Cultura

Instrumento essencial na vida dos kung san

Alberto Coelho | Cabinda

Jornalista

O instrumento musical xikomba, pertencente ao grupo etnolinguístico kung san que habita no sudoeste do território angolano, na zona fronteiriça com a República da Namíbia, foi o escolhido pela direcção do Museu Nacional de Antropologia como o utensílio do mês de Janeiro.

12/08/2017  Última atualização 10H37
Domingos Cadência | Edições Novembro © Fotografia por: Projecto tem por objectivo a divulgação de conteúdos antropológicos históricos e da biodiversidade

Inserido no projecto “Peça do Mês”, do Museu Nacional de Antropologia, o xikomba foi durante o mês de Janeiro a atracção dos visitantes desta instituição museológica nas visitas guiadas, no seguimento da rotatividade de apresentação aos utentes do museu das suas colecções.
O programa, que pretende assegurar a divulgação do acervo cultural para fins educativos, fundamentalmente aos estudantes, pesquisadores e docentes, tem sido um programa bem concebido pelo número de visitantes que tem recebido mensalmente.
A visita de muitos estudantes e estrangeiros, interessados em explorar mais os aspectos culturais das mais variadas etnias do povo angolano, tem permitido aumentar os conhecimentos sobre a história do país. Nesta edição, o Jornal de Angola descreve o xikomba: um instrumento musical importante na vida social dos kung san.
O xikomba é constituído por um arco sonoro formado por uma vara de madeira, um fio de couro e meia-cabaça de abóbora que serve de caixa de ressonância. O instrumento é um cordofone, cujo som é obtido através da vibração de uma corda tensionada quando beliscada, percutida ou friccionada.
As músicas e as canções deste grupo etnolinguístico recriam momentos da vida quotidiana e da caça. No que diz respeito ao culto lunar, o aparecimento da lua nova é celebrado com manifestações de alegria, o que se repete por ocasião da lua cheia: exibem-se danças imitando animais da floresta e canções de uivos (gritos dos lobos  e cachorros).
A dança é um ritual dos curandeiros, para curar os doentes e pedir ao tempo que mande a chuva para a sobrevivência. Estes caçadores dedicam-se à caça e às mulheres recai a obrigação de garantir o sustento diário, recolhendo frutos e raízes. É usual dizer-se que os khoisan têm uma vida ociosa por só despenderem, em média diária, cerca de duas horas na busca e confecção dos alimentos e passarem o resto do tempo em actividades de lazer.
De acordo com a cosmogonia do grupo, este comportamento corresponde mais ao uso racional das potencialidades que o deserto oferece, tendo em conta as suas necessidades e a busca de respostas adequadas para as situações concretas que vivem e o funcionamento harmonioso da estrutura social e das suas instituições.

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