Política

Tribunal pode começar hoje a ouvir último réu tailandês

O julgamento da Mega Burla Tailandesa, em que o Estado angolano seria burlado em 50 mil milhões de dólares, prossegue hoje com a audição do réu tailandês Pierre Buapeng, acusado dos crimes de associação criminosa, burla por defraudação na forma frustrada e falsificação de documentos.

18/02/2019  Última atualização 07H23
Vigas da Purificação | Edições Novembro © Fotografia por: Julgamento decorre na 1ª Câmara Criminal do Tribunal Supremo, que funciona no Palácio da Justiça, em Luanda

Entretanto, a audição a Pierre Buapeng está a depender da chegada, da África do Sul, de um tradutor, já que o réu não fala português. Segundo fonte da 1ª Câmara Criminal do Tribunal Supremo, que julga o caso, o referido tradutor tinha a chegada a Luanda prevista para o dia de ontem, domingo.
Caso o tradutor não chegue a tempo, de acordo ainda com a mesma fonte, o tribunal deve começar a ouvir as mais de 30 pessoas arroladas no processo como declarantes. O primeiro da lista é Silva da Cunha Fernandes, a altura dos factos director do Gabinete Jurídico da extinta Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP).

Entre os declarantes destacam-se ainda os nomes do ex-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, Geraldo Sachipengo Nunda, na qualidade de presidente da mesa da Assembleia Geral da cooperativa “Njangu Yetu”, Rogério Félix Paulo Cabuinda, ex-director adjunto do Gabinete do Vice-Presidente da República, e Alcino Izata da Conceição, assessor para a Área Económica e Social do Vice-Presidente da República.
No processo vão igualmente responder como declarantes Belarmino Van-Dúnem e Mário Palhares. Na altura dos factos, o primeiro era o presidente do Conselho de Administração da extinta Agência para a Promoção do Investimento e Exportações (APIEX), enquanto o segundo exerce, até ao momento, cargo similar no Banco de Negócios Internacional (BNI).

O tribunal já ouviu os réus Raveeroj Ritchoteanan, Monthia Pribwai, Manin Wanitchanon, Andre Louis Roy, Mollion Isaac Haile, Celeste de Brito, Norberto Garcia, José Arsénio Manuel e Christian de Lemos, este último na última quinta-feira.
Durante a audiência, Cristian, acusado e pronunciado pelo Ministério Público pelos crimes de associação criminosa, burla por defraudação na forma frustrada, e cúmplice de tráfico de influência e promoção e auxílio à imigração ilegal, foi confrontado pelo juiz Aurélio Simba com as declarações prestadas aquando da instrução preparatória do processo.

O réu confirmou que o então chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, general Geraldo Sachipengo Nunda, aconselhou a ré Celeste de Brito a afastar-se de Raveeroj Ritchoteanan, por aquela ter começado a contrariar o suposto empresário tailandês pelos procedimentos utilizados para fazer com o que o dinheiro chegasse ao país. Cristian de Lemos foi ainda questionado por que continuou a fazer o trabalho de tradução dos tailandeses, quando a mesma, que o tinha contratado, já tinha sido afastada pelos tailandeses. O réu disse que continuou a prestar o serviço de tradução a favor de Raveeroj Ritchoteanan porque tinha de cumprir o contrato, ainda que este tenha sido verbal.
O réu também foi questionado se algum general o terá contratado para exercer a função de tradutor. Cristian de Lemos esclareceu que, depois de Celeste de Brito ter sido afastada, foi contratado pela cooperativa “Onjango Yetu”, na pessoa do general José Arsénio Manuel, para continuar a prestar o serviço de tradução.

Cristian disse ainda que, durante o tempo que prestou serviço de tradução, os supostos investidores tailandeses tiveram encontros com algumas entidades, entre as quais os generais Higino Carneiro, António Pereira Massano, Geraldo Sachipengo Nunda e Julião Mateus Paulo “Dino Matross”. Nesses encontros, sublinhou, Raveeroj Ritchoteanam era directo e objectivo nas suas palavras: pretendia investir em Angola.
O réu revelou ainda que Ritchoteanam prometeu-lhe emprego de tradutor na sua empresa, Centennial Energy. Em relação a ré Celeste de Brito, Cristian de Lemos disse que a conhece há nove anos.

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