O músico e compositor Delero King é uma das grandes revelações da música angolana e tem o kuduro lamento como a vertente onde melhor navega. Há pouco menos de dois anos com a homenagem ao futebolista Kinito em " Não me inveja(supera) o artista ganha visibilidade e conquista o mercado.
As letras reflectem a vivência e ajudam a compreender a história de superação do jovem que teve na arte e Deus os instrumentos que o livraram da delinquência. Na primeira pessoa fala de tudo quanto passou, antes de ser um cidadão do bem e é por Angola que Delero King tem espaço nas páginas do Jornal de Angola e que esta história não seja peso para os leitores.
Delero King falou do percurso de sofrimento até chegar a esta fase da carreira, que defende que o bairro não pode te limitar. "Eu passei mal, eu já comi arroz com água da Catinton, já jantei louvores. Gosto de lutar e de fazer guerra com Deus. porque ele não é meu inimigo, Deus é meu pai", começou por falar o jovem que recordou o tempo da panela com água a ferver ao som dos cânticos religiosos.
"Amor esfriou é preciso cultivar, devemos entender que a vida é só uma mera viagem que a qualquer momento termina. Então, porquê nessa viagem não plantar mais o amor? é com este "banzelo" de Delero King que apresentamos o que o artista partilhou na Redacção do Salvador do Correia da Edições Novembro distante do seu centro criativo e base o Golfe o famoso Ngolô.
O Golfe está no princípio de tudo
"Eu tinha tudo para ser delinquente morei no bairro com muita criminalidade onde eu dormia na sala e quarto era delinquência, mas Deus e a música livrou-me da criminalidade" revelou o artista em exclusivo ao Jornal de Angola.
O músico e compositor Delero King como forma de agradecer a comunidade tem como foco o estúdio designado” Bera Company”, no Golfe I onde vai dar oportunidade aos novos talentos. O artista pretende continuar a realizar iniciativas sociais e culturais na zona onde nasceu e cresceu.
O autor do sucesso " Não é peso" explicou que este projecto vai ajudar elevar a carreira de novos valores do bairro do Golfe e salvar jovens da delinquência, do mesmo modo que a música impactou na sua vida. "Vamos gravar músicas, produzir vídeos e outros trabalhos de arte aqui na comunidade" projectou o artista.
"A nova geração tem que entender que existiu um Delero King, que venho das valas sem pontes. Porque se entrares pelo Golfo 2 vais encontrar pontes do Mwami Maka, do Cassequele, Balumuka, Avô Kumbi, subzona 4 e hoje é asfalto e eu estou no principio de tudo".
"Eu quero mostrar para as pessoas que, independentemente de você nascer no Kilamba Kiaxi, na subzona 10, isto não significa que os seus sonhos não valem nada, valem. Você que tem que ir atrás, você que tem que lutar. Porque na fila onde Deus te tirou, tem lá um milhão de pessoas. Você não é o único que está orado. Você não é o único que merece a bênção. Então você tem que mostrar a Deus, provar a Deus que você é merecedor dessas oportunidades, senão lhe tiram. Você que tem que ir atrás, você que tem que lutar"
Kelero King falou da fase dos assaltos na zona da praça dos Correios e das lutas entre gangs no campo do Blaster. " Eu vi muitos amigos a morrerem, uma das coisas que os grupos faziam era levar as lutas fora das ruas e iam para o Baster. Nas ruas e becos era preciso muito cuidado, as vezes vazias e do nada aparecia alguém que de roubava em off" risos
A fome e os louvores fizeram Delero King
O artista entrou no mundo da música por influência da sua mãe, "eu vivi momentos difíceis, fui taxista foram muitas lutas. A vida me educou com pancada e desde muito cedo, entendi que tinha que ser homem para ajudar a minha mãe a pôr comida na mesa, porque estava cansado de jantar louvores”.
O kudurista justificou a vertente musical presente nas suas músicas "eu canto lamento porque passei muita fome, numa casa onde falta comida e tem uma mãe religiosa jantas louvores por isso as minhas musicas são focadas em lamentação. Hoje a fome não me faz comer em qualquer prato”
O cantor acrescentou, "acho que tudo estava premeditado, Deus faz coisas que não entendemos, porque existem factos que estão a acontecer que eu não consigo entender tanto. Antes de Deus trabalhar na minha vida perdi a minha única filha, amigos, irmãos, perdi muita gente, acredito que Deus trabalhou de uma forma muito estranha. É preciso ser um homem de visão para entender o porquê da vida. Não critico muitos irmãos que não conseguem aguentar pressão da vida”, sustentou Delero King.
Antes do sucesso bateu na rocha
O compositor revelou que canta kuduro há mais de 15 anos, "foi muito tempo de rocha, eu anteriormente cantava sobre intervenção social era a minha realidade, trazia aquilo que eram os problemas do povo e não passava na rádio nem televisão" disse o artista.
Delero King teve de trocar a abordagem, o estilo e renovar, assim começou a cantar novamente Kuduro, mas no estilo de lamento e o artista afirma que Deus ouviu as orações hoje é um sucesso, porque teve que esperar a minha vez"
O artista explicou o processo de mudança, "eu já fui muito revolucionário, fiz conteúdos com intervenções sociais que davam de frente. Isto é um alerta porque podem vir coisas contra mim, mas isto foi há muito tempo falei de várias coisas, só que nem todos entendem pensam que é revolução. Eu cantava o que vivia ou melhor eu canto o que vivo".
