Reza a história que Cacuaco é uma das comunidades mais antigas da província de Luanda. Ascendeu à categoria de vila no dia 24 de Junho de 1940, período em que foi instalada a Administração, segundo dados fornecidos por algumas entidades tradicionais locais.
Em Junho de 1976, sete meses volvidos sobre a proclamação da Independência Nacional, o Conselho da Revolução põe fim à crise na empresa, promulgando a Lei n.º 51/76, que nacionaliza, em favor do Estado angolano, a antiga empresa privada portuguesa e, em seu lugar, cria a Edições Novembro - EP, proprietária e editora do “Jornal de Angola”
Ser pai sempre foi o sonho de Jubilado Fernandes, 38 anos, mas não uma prioridade. Segundo ele, atingir as expectativas que o pai depositou a ele era o mais importante, razão pela qual formou-se em Engenharia Química, no exterior, e actuava em alto-mar como trabalhador offshore.
De regresso ao país, foi, imediatamente, colocado na petrolífera angolana Sonangol, com um grau superior. Nesta senda, realizado profissionalmente, constituiu sua família, e o primogénito tão esperado nasceu autista.
Aqui,
começa uma verdadeira história de amor, de pura emoção, que envolve pai e
filho, após identificados alguns sinais de anomalia no desenvolvimento psíquico
do primogénito, o que complicava a rotina de trabalho. Por causa disso, achou
melhor abandonar o emprego, para se dedicar ao acompanhamento do processo de
tratamento do filho.
Actualmente,
não existe remédios específicos para tratar e curar pessoas com autismo, por
isso, Jubilado Fernandes considera ser complicado que essas crianças ainda
tenham de viver com o problema da falta de atenção de familiares, inclusive.
Para
o caso de seu filho, disse que o médico tem indicado medicamentos que ajudam a
combater os sintomas que interferem directamente nas atitudes, às vezes,
agressivas que o mesmo apresenta, como a hiperactividade, compassividade e
dificuldade para lidar com a frustração e a ansiedade.
Recordou
que quando a família descobriu foi um choque para todos, pelo facto de não ter
havido históricos familiares idênticos quer do seu, quer do lado da esposa.
"Vimos que ele não era disponível como as outras crianças, e olhava fixamente
para um local durante horas. Este foi um dos primeiros sintomas”, explicou,
para avançar que, aos seis meses, a criança não desenvolvida a fala, fazia
movimentos repetitivos e a dificuldade de concentração.
Recorreram
aos cuidados médicos, tendo lhes sido informado o diagnóstico do pequeno e,
logo, começaram os primeiros cuidados que carecia da atenção total dos
progenitores. O tratamento, segundo ele, está a ser capaz de melhorar a
comunicação, concentração dos movimentos repetitivos e melhorou a qualidade de
vida do casal.
Quando
questionado sobre o valor do tratamento, numa altura em que abandonou o
trabalho, Jubilado Fernandes disse que não está fácil, mas que viu grande
necessidade de o fazer, dada às exigências do processo de evolução do filho.
"Meu filho precisa muito da minha atenção e o factor de ficar vários dias fora
de casa não estava a contribuir para a evolução dele”.
Quanto
à situação financeira, acrescentou que já se passaram três anos e tem
desenvolvido trabalhos de software para várias empresas, mas dentro de casa, ao
lado do filho.
Lamentou
o facto do país não estar preparado para lidar com a patologia, visto que os
cuidados médicos e fisioterapêuticos serem ainda muito caros. Por mês, disse
gastar 160 mil kwanzas em sessões médicas, fisioterapia, fonoaudióloga,
psicoterapeuta, terapia ocupacional, que são específicas para uma pessoa
autista.
Jubilado
disse que, em casa, ocupa-se a cuidar da alimentação do filho e a desenvolver
actividades como musico-terapia, por orientação médica. Acrescentou que vai
lutar diante das autoridades locais para a criação de condições nas escolas, no
sentido da inclusão não só do autista, mas de outras crianças com diagnósticos
considerados diferenciados pelos ignorantes.
Disse
que o autismo não é uma doença, mas sim um modo diferente de se expressar e
reagir, que, apesar de falta de cura, não se agrava com o avanço da idade.
"Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento ocorrerem, melhor é a qualidade
de vida e a autonomia da pessoa”, disse.
Sacrifícios pelos rebentos
Nas
ruas do bairro Palanca, município do Kilamba Kiaxi, a nossa reportagem
conversou com Felisberto Dangui, 36 anos. Este, numa noite de chuva e em época
de pandemia, saiu de casa com a esposa, que estava em trabalho de parto. Além
da falta de transporte, eram já 02h30, a enxurrada não permitia que chegassem a
tempo ao hospital, para a devida assistência médica à mulher.
