Diz a Constituição que Angola é uma “república baseada na dignidade da pessoa humana”, um pressuposto importante que, entre muitas leituras, indica que nos pretendemos assumir como um país que deve garantir, em todas as circunstâncias, as condições básicas de vida digna a todos.
A importância da expertise na diplomacia africana não pode ser subestimada. O recente escrutínio público em torno do indicado no Quénia para cônsul-geral em Goma, na República Democrática do Congo (RDC), desencadeou um debate crucial sobre o processo de selecção de diplomatas.
O presente artigo de opinião foi escrito na perspectiva de reflectir sobre os desafios e oportunidades de África, face ao contexto mundial, mas é importante fazer duas notas breves, a primeira tem a ver com o facto de que o continente não está a comemorar 60 anos de existência, mas sim 60 anos de existência da Organização de Unidade Africana, transformada em União Africana no início do século XXI, e a segunda nota vai no sentido de desconstruir uma narrativa que domina alguns seguimentos, eivada de estereótipos, segundo a qual foram os europeus que descobriram África.
África nunca esteve perdida, existe há mais de milhares de anos, se tivermos em atenção que é considerada o "Berço da Humanidade”.
África é um continente que procura reencontrar-se com a sua história, valores, hábitos, costumes e passado, bem como com o seu povo. A Conferência de Berlim de 1885 deixou marcas profundas na configuração geográfica do continente e alterou as fronteiras africanas. Não se trata de um argumento de vitimização, mas sim de uma constatação de uma realidade agravada pelo processo de colonização e imposição de hábitos e costumes ocidentais.
Os desafios de África no século XXI são múltiplos, mas para esse artigo, iremos destacar 4 vectores: 1) Paz, segurança e democratização continental; 2) Formação dos recursos humanos e aproveitamento demográfico; 3) Comércio continental, industrialização e revolução tecnológica africana; 4) Defesa dos valores identitários dos africanos. A par destes, existem outros desafios.
1) - Paz, Segurança e democratização continental: se constituem no desafio primário para que outros desafios sejam ultrapassados. África é o continente com maior número de guerras, mudanças inconstitucionais e governos autocráticos, além de que as instituições da maioria dos Estados são frágeis. Esses elementos inviabilizam o comércio intra-africano, a ligação terrestre do continente, afasta os investidores e põe em causa o desenvolvimento de África. O continente precisa de operar transformações profundas no que concerne a sua arquitectura de paz e segurança e traçar uma estratégia de segurança colectiva que engaje os Estados africanos. Neste ponto, é importante equacionar a defesa para os novos riscos e ameaças a soberania dos Estados.
2) Formação dos recursos humanos e aproveitamento demográfico: a maior riqueza do continente africano não são os recursos naturais e minerais que repousam no solo africano, mas sim os seus recursos humanos. África possui a população mais jovem do mundo, mas, ao mesmo tempo, a menos escolarizada. O analfabetismo é um dos grandes males que enfermam o desenvolvimento do continente. É importante que os governos apostem ou aumentem o orçamento que é cabimentado para este sector, que constitui a arma mais poderosa de qualquer nação que pretende ser próspera e desenvolvida, como defendeu Madiba.
3) Comércio continental, industrialização e revolução tecnológica africana: a Cooperação Económica Intra-Africana é incipiente. Não estimula o comércio continental e as trocas dos produtos entre os Estados, o que dificulta o crescimento económico devido a vários factores de ordem técnica, infra-estruturais, tecnológica, insuficientes recursos humanos qualificados, instabilidade militar, falta de vontade política para mudar o ritmo do desenvolvimento do continente mais rico em recursos minerais e, ao mesmo tempo, o mais pobre do mundo. Conforme defendeu o autor do livro "Os Desafios de África no século XXI, um continente que procura se reencontrar”, a revolução industrial e tecnológica se impõe no continente, mas para que isso se torne factível é necessário os governos dos Estados africanos operarem transformações estruturais e estruturantes que permitam a alteração deste quadro.
4) Defesa dos valores identitários dos africanos: é notável que o continente sofre desde a colonização um processo de aculturação e extinção dos valores identitários do continente, em parte devido à permissividade e a complexidade dos africanos em não conservarem os valores identitários e num outro momento pela imposição Ocidental, através do "softpower”, como os canais televisivos, instrumentos como "Hollywood” que impõe os seus hábitos e costumes através da cinematografia. É fundamental apostar-se em programas africanos que visam elevar a cultura que é rica e milenar.
As oportunidades de África no contexto mundial são múltiplas, as maiores reservas de mineiros estão em África, o continente possui uma riqueza hídrica incalculável, terras aráveis. África poderia transformar-se no celeiro do mundo. Assim como defendeu Achille Mbembe "(…) África é a esperança do mundo na busca de novos mercados e conquista dos espaços, devido à riqueza que repousa no solo e no subsolo africano. África é a última fronteira do capitalismo. (…)”
O futuro do continente africano constrói-se todos os dias, não simplesmente com os políticos e doutores, mas sim com todos os africanos que pensam e amam África. Mas, para isso, é fundamental que os líderes africanos adoptem mecanismos que permitam uma governação inclusiva e participativa do povo na vida política do Estado, para que este se sinta parte integrante do processo de desenvolvimento do país e consolide o sentimento de pertença, permitindo, assim, que o povo tenha confiança no Estado, nos políticos e nas suas instituições, bem como resgate a esperança de um futuro melhor.
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