Política

Estrada que liga Zaire e Cabinda entra em obras

Fernando Neto | Nóqui

Jornalista

O troço Lucossa/Mpala/-Nóqui, na EN120, com 104,60 quilómetros de extensão, vai ser asfaltado para garantir a circulação de pessoas e bens entre as províncias do Zaire e de Cabinda, passando pela vizinha República Democrática do Congo (RDC).

14/10/2020  Última atualização 13H12
Fernando Neto | Edições Novembro|Nóqui © Fotografia por: Ministro disse que a conclusão das obras vai impulsionar a vida económica da região Norte

O acto de consignação da empreitada, a cargo das construtoras Tecnovia e Engevia, teve lugar na segunda-feira, no município do Nóqui. As obras vão ser executadas no prazo de 24 meses.

A assinatura dos autos de consignação entre o Ministério das Obras Públicas e Ordenamento do Território e as duas construtoras, foi testemunhada pelo ministro Manuel Tavares de Almeida e pelo governador do Zaire, Pedro Makita.
Os 104,60 quilómetros foram subdivididos em duas empreitadas. A primeira de Lucossa a Mpala, com 51,40 quilómetros, vai custar 32.994.276.104 kwanzas, e está a cargo da Tecnovia. A fiscalização vai ser garantida pela empresa Profis e tem a previsão de criar 200 postos de trabalho.
A segunda, de Mpala a Nóqui, com a extensão de 53,20 quilómetros, a cargo da Engevia, vai custar 33.049.016.277 kwanzas. A fiscalização fica a cargo da empresa Tatop. Prevê criar 150 postos de trabalho.

O valor global das duas empreitadas contempla a construção de três pontes em betão, sobre os rios Mpozo, Luvo e Lué Pequeno. A ponte sobre o rio Mpozo, a maior das três, vai ter 240 metros de extensão, 11 de largura e 1,5 metros de passeio.
A estrada vai contar com nove metros de largura, dividida em duas faixas de rodagem de 3,5 metros e bermas de um metro em cada lado.
O ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território, Manuel Tavares de Almeida, disse que o troço representa uma importância muito grande para o país, porque vai imprimir uma nova dinâmica na economia da região, pelo volume de mercadoria transportada entre as províncias de Luanda, Zaire e Cabinda.

O ministro informou que, para além do troço Lucossa/-Mpala/Nóqui, o Programa de Salvação de Estradas contempla a reabilitação da estrada Mbanza Kongo/Lucossa/Luvo, com cerca de 62 quilómetros. A via é considerada importante na dinamização das trocas comerciais entre Angola e a RDC e fonte de receitas para o Estado.
“Temos que resolver o problema da circulação de pessoas e bens, para termos, como resultado, não só a segurança e conforto das pessoas, mas também dinamizar a economia e a captação de receitas”, avançou.

Em relação à circulação de pessoas e bens entre as sedes municipais, Manuel Tavares de Almeida informou que a província do Zaire vai beneficiar, em tempo oportuno, de outras infra-estruturas rodoviárias, bem como vias mais curtas para Cabinda, através do troço Lufico/Nóqui/RDC.
“Estamos a olhar para o país, mas no momento certo daremos continuidade a outras realizações na província do Zaire. Nesta obra que acabamos de adjudicar, adoptamos uma solução definitiva, com pontes robustas para suportar grandes cargas e, ao mesmo tempo, resolver o problema da ponte do Luvo. Esperemos que a empreitada seja concluída dentro do prazo contratual, uma vez que, o financiamento está assegurado”, garantiu.

O director-geral da Tecnovia Angola, Ricardo Marfim Santos, considerou desafiante a empreitada, mas disse estar à altura, tendo em conta a experiência acumulada em matéria de construção de estradas.
O responsável da construtora Engevia, Paulo Pinheiro, afirmou que as obras terão a qualidade exigida e vão ser concluídas nos prazos acordados. “Temos 13 anos de obras em Angola, nunca tivemos problemas de qualidade. Estamos a mobilizar os meios para começarmos”, sublinhou.

Projectos paralisados preocupam o governador

Os projectos de impacto social paralisados, há anos, no Zaire, por alegada falta de dinheiro, preocupam o governador provincial, Pedro Makita, que solicitou a intervenção do Ministério das Obras Públicas e Ordenamento do Território, para encontrar soluções financeiras que possam permitir a retoma das empreitadas.

Entre os projectos paralisados, destacam-se as centralidades dos municípios do Soyo e Mbanza Kongo, as instalações dos Serviços de Investigação Criminal e de Protecção Civil e Bombeiros, o Tribunal e o Hospital Central do Zaire. As últimas estão executadas na ordem dos 75 por cento.
Apontou, ainda, as obras de construção das instalações da Procuradoria-Geral da República, em Mbanza Kongo, do campo gimnodesportivo do Soyo e a reabilitação do Cine Clube “Comandante Bula” (Mbanza Kongo).

Kayila Silvina | Mbanza Kongo

A morosidade para o arranque das obras de construção do novo aeroporto de Mbanza Kongo, cujo terreno já foi desminado, é outra preocupação apresentada ao ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território. Em resposta, o ministro esclareceu que as preocupações ligadas ao sector que dirige vão merecer a devida atenção, ao passo que as outras serão apresentadas aos responsáveis dos ministérios afins. Manuel Tavares de Almeida anunciou a instalação de uma portagem no posto fronteiriço do Nóqui.