Dangui
recordou com tristeza ser aquele o dia mais difícil da sua vida, em que, após
vários gritos da esposa na rua, certas pessoas abriram as portas para lhes
prestar ajuda. Neste momento, estavam já rompidas as trompas e,
consequentemente, o fluxo do escoamento sanguíneo, o que contribuiu para a morte imediata da senhora. Ambos constituíram
uma família composta por três filhos.
Devido
à saúde débil da bebé, era obrigado a estar constantemente nos hospitais. Por
esta razão, perdeu o emprego. O viúvo cuida dos três filhos, sem contar com
qualquer apoio de pessoas próximas da família. "Para sustentar os meus meninos
de 12, sete e dois anos, faço pequenos trabalhos de montagem de caixilharia”.
Felisberto
acrescentou que cuidar sozinho dos meninos não tem sido uma tarefa fácil, mas
que não pretende afastá-los de si. "A grande preocpação nesta empreitada de ter
os meninos só comigo é memso a falta de emprego. Às vezes, consigo aguentar
esta vida, graças à prestação de alimentos vinda da parte dos vizinhos e dos
pequenos trabalhos que realizo”.
O
pai, que se identifica como batalhador, realçou que o facto do bebé carecer de
maior atenção e cuidados de saúde, por nascer abaixo do peso, tem sido um "bico
dóbra”. "É uma grande responsabilidade cuidar de filhos sem parceira, tendo em
conta que ela era mesmo o suporte na criação e educação das crianças”.
Nesta
altura em que está desempregado, Felisberto recordou que recebeu conselhos de
muitas pessoas para entregar as crianças a uma instituição de protecção de
menores ou a pessoas que queiram estar com elas, mas nunca aceitou tais
propostas, pelo amor que tem pelos seus rebentos. "Não vou fazer isso, vamos sobreviver mesmo
na base dos pequenos trabalhos que faço. É difícil, mas sem os meus filhos não
vivo”, desabafou.
Felisberto
contou que, quando trabalhava, não tinha tempo para ficar com os filhos, mas,
hoje, consegue dar banho, fazer comida e estar mais próximos deles. "Encontrei
uma forma muito significativa de mostrar aos meus filhos que estarei
sempre presente na vida deles, mesmo com a ausência da mãe”, rematou.
Há, também, os pais que não o são!
Nas ruas de Luanda, encontrámos pais portadores de deficiência que usam filhos
menores para trabalhar. As crianças pedem esmolas e, no final do dia, dão aos
pais a receita recolhida. Sobre isso, as autoridades já estão ao contrapor esta
situação, visto que muitas desses menores não têm registo ou cédulas de
nascimento.
Muitos
desses pais, depois de não suportarem o encargo de serem chefes de família,
abandonam as filhos. Por causa disso, o Tribunal de Família de Luanda registou,
de 2021 até os dois primeiros meses deste ano, mais de 19 mil casos de fuga à
paternidade, sendo 13.512 casos de autoridade paternal não reconhecida, 4.978
processos de estabelecimento de filiação e 901 de falta de prestação de
alimento.
Noutro
fórum, há casos em que certos pais, reconhecendo o mau comportamento do filho,
antecipam os destinos dos mesmos, mesmo que esse pensamento seja a morte! É o
caso de um pai que decidiu comprar já um caixão para o filho, ainda vivo,
depois de ter conhecimento que este é altamente perigoso.
Ao
programa televisivo "Fala_Angola”, da TvZimbo, o pai fez saber que tomou a
decisão antecipada de comprar uma urna para o filho ainda em vida, pelo facto
do mesmo do jovem estar associado às más práticas. "Meu filho tornou-se um
meliante, associado a malfeitores, a pessoas que roubam e matam, aqui no
Cacuaco”, lamentou desesperado.
O
pai disse que está farto de ver os agentes do SIC, perseguindo o filho, que, na
zona, é considerado como um delinquente que vem tirando o sossego de muitas
famílias de Cacuaco.
Após
informar à Polícia, que, se um dia for informado de que o filho foi encontrado
morto, em qualquer ponto de Luanda, disse que está preparado. "O meu salário,
às vezes dura três meses para cair, por isso, se ele morrer já estou prevenido
com a urna para enterrá-lo”, disse.
O referido pai, com identificação preservada, naõ quer ser apanhado de surpresa quando receber a notícia da morte do filho de quem nunca tinha pensado que fosse se tornar numa pessoa perigosa e procurada pela Polícia. O homem tem 65 anos e trabalha como segurança numa empresa privada.
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