Política

O povo é o nosso patrão

O candidato do MPLA a Presidente da República, João Lourenço, defendeu ontem, no Namibe, a valorização dos talentos em todos os níveis de ensino, incluindo as áreas da pesquisa e da investigação.

02/04/2017  Última atualização 07H29
Afonso Costa | Edições Novembro © Fotografia por: Candidato do MPLA a Presidente da República João Lourenço realizou visitas de solidariedade social e participou num acto político de massas em Moçâmed

João Lourenço afirma que só com a investigação é possível promover a pesquisa e o desenvolvimento tão necessários para o crescimento das empresas, das indústrias e, consequentemente, da economia. O candidato do MPLA disse que, além da necessidade de se colocar a diplomacia ao serviço da economia nacional, como realçou no comício do Zango em Luanda, é necessário igualmente apostar na investigação científica de modo a gerar o desenvolvimento do ponto de vista económico.
 “A partir desta e outras cidades académicas, temos de acarinhar os talentos, que vão surgindo em todos os níveis do ensino.  Sobretudo aqueles que, pela sua dedicação ao estudo e seriedade conseguem resultados acima da média, devendo por isso ser acompanhados e dirigidos para a esfera da investigação”, disse.
João Lourenço pensa que o Namibe pode transformar-se numa cidade académica, “por ser pacata, com pouca população e propícia para estudantes.
“Vamos trabalhar para isso, atraindo os investidores privados a trazerem para aqui os seus colégios, liceus, institutos médios, superiores, universidades, para formarmos muitos mais quadros para o país”.
O candidato felicitou ainda a província, pelo facto de apresentar o melhor índice de aproveitamento escolar a nível do país. Para o efeito aceitou visitar a escola Saidy Mingas, uma das instituições de referência no Namibe, que deu como exemplo para as demais províncias.
Na sua intervenção para os milhares de militantes, amigos e simpatizantes da província do Namibe, João Lourenço  apelou à preservação do ambiente, defendendo que os angolanos devem cuidar melhor da terra, dos oceanos e mares, para o bem do desenvolvimento do país.
Desde que foi indicado para candidato do partido maioritário para conduzir o destino dos angolanos,  foi a primeira vez que João Lourenço tocou num assunto que considera indispensável para que Angola ofereça saudáveis oportunidades de negócio.
 “Temos necessidade de preservar o ambiente, não apenas para o bem-estar das nossas populações, para defesa da saúde e da vida dos nossos cidadãos, mas igualmente propício para o mundo dos negócios”, disse o candidato do MPLA.
João Lourenço falou da terra fértil habitada pelos angolanos, do ar puro que respiramos, mas destacou a grande superfície coberta por oceanos, mares e águas interiores. “Precisamos de preservar qualquer um destes elementos”, disse, começando por se referir aos cuidados a ter com o tratamento do lixo, e ao saneamento  básico das cidades.
“Temos de cuidar do saneamento das nossas cidades, para que haja menos moscas, menos mosquitos, menos baratas, menos ratos, que são veículos transmissores de doenças, que dão origem às grandes epidemias”, disse João Lourenço.
O candidato do MPLA afirmou que escolheu este assunto porque as cidades da província do Namibe são limpas. “Como é que conseguem isso? Todos nós precisamos de vir aqui aprender. Temos de ser suficientemente humildes para reconhecer o mérito de quem o tem, e não invejar. Devemos  sim procurar aprender com ele, para o igualarmos, e se possível, o superarmos”, disse, exortando aos responsáveis das cidades doutras províncias, a virem aprender o segredo de manter limpas  as cidades tal como aqui no Namibe.
“Não é verdadeiro o princípio de que as grandes urbes podem ficar sujas e apenas as pequenas podem ficar limpas. Todas podem ficar limpas, com maior ou menor trabalho”.
João Lourenço referiu que a defesa do meio ambiente deve ser feita em toda a sua plenitude, apostando no saneamento básico das cidades, vilas e aldeias, cuidando da terra, mas também do ar, trabalhando para o poluir menos.
 “O ar também suja, e se não tivermos cuidado, podemos criar uma situação em que vamos respirar ar poluído”, disse, referindo que é importante educar as populações para que façam menos queimadas.
 “Sabemos que é uma espécie de tradição em África, a realização das queimadas pouco antes do início da época chuvosa. Mas esta prática pode ser combatida, não pela via da repressão, mas obviamente pela via da educação”, afirmou, considerando que este é um trabalho que vai levar tempo, mas que deve começar já.
Falando dos oceanos, mares e águas interiores que ocupam a maioria da superfície angolana, o vice-presidente do MPLA destacou a vasta costa marítima de 1.539 quilómetros que “deve ser tratada com carinho, sobretudo porque não pertence apenas a nós. É um bem comum que partilhamos com muitas outras nações”, cabendo a cada um de nós “fazer a sua parte”.

