a colocar urinóis nas ruas e largos de Luanda é urgente porque as árvores, os espaços de estacionamento dos carros, os jardins públicos, entre outros lugares, estão a servir para a realização das necessidades fisiológicas. Acho que faz todo o sentido que se proceda a instalação de espaços em que as pessoas possam fazer necessidades menores, pelo menos estas e depois passar-se a multar as que incorrerem em infracções.

Muitos lugares, aqui da cidade de Luanda, exalam um mau cheiro por força da urina que as pessoas depositam e podia aqui dar o exemplo da zona de São Paulo, Congolenses e partes da Mutamba. Não se consegue passar ou permanecer por algum tempo nos referidos locais porque as pessoas que vendem em tais lugares acabam por transformá-los também em retretes. Ali onde vendem, onde se alimentam é também onde realizam as necessidades fisiológicas, uma situação que também ocorre junto dos hospitais onde familiares de doentes passam as noites.
Aldair Samandjata|Bairro Huambo


Salas de espectáculo
A falta de salas de espectáculo em Luanda é gritante e creio que as autoridades que governam a província há muito que deviam aprender com a lição deixada pelo fundador do Cristianismo, quando há dois mil anos disse que "nem só do pão viverá o homem”. A componente cultural, para alimentar o espírito, é também muito importante e a redução a que nos remetemos todos hoje, a lutar todos os dias unicamente em nome da barriga não nos dignifica como seres humanos. Erguem-se muitas estruturas, mas poucas ligadas ao mundo do espectáculo nos bairros de Luanda. A juventude anda alienada, a pensar que a vida, o desemprego e o lazer em geral devem ser preenchidos unicamente com as maratonas de bebedeiras ou pela ociosidade que, muitas vezes, leva ao cometimento de crimes. Urge promover a construção de salas de espectáculo multiusos em todos os bairros de Luanda para dar vida às comunidades, arrecadar receitas e melhorar o dia-a-dia das pessoas de todas as idades.
Fernando Junqueira  JR. |Cazenga

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