Reportagem

Reabilitação da estrada nacional

A proximidade geográfica entre as províncias da Huíla e do Huambo faz com que a população esteja interligada constantemente, através de trocas comerciais, visitas turísticas, consultas médicas, laços familiares e outros propósitos.

27/07/2017  Última atualização 09H33
Edições Novembro © Fotografia por: Governo Provincial da Huíla quer ver estradas reabilitadas

A reabilitação da estrada nacional (EN) 354, no troço Cusse, município de Caconda e Cuima, município da Caála, província do Huambo, inserida no quadro do programa de investimentos públicos (PIP), em conformidade com o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2013/2017, está a ser vista como factor determinante que vai dinamizar os interesses comuns e alavancar o desenvolvimento socioeconómico das duas regiões.
Os trabalhos de reabilitação do troço da estrada nacional (EN) 354 vão permitir a ligação entre a cidade do Lubango e o Huambo, capitais das províncias da Huíla e do Huambo, respectivamente, melhorando as condições da circulação de pessoas e bens.
O ganho vai fazer com que se aumente a produção e as trocas comerciais numa região em que predominam a agricultura e a pecuária como actividades principais.
A obra encontra-se no processo de financiamento da Linha de Crédito da Eurobonds, inscrita no Orçamento Geral do Estado (OGE) 2017, os trabalhos já iniciaram em Abril e a conclusão está prevista para Julho de 2018.
A estrada tem uma extensão total de 65,80 km dos quais 45,15 km de distância com o Huambo e 20,65 km com a Huíla.
Quando as obras terminarem, com duas faixas de rodagem em cada lado, a estrada vai ter uma plataforma de 11 metros, incluindo as bermas, e 3,5 metros de largura para cada faixa de rodagem.

Governadores inspeccionam trabalhos

Dois meses depois do arranque dos trabalhos, os governadores provinciais da Huíla, João Marcelino Tyipinge, e do Huambo, João Baptista Kussumua, inspeccionaram as obras de reabilitação do troço,  numa visita guiada pelo empreiteiro.
O director de obras, Tiago Dono, disse que já foram terraplanados 43 quilómetros de estrada e os trabalhos estão a ser desenvolvidos, numa primeira fase, por 15 técnicos angolanos, incluindo motoristas e operadores de máquinas, entre outros, para, na segunda, contemplar mais de 100 postos de trabalho directos.
Diariamente,  são terraplanados 1.500 metros de distância, numa demonstração clara do cumprimento dos prazos estipulados no contrato de consignação.
Nos próximos trabalhos, vão estar virados na mobilização de camadas de aterro para a compactação dos solos e posterior colocação do tapete asfáltico.
A intervenção nas valas de drenagem e passagem hidráulica, por forma a garantir o escoamento sem sobressaltos das águas pluviais e outros, são acções que se seguem no traçado.
O traçado vai estar revestido em betão betuminoso. Os benefícios do troço da rede fundamental primária são imensuráveis.
A empreitada inclui a construção de quatro pontes, uma sobre o rio Cali, com uma extensão de 81,10 metros, com 11,80 metros de largura, outra sobre o rio Calai I, com uma extensão de 12,10 metros, no rio Luvuvo, com 16,10 metros de extensão e 11,80 de largura, e outra sobre o rio Cuando, com 82,50 metros de extensão e 11,80 de largura.
Estão terraplanados mais de 40 quilómetros, feitos alguns trabalhos de sub-base e a drenagem. O troço está a ser reconstruído no quadro do programa do Executivo de reabilitação das infra-estruturas rodoviárias nacionais, conduzido pelo Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA).

Exploração do potencial existente na província

As províncias da Huíla e do Huambo são duas regiões potencialmente agrícolas e a população deve tirar o maior proveito deste ganho, para que, no quadro do programa de diversificação económica e de combate à fome e à pobreza, os ganhos sejam efectivos, defendeu o governador do Huambo, João Baptista Kussumua.
O governante disse que quanto mais quantidades se produzir, mais acessíveis vão ser os preços, o essencial é que a produção esteja garantida e deve-se falar muitas vezes da questão do escoamento. “Temos que dialogar permanentemente com o circuito comercial, temos que nos ajustar na visão e lógica do Ministério da Indústria e das Obras Públicas”, defendeu.

Abate de árvores

O abate indiscriminado de árvores vai também merecer atenção especial dos governos provinciais da Huíla e do Huambo.
O governador do Huambo garantiu que é forte nesta vertente e as filosofias e orientações do Executivo estão bem claras dentro da protecção do ambiente, dos ecossistemas e da biomassa.
“É necessário que quem corta uma planta, deve ter a consciência de que é preciso, pelo menos, plantar mais cinco, para um repovoamento mais adequado, porque se formos cortando o que já existe há 50 anos, naturalmente que não vai haver a reposição e o que é fundamental. Apelamos aos membros da sociedade para não enveredarem no corte indiscriminado das árvores", pediu.

  Automobilistas destacam a obra

Os automobilistas que circulam nos 411 quilómetros do troço que liga as cidades do Lubango e do Huambo, passando pelo município de Caluquembe, Caconda (Huíla) e Caála, Huambo, destacaram as obras de reabilitação da via, em curso desde Abril último.
João Camosso, motorista de profissão, faz do troço Lubango/Huambo, como o seu ganha-pão. Ao volante de um camião de marca DAF, confessa que a reabilitação da estrada vai permitir economizar tempo e ganhar mais dinheiro.
Para o automobilista Paulo Cafivela, se trata de uma obra de grande importância, não só para os automobilistas, mas também para os empresários, que, por causa das condições em que se encontra o traçado Cusse/Huíla e Cuima/Huambo, preferem circular na estrada nacional que liga a Huíla e o Huambo, passado por Catengue, Cubal e Ganda, Benguela, até o Huambo, passando pela Caála.
A cidadã Angelina Maria felicitou o Executivo pela acção que empreende na reabilitação das estradas, particularmente do troço Cusse/Cuima.
Trata-se de uma obra de grande importância para a classe empresarial, porque a degradação da via impossibilita as trocas comerciais de forma mais fluida. O estado avançado de degradação dificultava o escoamento dos produtos para as duas províncias.
Com prazo de execução de 12 meses, a reabilitação incide igualmente no seu alargamento, melhoria das passagens hidráulicas e asfaltagem.
A vantagem da estrada reconstruída serve de oportunidade para os empresários que actuam no ramo da hotelaria e turismo intensificarem o negócio.
João William Quintino, proprietário do restaurante e hospedaria Verdinha, no município de Caconda, que funciona desde 22 de Abril do ano em curso, disse que, nesta altura, os clientes são poucos. Com a reabilitação da estrada, muitas pessoas vão sair do Huambo para fazer turismo em Caconda, numa distância de 177 quilómetros do Huambo.
Com o ganho, vamos facturar e pagar os impostos, que servem para que o Executivo realize acções viradas à construção de escolas, hospitais, estradas e infra- estruturas para o sector da Energia e Águas.
Os empresários do município de Caluquembe estão esperançosos com o ganho da estrada. Simão Canjuvi, empresário de referência em Caluquembe, Huíla, disse que a estrada que está a ser reabilitada é o troço mais próximo da Huíla à capital do país. Reconheceu que a economia local continua a crescer, factor este que é demonstrado com a instalação dos bancos de Poupança e Crédito (BPC), de Fomento Angola (BFA) e Internacional de Crédito (BIC).
João Marcelino Tyipinge disse que o Executivo, apesar da má fase derivada da baixa do preço do petróleo no mercado internacional, prossegue com o programa de criação e reabilitação .