Reportagem

Mungo tem primeira estrada asfaltada da sua história

Circular na estrada que liga os municípios do Bailundo e Mungo, na província do Huambo, e Calucinga, no Bié, na Estrada Nacional 350, era um autêntico martírio para os automobilistas e passageiros.

01/08/2012  Última atualização 08H21
Kindala Manuel © Fotografia por: A construção da Estrada Nacional 350 entre os municípios do Bailundo e Mungo reduz o tempo de viagem

Circular na estrada que liga os municípios do Bailundo e Mungo, na província do Huambo, e Calucinga, no Bié, na Estrada Nacional 350, era um autêntico martírio para os automobilistas e passageiros. Apostado em ligar o país por estrada, o Executivo aprovou um orçamento de 14 mil milhões de kwanzas para a construção da primeira estrada, desde o tempo colonial, que liga o Bailundo ao Mungo e a Calucinga.
A reportagem do Jornal de Angola percorreu a nova via e constatou a satisfação visível no rosto dos automobilistas, como é o caso de André Incandeia, que há sete anos faz serviço de táxi na rota do Huambo ao Bailundo e Mungo.
André Incandeia recorda as dificuldades para fazer em duas horas de viagem a ligação do Bailundo ao Mungo. Com a nova estrada asfaltada o percurso é feito em 35 minutos.
“Com uma condução responsável, o automobilista faz o percurso entre o Bailundo e o Mungo em 45 minutos”, diz André Incandeia.
Nascido em Benguela, em 1985, mas filho de pais naturais do Bailundo, José Eusébio, 26 anos, decidiu, há quatro anos, deixar a cidade do Sumbe, onde residia, para regressar à terra dos seus progenitores para dar um novo rumo à sua vida devido ao crescimento e desenvolvimento que a província do Huambo regista, sobretudo nos municípios do Bailundo e Mungo.
Pai de três filhos, José Eusébio é taxista e faz serviço no percurso Mungo, Bailundo, Huambo e Cuito. A contrução da Estrada Nacional 350 é para ele “um sinal de que o país tem rumo”, no quadro dos programas do Executivo.
“Do Mungo ao Huambo, passando pelo Bailundo, antigamente a viagem podia durar três dias, mas graças à construção da Estrada Nacional 350 este tempo foi reduzido para apenas uma hora e 30 minutos”, explica José Eusébio.
Martins Tavares, igualmente taxista, considera que a construção da Estrada Nacional 350 vai ajudar os automobilistas, mas também os cidadãos que vivem ao longo do percurso entre o Bailundo, Mungo e Calucinga. “Uma nova estrada significa mais conforto na viagem e menos problemas mecânicos com as nossas viaturas”, afirma. E acrescentou que as estradas jogam um papel importante no crescimento e desenvolvimento do país.

O andamento das obras

As estrada entre o Bailundo, Mungo e Calucinga permite uma circulação rodoviária mais fluida. A reportagem do Jornal de Angola constatou que os mais de 170 quilómetros que ligam as três localidades estão em fase de acabamento. “A estrada que liga o Alto Hama ao Bailundo foi alargada e pavimentada. Entre o Bailundo e o Mungo era uma picada. Tivemos de fazer desmatação e correcções ao traçado existente por ter curvas muito acentuadas”, explica o director de obras da empresa Monte Adriano, Tiago Novo. “A Estrada Nacional 350 era uma picada, onde um camião demorava horas a percorrer o percurso entre o Bailundo e o Mungo, para não falar da ligação do Mungo a Calucinga que estava em péssimas condições”, explica o engenheiro.
A estrada troço entre a ponte do Luvulo e a localidade de Mutukuava estava encerrada ao tráfego rodoviário há mais de 30 anos. Enquanto duraram os trabalhos de construção da ponte, foram colocadas pontes provisórias. A via estava inutilizada e com ravinas muito grandes.

Promover o desenvolvimento

Para o administrador municipal do Mungo, António Cotingo, a Estrada Nacional 350 vai promover o crescimento da região, que tem mais de 100 mil habitantes. O tráfego rodoviário entre as províncias do Huambo, Bié e Malange, passa pela vila. “O município do Mungo nunca teve uma estrada asfaltada. Hoje já é notória a circulação de pessoas entre as três províncias”, disse António Cotingo.
A Estrada Nacional 350 vai igualmente reduzir o tempo de viagem entre a cidade do Huambo e o município do Andulo, no Bié. “Os automobilistas que pretendem chegar ao Andulo vão faze-lo por esta estrada, deixando de passar pela cidade do Cuito”, disse o administrador do Mungo.

Escoamento dos produtos

O escoamento dos produtos do campo para a cidade está mais facilitado com a construçao da Estrada Nacional 350. No Mungo, onde a longa fila de carros em frente aos ocais de armazenamento de milho é uma rotina.
Mungo é grande produtor de  milho, feijao, soja e abacaxi. A produção agrícola é vista pelo administrador municipal, António Cotingo, como uma fonte de riqueza que pode mudar significativamente a vida das populaçoes.
A populaçao do Mungo produz praticamente tudo o que consome e oferece oportunidades de negócios para quem quer investir. Este é o exemplo de Carlos Manuel, que há dez anos saiu de Luanda em busca de melhores condiçoes de vida no interior do país e se instalou no Mungo, onde hoje vive da agricultura e é dono de um pequeno estabelecimento comercial.
“O interior do país também oferece condiçoes para crescer na vida”, diz, reconhecendo a política do Executivo de levar o crescimento e o desenvolvimento sustentável aos quatro cantos do país. Para escoar os produtos, foram criadas cooperativas e associações de camponeses que têm facilitado o escoamento dos produtos para as cidades do Huambo, Cuito e Luanda.
O administrador municiapl, António Cotingo, olha para o futuro com otimismo devido às conquistas nos dez anos de paz, consubstanciados na construçao da primeira estrada asfaltada, 12 escolas do ensino primário e secundário 27 estabelecimentos de ensino comunitário construídos este ano, de um hospital com 55 camas para internamento, um centro de aconselhamento e testagem voluntária do VIH/SIDA, 11 centros de saúde e a construção de 200 fogos habitacionais, numa área de 100 hectares, no âmbito do Programa Nacional de Habitação e Urbanismo.
“As primeiras 20 casas são entregues em Agosto próximo”, garante António Cotingo. E acrescentou que a sede municipal tem energia e água, mas a administração propôs ao Governo Provincial a inclusão no Programa de Investimentos Públicos, a construção de outra estação de captação de água em virtude de actual ser insuficiente.

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