Política

Destacado heroísmo dos nacionalistas do 15 de Março

António Capitão | Uíge

Jornalista

A bravura, determinação e coragem demonstradas nos actos de sublevação contra o regime colonial português, durante o 15 de Março de 1961, nas localidades de Quitexe, Pemba, Nambuangongo, Kitadi, Kibaxe, Aldeia Viçosa, Bessa Monteiro, Mbuela e Úcua, foram, ontem, destacadas, no Uíge, pelo secretário de Estado para a Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.

16/03/2023  Última atualização 06H30
Sociedade civil chamada a reflectir sobre a gesta heróica dos pioneiros da Luta Armada © Fotografia por: Angop

José Maria de Lima, que presidiu ao acto, realizado no pavilhão gimnodesportivo do Futebol Club do Uíge (FCU), sublinhou que os levantamentos dos nacionalistas da região Norte do país, com o ponto de partida em Quitexe, na província do Uíge, representam um marco importante para todo processo que conduziu à Independência Nacional.

Em representação do ministro da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos "Liberdade”, José Maria de Lima sublinhou que a publicação em Decreto-Lei do normativo que aprova o 15 de Março como Data de Celebração Nacional é o reconhecimento institucional do Governo de Angola das acções protagonizadas pelos nacionalistas que nesta data, em 1961, motivados pelos acontecimentos do 4 de Fevereiro do mesmo ano, conduziram, de forma decisiva, a expansão da luta de Libertação Nacional para os territórios do Norte de Angola.

O processo de descolonização de Angola, iniciado em Janeiro de 1961, referiu, mobilizou todos os angolanos, filiados ou não nos três movimentos de libertação nacional (MPLA, FNLA e UNITA) e obrigou o uso de vários equipamentos, técnicas e tácticas de guerra, com destaque para as incursões dos patriotas organizados na região Norte do país que ficou historicamente conhecida como "insurreição de 15 de Março”.

"Hoje, com o alcance da paz, com a implementação do processo de pacificação dos espíritos e com o fortalecimento da cultura da democracia, se colocam novos e complexos desafios que exigem em cada um de nós maior participação no desenvolvimento do país. Com a finalidade de recordar a importância da data, sensibilizar e mobilizar todas as forças vivas da Nação para o seu empenho nas tarefas que visam a consolidação da paz, a reconciliação nacional e a construção do país, o Executivo promulgou, em Decreto-Lei, o 15 de Março como Dia da Expansão da Luta de Libertação Nacional”, disse.

José Maria de Lima exortou os angolanos a promoverem a pacificação dos espíritos e a serem capazes de neutralizar todas as práticas que atentam contra a Independência Nacional e a paz duramente conquistadas. Sublinhou que, face às condições de vida dos antigos combatentes e veteranos da pátria, o Ministério reconhece a longa trajectória do processo de Libertação Nacional e tem trabalhado para a melhoria do quadro.

O secretário de Estado da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria apelou aos Governos provinciais e administrações municipais a implementarem acções que visam a integração sócioeconómica e profissional dos antigos combatentes e veteranos da pátria com vista a contínua melhoria das suas condições de vida e solução dos seus principais problemas.

 "Os governos provinciais e as administrações municipais, nas suas actuações, devem também incluir, nos programas de desenvolvimento local, acções que contribuam para a integração dos antigos combatentes e veteranos da pátria e na resolução dos principais problemas sociais com que se debatem”, frisou.

 

Reconhecimento merecido

O secretário de Estado da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, José Maria de Lima, disse que o reconhecimento, pelo Executivo angolano, dos acontecimentos de 15 de Março de 1961, protagonizados por vários nacionalistas de distintas localidades da região Norte do país é bem merecida.

Reconheceu igualmente o sacrifício e o sofrimento destes antigos combatente e veteranos da pátria e seus familiares que, em várias frentes de batalha, enfrentaram a repreensão colonial com sublevação populacional pela Independência Nacional, onde muitos angolanos perderam a vida e outros foram feridos e vivem com sequelas físicas e morais pela vontade patriótica de libertação do regime colonial.

"Este é um momento de exaltação especial, ainda que singelo, aos antigos combatentes e veteranos da pátria, pelas peripécias inimagináveis que passaram nas diferentes frentes de luta que tornaram possível a Independência do nosso país do jugo colonial português. Aos mesmos, muitos ainda no activo, nos vários sectores de actividade produtiva, política, social e de defesa e segurança nacional, o nosso mais profundo reconhecimento por tudo o que fizeram ou continuam a fazer por Angola”, disse.

  Convicção em dias melhores

O representante da Federação Angolana dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria (FAACVP), Pascoal da Costa, disse estar convicto que dias melhores podem ser vividos pelos associados, tendo em conta os programas e projectos que estão a ser idealizados e materializados pelo Ministério da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Assembleia Nacional e a disponibilidade e sensibilidade do Presidente da República, João Gonçalves, em resolver os problemas desta classe.

Sublinhou que a FAACVP é uma instituição congregadora de nacionalistas dos três movimentos de libertação nacional (MPLA, FNLA e UNITA), das Forças Armadas Angolanas (FAA), das forças pára-militares e de Defesa e Segurança do Estado e tem como responsabilidade velar pela defesa do bem-estar dos antigos combatentes e veteranos da pátria.

Para um controlo exacto do número de associados à FAACVP, Pascoal da Costa disse que iniciou o processo de implementação de representações locais deste movimento associativo para uma melhor estatística e interacção sobre os principais problemas dos antigos combatentes e veteranos da pátria.

"Reconhecemos que os antigos combatentes e veteranos da pátria ainda têm muitas dificuldades, mas, visivelmente, sentimos uma vontade do Ministério, da Assembleia Nacional e do Titular do Poder Executivo e Comandante-Em-Chefe das FAA na solução dos nossos principais problemas”, disse.

A vice governadora provincial do Uíge para o sector Técnico e Infra-Estruturas, Helena Pereira, que representou no acto o governador provincial, José Carvalho da Rocha, destacou o patriotismo e heroísmo dos nacionalistas envolvidos nas principais acções do 15 de Março de 1961, bem como a coragem dos camponeses que se levantaram contra o jugo colonial na Baixa de Cassanje, província de Malanje, e dos acontecimentos do 4 de Fevereiro do mesmo ano, em Luanda.

 

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