O autor do sucesso” Não é peso”, contou que depois da fase da fama voltou a perder muitos colegas da música por causa da inveja, muitos deles já estavam na luta mais eram rocha. Quando Deus atendeu minhas orações, muitos deles acreditavam também teriam sucesso. concluiu, Delero King.
"Se Deus me puxa, não significa que vai te puxar também para o estrelato a minha sorte não é a tua porque o tempo de manga não é tempo de limão, é diferente. Então veio o ciúme, mau aconselhamento e perdi boa gente, que gostaria que estivessem aqui comigo”, este é um pormenor que o artista acredita que muitos esqueceram.
O semba é outros projectos
Delero king disse o bairro não pode te definir, assim como á musica também, "tenho mais de cem sembas escrito, mas não vou lançar agora. Neste momento estou na melhor fase da minha carreira" rematou.
"Achas mesmo que todas essas melodias são para cantar kuduro? Eu sou um artista e o kuduro não me limita. Eu quero impactar e vou cantar vários estilos, mas há que saber entender o processo. Porque ser abençoado no Kuduro não significa que vá acontecer no Semba. Então como entrei agora vou ainda continuar lhes dar uma assada mais trabalho"
"Nunca pensei que as minhas músicas” Kinito (não inveja, me supera)” e "Não é peso”, se tornariam um sucesso, às vezes é bom fazer as coisas sem olhar muito por rendimento, e deixar que Deus agi por nós. "Sou canto, vou no meu mais profundo, tiro as melodias e procuro as palavras que acertam segundo a vontade de Deus.
Cantor avançou que tem um novo projecto Anzol, onde juntou o Mona Star, Faculdade de Rima e outros kuduristas do Golfe e cada com uma música. " Vou sentar no avô Kumbi com eles e mil pendrives para vender, antes vou fazer os vídeos das músicas, vou disponibilizar tanto em televisões, rádio para ajudar elevar a carreira de cada um."
O Kudurista avançou que está com agenda cheia até Novembro só tenho que agradecer a Deus que no mês passado assinou um contrato com a produtora Clé Entretenimento. ""Estou a viver um sonhou, não é a primeira vez ser convidado fazer parte da Clé as outras vezes não foi possível porque talvez não era o momento. Agora vamos trabalhar e que me olhem como um irmão"
Delero King acrescenta "estou feliz em fazer parte dessa grande família. Além de Delero King, a Clé Entretenimento conta com um time diversificado e talentoso, incluindo a kudurista Noite & Dia, Kelson Mota Wanted, Mobbers, Biura, Yola Araújo, Yola Semedo, Filho do Zua, Paulelson, Zoca-Zoca, Edmazia Mayembe entre outros artistas de destaque a nível nacional.
O vencedor do Ngolô da subzona 10
Gildo Fernandes Vieira, filho de Margarida Martins e Fernando Vieira nasceu aos 30 de Dezembro em 1990 no município de Kilamba Kiaxi. Desde muito jovem, Gildo ou melhor Delero King o Papoite descobriu sua paixão pela música, inicialmente cantando nos coros da igreja. Aos 20 anos aposta na carreira a solo e como fonte para custear a carreira usava o dinheiro que ganhava como taxista.
Deste modo começou a produzir suas próprias músicas, assumindo integralmente o processo criativo. Desde a composição das letras até a instrumentalização, gravação e promoção, Gildo se dedicava de corpo e alma. Hoje Delero King está a desfrutar um merecido sucesso e se considera um verdadeiro vencedor, determinado a continuar sua trajetória ascendente na música.
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginPelo menos quatro mil empregos indirectos foram criados no ecossistema das indústrias criativas angolanas pela Multichoice, informou, quinta-feira, em Luanda, o seu director em Angola, Marcus Valdez.
A “Festa do Teatro”, que há quatro meses movimentou a baixa da cidade de Luanda, com espectáculos de quinta-feira a sábado, no Teatro Elinga, inseridos na programação cultural do Circuito Internacional de Teatro (CIT), encerra hoje à noite, com uma gala no Memorial Dr. António Agostinho Neto.
A 4.ª edição do Festival de Publicidade (FESTIPUB), a ter lugar, nos dias 23 e 25 de Outubro, em Luanda, distinguirá o melhor da publicidade e do marketing em Angola e nos restantes Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Os directores da Academia Diplomática Venâncio de Moura, Marcos Barrica, e o do Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas do Ministério das Relações Exteriores, Matias Pires, foram recebidos em audiência, esta segunda-feira, em Havana, por membros de Direcção do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) "Raul Roa Garcia" de Cuba.
Pelo menos 25 crianças morreram e dezenas ficaram feridas num acidente com um autocarro que transportava fiéis muçulmanos que celebravam o nascimento do profeta Maomé no norte da Nigéria, informou hoje um responsável pela segurança rodoviária.
O bilionário e co-fundador da Microsoft, Bill Gates, defendeu, hoje que os países mais ricos devem aumentar a ajuda as nações africanas, destacando que, "num mundo justo", estes países deviam ver a sua dívida perdoada.