Sociedade

“Jarda” deixa kudurista Samara Panamera de cama

A kudurista Samara Panamera, uma das mais excêntricas artistas do estilo kuduro, foi recentemente operada a uma das nádegas, como consequência do uso de “jarda”, nome dado ao recurso a cirurgia e injecções que deixam partes do corpo humano mais avantajadas.

19/06/2019  Última atualização 10H55
DR © Fotografia por: Médicos desaconselham as pessoas a submeterem-se ao processo para terem partes do corpo mais avantajadas

A cantora encontra-se no momento em casa, mas deve voltar ao hospital a qualquer momento para operar a outra nádega, que também ficou infectada. Informações pos-tas a circular na Internet avançam que Samara não operou a outra nádega por falta de dinheiro.
Não se sabe, até ao mo-mento, se a operação já feita consistiu na remoção da ná-dega ou se apenas na extracção de secreções que normalmente se formam na região alterada pela jarda.
Uma fonte próxima da cantora garantiu ao Jornal de Angola que, apesar de tudo, o estado de saúde da kudurista é estável. “Não é verda-de que a Samara esteja em coma”, realçou, para acrescentar que as informações erradas sobre o estado de saúde da cantora, que estão a ser veiculadas por alguns órgãos de comunicação, estão a deixar a família da artista muito abalada.
Em Março, o Jornal de Angola publicou uma matéria na qual o médico cirurgião Renato Palma dava a conhecer que duas jovens tinham perdido a vida e outras carregavam sequelas irreversíveis por terem tentado, há dois anos, através do mesmo método, alterar partes do corpo como nádegas, ancas e pernas, com produtos químicos, para ficarem mais avantajadas.
O médico revelou que o Hospital Josina Machel, em Luanda, já registou vários casos de jovens do sexo feminino, entre os 17 e os 21 anos, que foram mal sucedidos ao submeterem-se a este processo, vulgarmente conhecido por “jarda”, conduzido por pessoas que não têm o mínimo conhecimento sobre medicina e em locais impróprios. “Elas foram incentivadas por amigas que, supostamente, se deram bem, mas, infelizmente, o mesmo não aconteceu com elas”, disse Renato Palma.
O médico fez saber que, num dos casos, uma jovem chegou a morrer naquela unidade hospitalar, como consequência desse acto ilegal. Renato Palma ressaltou que a paciente começou primeiro por perder as nádegas, já apodrecidas, parte dos músculos da barriga e os órgãos genitais. “Ela começou por apodrecer, ficámos impossibilitados de salvá-la, porque chegou ao hospital num estado já muito avançado de debilidade física”, recordou.
Para o médico, “não faz sentido que as pessoas se submetam a esse processo, para terem algumas partes do corpo avantajadas”, pois o corpo humano possui estruturas que, quando estimuladas com exercícios físicos, atingem os mesmos níveis produzidos por essas substâncias químicas que muitas mulheres utilizam para terem as nádegas mais salientes.
Renato Palma alertou para o facto de a sociedade angolana estar a enfrentar uma crise de valores morais que, em seu entender, está a levar muitos jovens a aderirem a certas práticas negativas para conseguirem objectivos, sem medirem as consequências.
“De repente, criou-se a falsa ideia de que aquelas pessoas que aparentam estar bem fisicamente são mais valiosas do que as que não aparentam”, frisou o médico que desaconselha o uso de qualquer substância anabolizante para desenvolver as nádegas, pernas ou outras partes do corpo. “Os resultados do uso incorrecto de suplementos anabolizantes são, a curto prazo, desastrosos e muitas vezes irreversíveis”, alertou o especialista em cirurgia plástica, para quem é falsa a informação, segundo a qual o efeito produzido por esses produtos, para o aumento das nádegas, é permanente.
Com o andar do tempo, “as nádegas das pessoas que usam inadvertidamente anabolizantes mudam de lugar, por causa do peso. Quando a pele humana começa a perder consistência elástica normal, a pessoa necessita de uma intervenção cirúrgica para a relocalização ou mes-mo remoção”.
Outro risco que as pessoas que se submetem a esse processo correm, segundo o médico, tem a ver com o mau uso da seringa por aqueles que aplicam essas injecções. Renato Palma advertiu que se for mal aplicada, ao ponto de apanhar uma veia, “o líquido pode viajar em forma de êmbolo até aos rins, provocando depois problemas renais, respiratórios e ao coração, que pode provocar enfarte”. “Em alguns casos, com tratamento envolvendo antibiótico, terapia e outras formas, consegue-se parar o processo, mas a pessoa não fica a mesma”, alertou o médico, revelando que muitas jovens usam, para deixar as nádegas mais avantajadas, silicone utilizado na construção civil.