Transportes e pesca

João Lourenço defendeu que o Namibe pode jogar um papel importante de integração regional se for desenvolvido e utilizado com “mais sabedoria”. O candidato do MPLA à presidência da República enumerou igualmente os vários projectos concretizados como o  Porto, recentemente reabilitado, o aeroporto com uma pista capacitada para receber qualquer tipo de avião, também recentemente reabilitado, e ainda o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes.
Com estas infraestruturas, disse João Lourenço, “ o Namibe pode contribuir para o desenvolvimento da economia do Sul de Angola, das províncias que constituem as regiões, da Huíla, Cunene, Cuando Cubango, Huambo, Bié e, porque não, do nosso vizinho, a Namíbia”.
João Lourenço realçou que no Namibe há inúmeras famílias, cuja vida e economia dependem do mar, defendendo que é necessário não poluí-lo, para que estas mesmas famílias continuem a beneficiar do pescado, do marisco e do sal que o mar oferece. O candidato do MPLA manifestou o seu agrado pelo que viu na visita à Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe, construída para servir Angola e, também, a região da SADC e outras do continente africano.
“Esta Academia moderna tem como missão maximizar a utilização e aproveitamento do mar”, disse, referindo que este investimento a ser inaugurado dentro de poucos dias deve ser preservado. “E desde já, gostaríamos de apelar às famílias, não apenas do Namibe, mas as angolanas em geral, a encaminharem os seus filhos para este tipo de ciências, (as ciências do mar); tragam os vossos filhos para ingressarem nesta Academia”, disse, considerando que esta é uma área que vai dar um grande contributo para a economia angolana.
“Temos falado muito da diversificação da economia, e regra geral, olhamos de imediato para o campo, para a agricultura, agricultores e camponeses. Mas a diversificação não fica por aí; há muita coisa por se fazer fora do mundo dos petróleos. Temos que desenvolver, sim, a nossa agricultura; eu pessoalmente sou um dos advogados do desenvolvimento da agricultura no nosso país; mas tenho consciência de que não é tudo. As pescas são um ramo muito importante da nossa economia”, sentenciou. João Lourenço realçou que os angolanos devem tirar o maior proveito desta capacidade “que a natureza nos deu”.   
Falando da diversificação da economia, na vertente do contributo que cada província pode dar no conjunto da economia nacional, o candidato a Presidente da República pelo MPLA disse que ninguém pode pretender querer fazer tudo, referindo que cada província pode dedicar-se ou especializar-se em um ou mais ramos da economia.
“Tendo em conta um conjunto de factores, como as oportunidades que a natureza oferece, a tradição do povo em trabalhar neste ou naquele ramo da economia, entre outros, depois de feito um estudo, podemos seleccionar o ramo em que vamos trabalhar com mais empenho”.
João Lourenço recordou que no tempo colonial, dizia-se que a Caála era o rei do milho. “Então que o Namibe seja o rei da indústria pesqueira. Já existem importantes investimentos, muito mais há que se fazer, mas quando falarmos de peixe em Angola, vamos ter que olhar necessariamente para o Namibe. Peixe para consumo humano, peixe para exportação e para a indústria como a farinha e óleo de peixe”.
Sem descurar os recursos marítimos existentes noutras províncias, como Benguela, Luanda, Cuanza Sul, Bengo, Zaire e Cabinda, João Lourenço realçou que quem tem esta tradição é o Namibe, e almejou que os consumidores doutras partes do mundo, ao comerem um bom peixe, reconheçam que é peixe ”de uma província longínqua de Angola que se chama Namibe”.
João Lourenço reconheceu o esforço feito no sector da agricultura na província que, apesar de ser desértica e assolada constantemente pela seca, já provou que tem uma palavra a dizer, sobretudo no cultivo de hortícolas como o tomate e outras que chegam até aos mercados de Luanda.
O governo do Namibe implementou, há dois anos, 15 pólos de desenvolvimento nos cinco municípios da província, que transformaram muitos campos e vales antes desertos em verdadeiros oásis e campos de cultivo. Fazendo ainda referência às potencialidades da província, o candidato do MPLA falou dos recursos minerais, das óptimas condições para o desenvolvimento do turismo, entre outras, referindo que é necessário mais trabalho para que estes recursos sejam melhor explorados. “Temos belezas naturais, mas poucas infra-estruturas neste domínio. Vamos procurar investir naquilo que está a faltar para que o Namibe seja colocado no mapa turístico internacional, e se torne num destino turístico por excelência”.
João Lourenço almejou que todos os presentes tenham feito o seu registo eleitoral que terminou há dois dias, tendo afirmado que os números apresentados pelo Ministério da Administração do Território são indicativos de que foi feito um bom trabalho durante esta fase do processo que vai levar às eleições gerais de Agosto próximo.

