Cultura

Kassav canta pela primeira vez no sul do país

A banda antilhana Kassav realiza sexta-feira, sábado e domingo três concertos em Angola, sendo o primeiro, às 20h30, no Centro de Conferência de Belas (CCB), em Luanda, o segundo na ponta da Restinga, no Lobito, e  último, às 14h30, no Clesort Kikuxi, em Viana.

10/05/2017  Última atualização 08H04
José Cola | Edições Novembro © Fotografia por: Banda antilhana liderada pelo guitarrista Jacob Desvarieux chega amanhã à capital angolana proveniente de Paris para três concertos

A banda antilhana  chega a Luanda amanhã às 18h00, proveniente da capital francesa, Paris, depois do trânsito por Bruxelas (Bélgica), confirmou ontem ao Jornal de Angola o director-geral da LS Republicano, responsável pela produtora dos espectáculos e o regresso do conjunto a Angola.
O primeiro espectáculo do grupo de zouk, no CCB, tem a duração de 2h25 e a participação de Edmázia Mayembe, cantora convidada para fazer a abertura do mesmo, revelou Fernando Republicano.
A banda das ilhas de Martinica e de Guadalupe é o cartaz do “Festival Tigra Beats com Garra” no sábado, às 15h00, na ponta da Restinga, na cidade do Lobitoe, naquela que é a primeira actuação dos Kassav numa província do sul de Angola. Yuri da Cunha, Cage One, Yannick Afroman e Zona 5 também constam do alinhamento do festival no Lobito. O  festival prossegue no domingo, já sem a presença dos Kassav, com Ary, B26, Puto Português, Projecto X, Banda Nvula e  animação dos DJ’s Malvado, Callas, Kapiro, Edy Rodrigues, Mila Sopa, Nelasta, Osvaldo Beatz, Pzee Boy, Kelson Mário, Leo Chris, Leandro 300, Elly Chuva e Ramos, Cláudio Pânico e 25.
Os Kassav regressam no domingo a Luanda para o último concerto, desta feita no Clesort Kikuxi, em Viana, com a participação de Yola Araújo.
A banda antilhana vem uma vez mais a Angola na sua máxima força, depois de vários e memoráveis concertos realizados em diferentes ocasiões na capital. Sob a égide da produtora LS Republicano, a reconhecida banda com b  38 anos de carreira e sucessos traz todos os membros fundadores ainda no activo.
Jacob Desvarieux, Jocelyne Béroard, Jean-Philippe Marthély, Georges Décimus e Jean-Claude Naïmro são os nomes sonantes da caravana de 20 elementos que promete actuações à altura do que sempre habituou os apreciadores dos seus trabalhos.
Primeira a despontar como pioneiro do zouk, Kassav traz um aparato de som que a permite realizar performances em cenários diferentes, informou o director-geral da produtora dos espectáculos .
Fernando Republicano deu a conhecer que a vinda dos Kassav é um marco para a produtora, por ser um desejo antigo do colectivo que dirige e pessoal.
A missão da produtora para esta empreitada previa reunir a banda Livity no mesmo elenco, para criar um ambiente mais nostálgico aos apreciadores da música zouk das décadas de 1980 e 90. Fernando Republicano disse que viu o objectivo frustrado pois “a produção ficou muita encarecida”, mas garantiu a dos cabo-verdianos noutras etapas.
O primeiro contacto da banda Kassav com o público angolano data de 1984, num memorável concerto que reuniu mais de 20 mil pessoas no Estádio dos Coqueiros. Cinco anos depois regressam para um concerto no Estádio da Cidadela. Em 2006, a banda regressa para animar a 2ª edição do Festival Super Bock Super Rock, realizado no Estádio da Cidadela Desportiva, ainda com Patrick St. Eloi, falecido em Setembro de 2010, num concerto que reuniu dentre outros artistas Boss AC.
Seguiram-se os concertos em 2010, nas festividades do 35º aniversário da independência de Angola, cujas receitas serviram para apoiar o Centro Nacional de Oncologia, no combate ao Cancro em Angola, em 2012,  no “Grand Mechant Zouk”, que reuniu a nata do Zouk na Cidadela Desportiva, com Guilou Lafarge, Luc Leandry, Eric Brouta, Frédéric Caracas, Harry Diboula, Warren, Dédé Saint Prix, Princess Lover, Fanny J, por Angola Eduardo Paím e Yola Araújo.
Em 2012, o “Show da Saudade”, da cidadela Desportiva, viu cantar Mamborró, Ken Boys, entre outros nomes da música angolana feita nos anos 80. Neste mesmo ano inauguraram a Casa de Zouk de Angola, localizada no Benfica. Padrinhos da instituição, os Kassav forneceram discos com música zouk, com destaque para um CD de platina de autoria de Jacob Desvarieux, para enriquecer o arquivo (acervo), um símbolo reconhecimento internacional de um símbolo internacional representado pela banda.
A sequência de espectáculos, não menos importantes em Angola, se inscrevem os de 2013, 2014 e 2015.
Pierre Edouard Decimus, Jacob Desvarieux, considerado o criador do estilo zouk e fundador dos Kassav, sempre consideraram que Angola está a escrever o futuro do zouk e da música popular africana e um mercado fértil.
O grupo Kassav, que marcou na década de 80 os angolanos dada a sua boa música, foi formado em 1979 por iniciativa de Pierre Edouard Décimus e Freddy Caracas, juntamente com Jacob Desvarieux e GeorgeDécimus.
O seu primeiro álbum intitulado “Love and ka dance” foi lançado no início de 1980 e o segundo - “Laguémwen”, no mesmo ano. Da lista, constam ainda “Passeport”, “Ayé”, “Noula” e “Yélélé”, “Majestikzouk”, “Tékit Izi” e “Difé”.
Ao longo da sua carreira, já foram distinguidos comvários discos de ouro e de platina. Já estiveram emvários países, tais como Angola, Argélia, RDC, Níger, Burkina Faso, Togo, Benin, Gabão, Côte d´Ivoire, Portugal, França, Rússia, Seychelles, Mayotes, Comores, Canadá e Estados Unidos .
Uma das características do grupo é a “independência”dos seus integrantes para o lançamento de discos a solo, mas com a participação de todo o colectivo.
Deste modo, Jacob lançou “Oh Madiana”, “Banzawa” e “Euphrazine Blues”, seguido pelo George Décimus (“Avec Kassav et cie” e “La vie”), Patrick Saint-Eloi (“Misikce lanmou”, “Zouké”, “Bizouk” e “Loutans”), Jean-Philippe Marthély (“Ti coq”, “Rété”, “Black Jack”, “Si sé taw” e “Opeyi”), Jean-Claude Naimro (“Enbalatè” e “Digital Dread”), Jocelyne Béroard (“Siwo” e “Milans”).
Na mesma senda, Patrick Saint-Eloi e Jean-Philippe Marthély lançaram “Bizness” e “Marthéloy”, enquanto  Jacob Desvarieux e George Décimus deixaram as suas impressões digitais em “Gorée” como lembrança de uma visita inesquecível realizada à ilha senegalesa, onde eram guardados os escravos a caminho das Américas.