O Banco de Poupança e Crédito (BPC) anunciou estar a organizar processos para recuperação do crédito malparado por via judicial depois de, em 2019, ter visto reembolsados 47 mil milhões de kwanzas, ou apenas 4,2 por cento da carteira de 1.118 mil milhões em dívida, soube o Jornal de Angola junto da instituição financeira.
Ao reagir a este jornal, por escrito, sobre a Avaliação da Qualidade dos Activos (AQA) realizada pelo BNA de Abril a Dezembro últimos, o BPC revelou que, na constituição dos processos judiciais, tem enfrentado desafios relacionados com a formalização contratual dos créditos e das garantias, algo que contribuiu para os resultados menos favoráveis da avaliação.
No domínio malparado recuperado em 2019, o banco adiantou que 841,1 milhões de kwanzas foram-no graças à Campanha Renascer, uma operação dirigida ao segmento de particulares, com a qual o BPC tem intensificado as acções de reestruturação de crédito através da renegociação das condições dos empréstimos.
Em 2018, avança o banco, foi alienado à Recredit um total de 298,7 mil milhões de kwanzas, equivalentes a 26 por cento da carteira de crédito, com o banco a receber, como contrapartida, o valor de 231,1 mil milhões em Obrigações do Tesouro de 24 anos e uma taxa de juro de cupão de 5,00 por cento ao ano.
De acordo com o banco, a capitalização realizada por via da emissão de títulos não reajustáveis de 24 anos, bem como o saneamento da carteira de crédito com títulos com o mesmo perfil “acabaram, na prática, por não resolver o problema da insuficiência de capital e do défice de liquidez estrutural, devido ao facto destes títulos terem um valor de mercado situado “muito abaixo do valor nominal e não serem instrumentos suficientemente líquidos”.
O BPC também anunciou o decurso da negociação do segundo pacote de crédito, que deverá culminar com a passagem de cerca de 80 por cento do crédito malparado para a Recredit, como parte dos esforços para sanear as finanças do banco, uma contenda que envolve a instituição com mais acuidade desde 2017.
Naquele ano, o banco adoptou um Plano de Reestruturação e Recapitalização que, entre outros aspectos, previa o saneamento da carteira de crédito por via da Recredit (uma companhia pública criada para absorver os activos tóxicos do BPC) e de acções internas de recuperação de crédito.
Dois programas adoptados pelos accionistas do banco de capitais públicos, o Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) e o Plano Estratégico “Rumo 20-22”, revelaram-se insuficientes à necessidade de reforço de imparidades, levando o Conselho de Administração a elaborar um novo Plano de Reestruturação e Recapitalização (PRR), que foi submetido à aprovação dos accionistas e adoptado.
O plano tem como perspectiva repor os fundos próprios e o rácio de solvabilidade para níveis regulamentares, garantir níveis de liquidez adequados, reduzir os custos de captação de capital, sanear a carteira de crédito, reduzir os custos operacionais para níveis mais sustentáveis e implementar uma plataforma informática sustentável e adequada ao negócio, tendo em vista melhorar a eficiência operacional, reforçar os sistemas de controlo interno e da gestão de riscos.
Provisões para crédito
O BPC declarou uma tendência para o crescimento do stock de provisões para crédito, que passaram de 460,8 mil milhões, em Dezembro de 2018, para 1.298,1 em Novembro de 2019, representando um rácio de cobertura de provisões sobre a carteira de crédito de 92 por cento, o que, entre outras coisas, inviabiliza a capacidade do banco para emprestar.
De tal forma, que um diagnóstico realizado pelo Conselho de Administração que chegou ao banco em Junho do ano passado, presidido por André Lopes (antigo líder do Banco Yetu) “confirma a necessidade de injecção de capital adicional por parte dos accionistas”, de acordo com as notas redigidas .
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