Alegria do comboio
 
Os mais de mil e quinhentos militantes dos municípios da Bibala e Camucuio que chegaram à cidade de Moçâmedes, capital do Namibe, por comboio, não esconderam a sua satisfação pelo facto de estarem a beneficiar de um dos ganhos da paz e do desenvolvimento do país que está a ser conduzido pelo partido no poder.
O soba grande do município da Bibala, José Agostinho Júlio, disse que graças ao combóio foi possível movimentar um grande número de partidários da sua localidade para a sede da província, com intuito de ver e ouvir o candidato de lista do maioritário. “Isso demonstra a grande força do MPLA que está a conduzir o destino de todos os angolanos. Por isso tuivemos esta recepção positiva por parte dos militantes da Bibala ao novo candidato e futuro líder da nação”, disse.
Bartolomeu Namuele, primeiro-secretário municipal da JMPLA na Bibala, afirmou que o desejo dos jovens em conhecer e ouvir o camarada João Lourenço facilitou a mobilização dos 500 jovens para o acto político. O ancião João Júlio, do município do Camucuio, que pernoitou na estacão principal do Caminho-de-ferro de Moçâmedes na Bibala, ponto de partida do comboio em direcção ao comício de João Lourenço, disse que há muito que os populares, amigos e simpatizantes do MPLA aguardavam por este momento, daí a grande aderência e vontade de ouvir e ver também o futuro candidato às próximas eleições.
A estudante da décima terceira classe da escola de formação de professores, Maria dos Santos, viajou pela primeira vez de combóio, e justamente para conhecer de perto o camarada João Lourenço, que tem visto apenas pela televisão e jornais.
“Estou muito feliz por fazer parte deste movimento. Para além da confortável viagem e calor de todosos que se deslocaram pela mesma causa de conhecer, ver e ouvir o camarada João Lourenço, é também momento de recreação, alegria e muita diversão”.
Para o administrador municipal do Bibala, António Chindongo, o comboio tem um grande significado, permitindo que este movimento de apoio ao candidato João Lourenço se transformasse também num momento de festa.