Economia

Negócio imobiliário sofre queda na ordem de 60 por cento

António Eugénio

Jornalista

Os valores dos imóveis em Luanda baixaram na ordem de 60 por cento se comparado com o mesmo período de 2017, altura em que o negócio imobiliário estava no auge, segundo o vice-presidente da Associação dos Profissionais Imobiliários (APIMA), Cleber Correia.

02/10/2020  Última atualização 17H06
DR © Fotografia por: Cleber Correia, da APIMA

No novo contexto, um apartamento T3 localizado na zona de Talatona que custava 136 milhões de kwanzas, está a ser vendido em cerca de 80 milhões de kwanzas.
Na zona da Baixa de Luanda onde o apartamento custava um milhão e 200 mil dólares, o interessado pode comprar pela metade do valor. Os imóveis comerciais são mais caros na Baixa de Luanda e imóveis residenciais em Talatona.

Cleber Correia justificou que os imóveis que foram criados no passado atendiam às demandas de grandes empresas que precisavam de grandes áreas.
Hoje, a demanda é do pequeno empresário, que não pode arrendar ou comprar um grande escritório, por isso vaticina que os imóveis pequenos terão maior saída. Um outro motivo que esteve na baixa do preço tem a ver com o declínio da procura. Nesse sentido, apontou que o Governo precisa de criar medidas para atrair investidores estrangeiros.

Casas sociais

A promoção e a criação de imóveis sociais que engloba terrenos, para facilitar pessoas incapazes financeiramente de comprar uma casa, a obterem terreno infraestruturado e legalizado.
Criar segurança e atractividade aos bancos, na operação de crédito imobiliário, criação de uma lei que resolva o incumprimento nos créditos imobiliários devem ser também medidas do Executivo para facilitar a obtenção da casa própria.
Na óptica da APIMA, é preciso criar processos que facilitem e agilizem nas concepções de direito de superfície e licenças de construção, especialmente, para imóveis sociais.
A promoção de uma campanha de legalização dos imóveis que não possuam direito de superfície, com concessão de títulos provisórios em até 90 dias, já registados na Conservatória Predial, que tornam-se definitivos ao final de um ano, é outra medida a ter em conta.

Mercado sazonal

O mercado imobiliário está a passar por um momento sazonal, segundo o vice-presidente da Associação dos Profissionais Imobiliário (APIMA), Cleber Correia, e considera que quando falta liquidez é o primeiro segmento de negócio a sentir os efeitos negativos. Segundo ele, Angola é um país muito jovem e o Estado tem uma visão alargada do negócio e pode tornar o mercado imobiliário muito promissor e criador de postos de trabalho e de muitas receitas.
Apesar deste problema, a perspectiva mantém-se positiva e a APIMA está a incentivar as empresas associadas a adaptarem-se aos novos paradigmas.

O negócio imobiliário está em queda desde o ano 2010, alegadamente por inexistência de créditos bancários bonificados e outras políticas atractivas para alavancar o ramo habitacional e poder voltar a tempos áureos.
O vice-presidente da APIMA?traça um cenário ainda mais sombrio, tendo em conta a inflação da moeda e outros factores que concorrem para a construção. Segundo a fonte, sem financiamento, não vai existir novas construções, aliado também a inexistência de compradores, devido a escassez de dinheiro. “ Faltará imóvel e o preço subirá, pressionando assim para mais inflação. Sempre dissemos, não existe mercado imobiliário sem crédito bancário”, disse.

No mesmo sentido, confirma que o Governo está a criar políticas habitacionais para atrair investidores estrangeiros no país. Além disso, defende que paulatinamente se valorize os salários por causa da desvalorização cambial que influência no poder de compra.
Há a necessidade dos bancos concederem créditos que sejam acessíveis à população. “A medida que o tempo passa aumenta a demanda por imóveis e consequentemente o preço sobe”. Segundo o responsável, o mercado está a passar por um momento sazonal. Especialmente o mercado imobiliário, quando falta liquidez é o primeiro a sentir e quando a economia retoma, em pouco tempo dá sinais de recuperação.

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