Em declaração à ANGOP, a propósito do Dia Mundial do Teatro, que se assinalou ontem, referiu que através da exibição das artes cénicas o teatro tem vindo a reforçar as acções de sensibilização e mobilização dos cidadãos, sobre a necessidade da prática das acções socialmente positivas.

Segundo o responsável, através das valências do teatro, tidas como uma das metodologias activas de ensino, se pode transmitir, com maior eficácia, os valores históricos e culturais das antigas para as novas gerações, com foco na consolidação da identidade cultural angolana.

Por esta razão, disse ser imperioso que o governo olhe para as artes cénicas como um instrumento fundamental para a concretização dos desafios da moralização da sociedade, através do resgate dos valores morais, históricos e culturais. "Actualmente a representação cénica é chamada para intervir nas questões sociais divulgando determinadas mensagens construtivas para que haja mudança de comportamento”, enfatizou.

Sobre o desenvolvimento do teatro no Cunene, disse que há melhorias na selecção dos temas, assim como a qualidade dos espectáculos e do número de grupos existentes. "Devemos reconhecer o crescimento do teatro na província, onde grupos  têm exibido espectáculos, principalmente com conteúdos sociais, que levam a população a reflectir e a aprender factos novos”, ressaltou.

Jeremias Cangombe apontou como constrangimentos falta de salas adequadas para o efeito e apoios, realçando que o teatro é exibido no espaço adaptado da sala de conferência da mediateca.

Em saudação à data, disse, perspectiva-se a realização de uma oficina de teatro, onde serão exibidas algumas peças e abordar temas relacionados, à expansão do teatro e suas vantagens.

Com 18 anos de existência, o grupo teatral Olonguissi é o mais antigo na província do Cunene, é detentor de dois prémios de identidade nacional, participou duas vezes no FENACULT e seis vezes no festival internacional de teatro que é realizado em Luanda.

O Dia Mundial do Teatro, celebrado a 27 de Março, foi criado pelo Instituto Internacional do Teatro, em 1961 em Paris (França).

  Actores no Bengo pedem mais espaços de exibição

Fazedores de teatro na província do Bengo querem mais espaços, apoios e incentivos, para tirar a arte cénica da letargia em que se encontra.

O município do Dande tem apenas o cine teatro Caxito e o centro de formação musical e artes cénicas (Cefomac), enquanto nos demais municípios (cinco) o teatro é feito em locais improvisados. 

Em entrevista à Angop, por ocasião do Dia Mundial do Teatro, alguns responsáveis de grupos de teatro consideraram que a criação de uma associação provincial e de um  prémio de teatro provincial poderia ajudar a me-lhorar a situação actual da arte na região.

Lourenço Luís Adão Kimbumbata, integrante do projecto teatral Ana Ndanji, disse que o teatro na província caminha a passos lentos, pois não existem salas de espectáculos, ao que se junta a débil organização dos grupos.

Sugeriu a criação de um prémio provincial de cultura e artes que ajudaria a dinamizar os grupos teatrais (e não só) nos seis municípios da província.

O responsável pediu aos promotores de espectáculo que incluam o teatro nas suas agendas para que a arte possa ganhar maior destaque.

Já Orlando Congo, do grupo Sementes de artes, é de opinião que se faça uma reflexão profunda sobre a situação do teatro na província,  que já teve dias melhores.

Lembrou que entre 2020 e 2022 foram realizados no Bengo  três festivais de teatro nos municípios do  Ambriz, Bula Atumba e Dande que possibilitaram o intercâmbio entre os vários grupos.

Na sua opinião, o Cefomac (centro de formação musical e artes cénicas) deve ser aproveitado pelos grupos teatrais para melhorar a sua performance e organização.

"Já tivemos um núcleo dinamizador e várias comissões instaladoras, mas a falta de consenso sobre a liderança da associação inviabilizou a criação da referida associação”, explicou.

No Bengo existem mais de 20 grupos de teatro, estando a maioria concentrada em Caxito, município do Dande.

Deste número, apenas seis estão activos - Novos Horizontes, projecto Ana Ndanji, Sementes de artes, Prodarte, Mensageiros de Caxito e Caminheiros Alegres.